22 de agosto de 2013

AUTOR DE CLAIRE DE LUNE, MÚSICO CLAUDE DEBUSSY É UM DOS PILARES DA MÚSICA IMPRESSIONISTA

Homenageado pelo Google, compositor francês influenciou de Tom Jobim a Miles Davis.


O aniversário de 151 anos do músico e compositor francês Claude Debussy, celebrado nesta quinta-feira (22/08) na página inicial do Google, relembra sua música mais conhecida, Clair de Lune, e homenageia um dos principais ícones do movimento impressionista entre o fim do século XIX e o início do XX, ao lado de Maurice Ravel.

Mais conhecido na pintura e arquitetura, o Impressionismo na música se baseia mais na sugestão e na criação de uma atmosfera do que na simples narrativa de uma história ou na provocação de emoções, preferindo o imaginário e fantasioso ao real. Por muitas vezes, o efeito sonoro é mais importante que a própria melodia. Debussy, no entanto, renega esse mote, chamando de “invencionice dos críticos”.

O autor

Claude Debussy nasceu no dia 22 de agosto de 1862, na cidade de Saint-Germain-en-Laye, na França. Mais velho de uma família de cinco irmãos, ela era filho de um vendedor e uma costureira. Aos nove anos de idade, o então menino já demonstrava talento como pianista.

Entre suas obras mais famosas além das já citadas estão Quarteto em sol menor (1893); Prelúdio à Tarde de um Fauno (1894); La Mer (“O Mar”, de 1905); além da ópera Pelléas et Mélisande (1902). Sua vida não teve grandes percalços, exceto quando pediu o divórcio da segunda esposa para trocá-la pela mulher de um banqueiro. A ex-mulher tenta se matar com um tiro no peito, mas sobrevive e o estouro do escândalo foi inevitável.


A principal incentivadora no início da carreira de Debussy foi Madame Maute de Fleurville. Aos 11 anos, Debussy foi mandado para o Conservatório Musical de Paris. Com 22 anos de idade, ele ganhou um prêmio de música em Roma. Vencer o famoso "Grand Prix" rendeu uma bolsa de estudos em música clássica e alavancou a carreira do músico.

Influenciado pela obra do compositor alemão Richard Wagner e do russo Piotr Tchaikovsky, Debussy teve seu nome ligado à música impressionista durante a carreira. Em 1890, ele criou "Suite Bergamasque", que, entre outras obras, incluía Claire de Lune. Foi nomeado cavaleiro da Legião de Honra francesa em 1903, homenagem máxima concedida pelo governo francês.

O músico morreu em 1918, vítima de câncer, durante o último bombardeio alemão a Paris na I Guerra Mundial. Serviu como inspiração para muitos músicos como, por exemplo, Heitor Villa-Lobos, Tom Jobim, Miles Davis, George Gershwin e Igor Stravinsky.


Nesta quinta-feira, o Doodle (grafia especial utilizada na página inicial do buscador Google) relembra o músico e a música Clair de Lune com uma cena típica de uma noite de luar em um cenário com moinhos de vento, barcos, bicicletas e carros do início do século passado.

Extraído do sítio Opera Mundi

CINEBIOGRAFIA RUSSA EVITARÁ HOMOSSEXUALIDADE DE TCHAIKOVSKY - Milton Ribeiro

Tchaikovsky: longas discussões sobre a sexualidade do autor do Lago dos Cisnes

Entre os doze longas-metragem que recentemente receberam apoio financeiro do Ministério da Cultura da Rússia está a cinebiografia Tchaikovsky, de Kirill Serebrennikov. Os doze projetos dividirão um total de 73 milhões dólares disponibilizados através do Ministério da Cultura ainda este ano. As sessões para a escolha dos filmes foram abertas ao público — uma tentativa para evitar as acusações de corrupção e nepotismo ocorridas em anos anteriores.

Como o compositor foi notoriamente gay, reinava grande curiosidade para saber como este filme patrocinado pelo Estado iria lidar com o assunto da sexualidade do compositor no momento em que a lei russa proíbe a promoção da homossexualidade. Arabov respondeu: “Eu sou contra a discussão de temas homossexuais, especialmente nas artes. (…) Eu não concordo com um filme que promova o homossexualismo. Não porque não tenha um amigo gay, mas porque esta área está fora do escopo da arte”.

E completa: “Ele realmente gostava de Bob (Vladimir Davydov, sobrinho do compositor), tanto que lhe dedicou sua última sinfonia, mas era uma relação platônica. Tchaikovsky era um homem extremamente angustiado. Existe uma lenda que colegas seus o inquiriram sobre sua consciência, usei isso no roteiro como um pesadelo de Tchaikovsky”.

O edital do Ministério da Cultura russo solicitava que os filmes fossem socialmente relevantes ou patrióticos. Porém, Arabov diz que seu roteiro tangencia tais exigências: “O patriotismo pode ser repassado através da educação artística. Quando uma pessoa aprende história russa na escola, quando aprende sobre nossa literatura e música, torna-se automaticamente um patriota. Temos períodos mais pobres, mas a literatura russa do século XIX e início do XX é saudada em todo o mundo”.

Arabov fez sua estréia no cinema como roteirista de “A Voz Solitária do Homem”, de Alexander Sokurov, em 1978. Mais tarde, tornou-se colaborador regular de Sokúrov, escrevendo o roteiro para 11 de seus filmes. Voltando à temática gay, Arabov diz ser completamente indiferente ao assunto. “O que as pessoas fazem em seus quartos não interessa à esfera pública. Essa discussão é semelhante às discussões de caráter moral na era soviética”

Uma longa discussão

A discussão sobre a vida pessoal de Tchaikovsky, especialmente sua sexualidade, talvez seja a mais extensa de qualquer compositor no século XIX e, certamente, de qualquer compositor russo de sua época. No século XX, o assunto foi apimentado pelos consideráveis esforços soviéticos para expurgar todas as referências à atração do compositor por pessoas do mesmo sexo, retratando-o como heterossexual.

Tchaikovsky permaneceu solteiro pela maior parte de sua vida. Em 1877, com a idade de 37 anos, ele se casou com uma ex-aluna, Antonina Miliukova. O casamento foi um desastre. Incompatíveis sob vários aspectos, o casal viveu junto por apenas dois meses e meio antes de Tchaikovsky deixá-la, emocionalmente esgotado e sofrendo de bloqueio criativo. A família de Tchaikovsky deu-lhe apoio durante a crise e ao longo de sua vida.

A afirmação mais corrente é que Tchaikovsky era homossexual, figurando em todas as listas ocidentais de celebridades gays. “Os relacionamentos mais íntimos do compositor eram com os homens e ele procurou a companhia de outros homens por longos períodos, associando-se abertamente e estabelecendo também relações profissionais com eles “, diz seu irmão dramaturgo Modest em sua autobiografia. Também as cartas de Tchaikovsky foram suprimidas pelos censores soviéticos.

* Com informações do izvestia.ru e do The Hollywood Reporter.

Extraído do sítio Sul21

ESCRITOR PORTUGUÊS FALA SOBRE LÓGICA ENTRE LITERATURA, CULTURA E A REALIDADE - Fernanda Regina


Foz do Iguaçu teve uma pequena mostra de como serão os 10 dias da 9ª Feira Internacional do Livro. Com casa cheia, a Fundação Cultural apresentou na noite de terça-feira (20) o lançamento do evento com a presença do escritor português Gonçalo M. Tavares.

O lançamento contou ainda com a presença de autoridades do setor cultural de das entidades envolvidas com a feira. Para a vice-prefeita de Foz, Ivone Barofaldi o evento é motivo de alegria para a administração municipal. “Teremos dez dias para apreciar livros. É uma oportunidade maravilhosa”.

Entre os diferenciais da edição 2013 da Feira do Livro é a participação de todas as universidades que existem na cidade. O assistente da direção geral da Itaipu Binacional, Paulino Motter destacou a importância da integração. “Nosso desejo é que a feira integre ainda mais as universidades de Foz do Iguaçu”. 

O presidente da Fundação Cultural de Foz, Alexandre Freire ressaltou o trabalho da coordenadora da Feira, Arinha Rocha na busca pela presença das entidades educacionais. “Estamos honrados com este lançamento. Gostaria de agradecer a equipe, que desdobrou para dar continuidade a este evento tão importante, mas também trabalhoso”, disse Freire.

Após a fala das autoridades teve início a atração especial da noite: o diálogo com escritor português Gonçalo M. Tavares, considerado pela crítica um dos principais expoentes da literatura europeia na atualidade.

A presença do autor foi promovida pela Fundação Cultural em parceria com o Instituto Polo Iguassu, dentro do projeto Diálogos da Fronteira. Na palestra Livros, Cultura e Poder, Tavares traçou um paralelo entre a sociedade e a literatura, falou sobre seus livros e a necessidade de cultura entre as pessoas.

O diálogo foi mediado pelo jornalista Mário Hélio Gomes. “Já tem quase tantos livros quanto os anos de vida. Em suas obras vemos o poder da imaginação, com a originalidade e o método na escolha dos elementos”, apontou.


A lógica entre literatura, cultura e a realidade

“Escrever bem é escrever com lucidez”. Assim respondeu o escritor português Gonçalo M. Tavares ao ser questionado sobre o que seria “escrever bem”. Durante o lançamento da 9ª edição da Feira Internacional do Livro, realizada ontem (terça, 20) no auditório da Fundação Cultural, em Foz do Iguaçu.

O autor, que já recebeu os mais importantes prêmios da literatura em língua portuguesa e foi elogiado por José Saramago, revelou que utiliza imaginação sem deixar de lado a realidade. “No século 21, não podemos escrever como se o holocausto não tivesse existido, por exemplo”.

Para ele, o consumo da cultura e a amplitude da imaginação são elementos necessários para que se compreenda os fatos sociais em que estamos inseridos, a partir do momento em que se desenvolve a inteligência. “Deveríamos ter como obrigação chegar ao final do dia sendo mais sensatos, mais inteligentes. A leitura de um bom livro é um caminho para isso”. 

Durante sua apresentação o autor leu trechos de alguns de seus livros e respondeu questionamentos da plateia. Gonçalo revelou que considera Clarice Lispector como a mais importante autora brasileira. Formado em Filosofia ele ainda, apontou como inspiração a racionalidade da Matemática – uma de suas paixões.

Extraído do sítio h2foz

21 de agosto de 2013

MORREU O ESCRITOR MIRKO KOVAC EX-IUGOSLAVO ANTINACIONALISTA


O escritor e argumentista de origem jugoslava Mirko Kovac, vítima da censura comunista e crítico dos nacionalismos, no início da dissolução da Jugoslávia, morreu na Croácia, aos 74 anos, informou hoje o seu editor croata Fraktura.

Nascido no Montenegro, Kovac viveu em Belgrado, na altura da Jugoslávia comunista. Devido às suas posições antinacionalistas em relação ao antigo presidente sérvio Slobodan Milosevic, teve de fugir da capital sérvia no início dos anos 1990.

Kovac instalou-se depois em Rovinj, na região croata de Ístria, onde será enterrado, indicou a agência France Presse.

"Um dos escritores mais talentosos da literatura jugoslava pós-moderna", segundo o diário croata Novi List, galardoado com numerosos prémios literários nos Balcãs, Mirco Kovac reivindicava a sua pertença à literatura montenegrina, como à sérvia, à croata e à bósnia.

Os seus romances e novelas foram frequentemente alvo da censura comunista e retirados das livrarias, devido ao seu lado "sombrio e ferozmente individualista".

"La vie de Malvina Trifkovic", "La ville dans le miroir" e "Le corps transparent" são algumas das obras de Kovac que foram traduzidas em várias línguas.

Extraído do sítio iOnline

PREVISÍVEL E DATADO - Nashla Dahás

Júlio Cortázar foi um dos autores extraordinários esquecidos pela Academia Sueca de Literatura. A crítica o considerava dotado de uma fórmula narrativa pouco notável.


Não havia lido uma linha sequer escrita por Julio Cortázar até bem pouco antes desta resenha. Hoje, conheço Octaedro (1974), Os Prêmios (1960) e O jogo da Amarelinha (1963); apenas três das muitas publicações de maior e menor sucesso do autor. Minha primeira impressão foi a de uma frieza mental capaz de calcular o grau de asfixia intencionalmente provocada no leitor ao longo de uma trama cujas dimensões incluem a estética literária, a viagem metafísica e a história, essas “formas superiores de boato”.


De acordo com parte importante do establishment da crítica literária argentina, Cortázar cometeu um erro imperdoável, razão pela qual ocuparia hoje apenas prateleiras secundárias nas boas livrarias. Ao escrever demais, permitiu que fosse mapeado, fez notar sua “fórmula” narrativa, quase como um homem que se torna tanto menos atraente, quanto mais se descobre. O roteiro incluiria sempre um personagem masculino que se choca com o imprevisível, o lá-fora, o desconhecido. A batida produz no sujeito uma inquietação, a intranquilidade, o trauma que o transposta a uma outra dimensão do mundo e de si mesmo. Ao fim, realidades e sujeitos transformados coexistem dentro de um mesmo contexto ou personagem, enquanto o leitor sente algo como identidade ou verossimilhança na catarse descrita. 

No conto Os passos no rastro, Fraga, o professor universitário pensa: “Mas essa imagem é bastante clara para mim? As afinidades entre Romero [o poeta a ser biografado] e eu, isso que torna fatal a escolha do assunto por parte do biógrafo, não me farão cair mais uma vez numa autobiografia disfarçada?”. Não. “... Bastaria uma atitude alerta, uma vigília dedicada à submersão na obra do poeta, para evitar qualquer transfusão indevida...”. Seguem-se pesquisa, entrevistas, leituras intermináveis, publicação, sucesso, convites, prêmios.

Até o momento da invasão, “se fosse preciso chamá-la dessa maneira, foi como algo que varreu todo seu sentido”. “O peso confuso, o vento negro se transformaram numa certeza: A Vida [biografia de Romero publicada por Fraga] era falsa, a história nada tinha a ver com o que escrevera. Sem razões, sem provas, tudo era falso. E ainda, arrastava-se a certeza que conhecera desde o primeiro momento. (...) Inútil acender outro cigarro, alegar que a excessiva dedicação a seu herói podia provocar aquela alucinação momentânea, aquela rejeição por excesso de entrega...”.

“Jamais compreenderia por que não tinha sabido antes que tudo era sabido. (...) Não quis me dar conta, não quis mostrar a verdade porque então, Romero não teria sido o personagem que me fazia falta como fizera falta a ele armar a lenda... (...) Irmãos na farsa, na mentira esperançada de uma ascensão fulgurante, irmãos na brutal queda que os fulminava e destruía. (...) Tinha escrito sua autobiografia dissimulada. Teve vontade de rir, e ao mesmo tempo pensou na pistola que guardava na escrivaninha”.

A “fórmula” bate, não só neste como em muitos outros contos, nos quais – acredito - a consciência da forma não impede o prazer do conteúdo. Não que tais elementos se prestem à separação, mas, talvez, não seja a ausência de surpresa que desanima o crítico de Cortázar, mas a dificuldade de lidar com outros parâmetros do que se entende por prazer. Neste caso, o raciocínio proposto por Slavoj Zizek a respeito dos ovos Kinder Surprise pode ajudar. O filósofo afirma que “a maioria das crianças compra ovos Kinder pela surpresa. Eles nem sempre se dão o tempo de comer o chocolate. Trata-se de uma lógica do desejo e não do consumo. Os ovos Kinder são o modelo de todos esses produtos que nos prometem alguma coisa “a mais” do que aquilo que poderíamos consumir”. E adverte: “É preciso, pois, resguardar-se ante uma mitologia que oporia nossos “verdadeiros” desejos e uma sociedade de consumo toda ocupada em aliená-los”.

Homem de quases

Desvendada a estética do escritor, quebra-se o primeiro encanto do objeto de desejo. A seguir, o que ocorre é que o leitor contemporâneo frequentemente não se permite o tempo mais longo de um deleite menos efêmero. Acostumado ao que Zizek explica como um modus operandi da sociedade atual - a corrida desenfreada pelo gozo, em que o superego deseja sempre mais -, vê em Cortázar apenas o fracasso de quem parece não se importar em ser um homem-personagens de “quases”. Ao escritor, não incomodava que o prazer durasse pouco, “a transição da felicidade para o hábito é uma das melhores armas da morte”, dizia. Alguns reclamam que deveria ter recebido o Nobel, mas não ganhou, tornou-se conhecido internacionalmente, mas nunca alcançou o patamar de Jorge Luís Borges, fez política, com a certeza, entretanto, de que “não todo homem tem nascido para ser soldado duma revolução. Pode ser um homem duma vida interior, duma timidez de caráter, que o leva a escrever exclusivamente uma obra que canta à revolução”.


“Não sirvo para ir mais longe, tentar qualquer dos caminhos que outros seguem à procura de seus mortos. A fé, ou os cogumelos, ou as metafísicas”. Trechos como esses nos levam pela boca dos seus personagens, às frustrações de homens comuns – com o que possuem de bom e mau -, jogados pelo acaso no mundo dos questionamentos, dos prazeres ilícitos, dos jogos cotidianos em que se exercita o prazer de gozar, mas também o de apenas prolongar a sensação de estar vivo. Em Manuscrito achado num bolso, por exemplo, não há gênios, tragédias ou grandes mistérios, apenas um sujeito comum, de existência pacata, que reclama tensões um pouco mais fortes, dessas armadilhas que diariamente construímos em conluio com o acaso: “Minha regra do jogo era simples, era bela, estúpida e tirânica, se eu gostava de uma mulher sentada à minha frente, se seu reflexo na janela cruzava o olhar com meu reflexo na janela... então havia jogo, dava exatamente na mesma que o sorriso fosse aceito ou respondido ou ignorado, o primeiro tempo da cerimonia não ia além disso”. “Talvez Margrit teria respondido a meu sorriso na vidraça se não houvesse de permeio tantas ideias preconcebidas, tantos não deves responder se te falarem na rua, ou te oferecem balas, e quiserem te levar ao cinema”. Mas, ao saber do jogo, Margrit não pôde “lutar contra uma máquina montada por toda uma vida a contrapelo de si mesma, da cidade, e suas palavras de ordem”.

Foi a respeitadíssima escritora argentina Beatriz Sarlo quem definiu Cortázar como autor de uma obra que não resistiu ao tempo. Em princípio, me pareceu uma crítica dura, impregnada de uma modernidade que não permite não gozar, para usar os termos de Zizek, ansiosa pela sofisticação do pensamento que rapidamente se renova. Mas, cientes de que o tempo não é linear, nem progressivo, nos damos conta de que, com seus quase dois metros de altura, o escritor argentino, nascido em Bruxelas, foi extensamente lido até meados da década de 1980. Nesse momento, palavras como “repressão”, “transgressão”, ou “interdito”, começaram a perder potência, diante das transições latino americanas de regimes ditatoriais para a “interiorização das regras”. Nos anos 90, as democracias competitivas e permissivas já se alimentam da autocensura, enquanto Cortázar começa a parecer uma obra para adolescentes. Seus jogos intelectuais estão supostamente mapeados e aquelas “coisas que apenas pensadas de repente nos entopem a garganta” já podem ser ditas livremente, justamente porque, neste caso, a liberdade tomou a aparência da banalidade, e sobre esta, vale à pena pensar? 

Ao reconhecer que já sabia que a biografia que escrevera sobre Romero era uma farsa, Fraga, o personagem de Julio Cortázar comenta: “Romero continua sendo o autor dos melhores poemas dos anos vinte. Mas os ídolos não podem ter pés de barro, e com a mesma vulgaridade meus queridos colegas vão me dizer isso amanhã”. Talvez o escritor também soubesse antes do que hoje é sabido.

Extraído do sítio Revista de História

FUNDAÇÃO CULTURAL LANÇA 9ª FEIRA INTERNACIONAL DO LIVRO DE FOZ DO IGUAÇU

A programação completa dos escritores, artistas e convidados que participarão da 9ª Feira Internacional do Livro de Foz do Iguaçu será divulgada na terça-feira (20). A apresentação acontecerá durante o lançamento oficial do encontro literário, às 19h30, na Fundação Cultural.

Ao todo, serão cerca de 150 atividades gratuitas, distribuídas ao longo de dez dias da Feira do Livro. Lançamentos de obras com autores de todas as áreas, debates e bate-papos, sessões de autógrafo, oficinas, apresentações culturais, recreação e atividades lúdicas prometem despertar a imaginação e ampliar o gosto pela leitura entre pessoas de todas as idades.

Na terça-feira, a solenidade de apresentação da Feira do Livro contará com a presença do escritor Gonçalo Tavares, considerado um dos expoentes da nova geração de escritores portugueses. Em sua vasta produção literária, contam-se mais de 30 obras publicadas e traduzidas em dezenas de países, inclusive no Brasil.

“Esta atividade em grande estilo anuncia a vasta programação que estamos preparando em conjunto com vários parceiros que têm se dedicado à organização de uma bela feira do livro”, revela Alexandre Freire, presidente da Fundação Cultural.

O lançamento da 9ª Feira Internacional do Livro será na Sala Antonio Cabral de Mendonça, reunindo artistas, escritores, livreiros, gestores públicos e a comunidade iguaçuense. A presença de Gonçalo Tavares durante o anúncio oficial da feira é uma ação conjunta da Fundação Cultural e do Instituto Polo Iguassu, com patrocínio da Itaipu Binacional.

A atividade preparativa para o evento literário iguaçuense é aberta a toda a comunidade, por meio de confirmação prévia de presença pelo telefone (45) 3521-1309.

Atrações 

Escritores e artistas brasileiros de referência nacional e internacional, autores de vários países latino-americanos, e um espaço privilegiado para debate e circulação da produção literária iguaçuense, essas serão as características da Feira Internacional do Livro de Foz do Iguaçu.

Entre as atividades e ambientes organizados estão: Feira das Letrinhas, Mostra Latino-Americana de Literatura, Arena das Ideias, Espaço das Artes, Espaço PTI Digital (com Literatura Digital, Estação de Ciência e Polo Astronômico) e Espaço da Memória – Foz do Iguaçu 100 anos.

“Estamos construindo espaços para o encontro das pessoas, permitindo que o acesso, o debate e a difusão da literatura atendam a todos os públicos, abrangendo os mais diversos gêneros e estilos”, informa Arinha Rocha, coordenadora da 9ª Feira Internacional do Livro. Tudo isso sem falar das oficinas de produção cultural.

Diálogo 

De 30 de agosto a 8 de setembro, ao longo de todos os dias, a população local e os visitantes poderão participar da vasta programação literária, artística e cultural. O espaço da feira, na Praça das Nações (praça do Mitre), na Região Central, está sendo preparado para garantir a vivência e o encontro entre os participantes do evento.

Além de estandes para a comercialização e a troca de publicações, mantidos por livrarias, editoras e sebos, as universidades da cidade serão beneficiadas com uma estrutura própria para a divulgação de projetos literários, livros e atividades com escritores ligados às instituições de ensino superior do município.

Já os estudantes das escolas da rede pública poderão contar com uma infraestrutura especial para deslocamento e participação na feira, além do vale-livro que será distribuído entre os alunos da rede municipal.

Evento 

A 9ª Feira Internacional do Livro é promovida pela Prefeitura de Foz do Iguaçu, por meio da Fundação Cultural e da Secretaria Municipal de Educação. O encontro literário tem o apoio da Itaipu Binacional, Biblioteca Pública do Paraná, Secretaria Municipal de Turismo, Núcleo de Livrarias, Parque Tecnológico Itaipu, Unila, Unifoz, Uniamérica, Cesufoz, UDC, Ceac, Colégio Bertoni e Colégio Estadual Bartolomeu Mitre.

Serviço: Lançamento da 9ª Feira Internacional do Livro - Data: 20/8 (terça-feira) - Horário: 19h30 - Local: Fundação Cultural -

Extraído do sítio Cidade Foz

LANÇAMENTO DA FEIRA DO LIVRO DE LAJEADO OCORRE NESTA QUARTA 21

Evento literário acontecerá entre os dias 8 e 13 de outubro.

Mário Pirata
O lançamento da 8ª edição da Feira do Livro de Lajeado ocorre nesta quarta-feira, 21, a partir das 8h30, no Parque Histórico. A cerimônia acontece em parceria com o Fecomércio-RS/ Sesc e Prefeitura do município.

Durante o evento, será apresentada aos convidados toda programação da feira, que tem como tema A leitura como fonte de prazer, sob a patronagem de Mario Pirata.

A 8ª Feira do Livro ocorre paralelamente ao 1º Festival Literário Infantil, realizados pelo Sesc e pela Prefeitura Municipal de Lajeado, contando com o apoio da Univates, Alivat e Rotary e o patrocínio cultural da Unimed. Este ano, o evento acontece entre os dias 08 e 13 de outubro.

Extraído do sítio Portal Gaz

20 de agosto de 2013

CRIOLO, LENINE E BARBATUQUES ABREM A PROGRAMAÇÃO CULTURAL DO BRASIL EM FRANKFURT

A partir de 23 de agosto, diversos shows darão início à programação paralela da Feira de Frankfurt, integrando a extensa agenda de homenagens ao Brasil na Alemanha.


O Brasil é o convidado de honra da Feira do Livro de Frankfurt em 2013, que acontece de 9 a 13 de outubro. E para marcar esta homenagem, uma extensa agenda cultural brasileira está programada para acontecer em diversos espaços da Alemanha, com início no próximo dia 23.

Em nota, a ministra da Cultura, Marta Suplicy disse que é uma " extraordinária oportunidade para o Brasil fortalecer sua imagem cultural na Europa”.

A estreia da programação cultural do Brasil em Frankfurt será em grande estilo, no Museumferfest (Festa dos Museus), num palco próprio, montado à margem do Rio Reno. Considerada um dos maiores festivais culturais e artísticos da Europa, a Festa atrai turistas de todas as partes do mundo.

No dia 23/08, às 20h30, uma das vozes mais representativas da música, produzida no País, estará na Estação Brasil do Museumferfest. Criolo, de São Paulo, artista da escola do rap (um dos cinco pilares fundamentais da cultura hip hop) é, também, um dos maiores responsáveis por elevar este estilo de música a um novo patamar de reconhecimento e de promover a inclusão de outros ritmos e referências musicais, como MPB, Soul, Funk e Blues.

Já no dia 24/08, às 20h00, o cantor, arranjador, letrista e, também, escritor recifense Lenine é quem dará o tom na grande festa internacional. O músico, que comemora 30 anos de carreira, certamente encantará os turistas e alemães que assistirão, ao vivo, este artista brasileiro ganhador do Grammy latino por cinco vezes. Lenine terá a companhia, no palco, do maestro holandês Martin Fondse, outro ganhador de prêmios importantes, como o Edison 2012/Jazz Nacional. A moderna orquestra dirigida pelo maestro faz uma turnê pela Europa com o projeto “The Bridge”.

O grupo de percussão corporal paulista Barbatuques, que se apresentará no dia 25/08, às 19h30, encerra as apresentações brasileiras do fim de semana.

Extensa programação

Além dos três shows, a programação cultural brasileira na Feira do Livro de Frankfurt apresenta um Brasil contemporâneo e faz um mapeamento da criação artística atual, por meio de trabalhos que mostram a diversidade regional, de linguagens, gêneros e pesquisas estéticas presentes no País.

Ao todo serão nove exposições de artes visuais/plásticas, que vão da arte contemporânea ao graffiti, da arquitetura ao designer; 10 shows musicais, que apresentam do instrumental ao rap; e 10 projetos de artes cênicas, mostrando experimentais e ousadas pesquisas nas áreas do teatro, dança, performance, vídeo arte, instalações e um ciclo de leitura de dramaturgia.

O pavilhão brasileiro da Feira do Livro terá 2.500 m2, onde serão apresentadas mais de 30 mesas sobre literatura, com a participação de mais de 70 autores convidados e inúmeras intervenções artísticas.

Já o tradicional estande coletivo, localizado no Hall 5.1, teve o espaço ampliado para 700 m2, para abrigar as mais de 150 editoras que irão expor seus livros e projetos editoriais.

Extraído do sítio O Tempo

DIVULGADA LISTA DE PATRONÁVEIS DA FEIRA DO LIVRO DE PORTO ALEGRE - Stephany Sander


Foi divulgada nesta terça-feira a lista dos dez candidatos a patrono da 59ª edição da Feira do Livro de Porto Alegre. O nome do escolhido deverá ser conhecido no início do mês de setembro.

Um dos maiores eventos literários do Rio Grande do Sul será realizado entre os dias 1º e 17 de novembro de 2013. A diretoria da Câmara Rio-Grandense do Livro, seus associados, ex-patronos e também alguns representantes da comunidade cultural votarão em apenas três dos nomes da lista de patronáveis. Só após esta primeira apuração, a entidade anunciará o nome do patrono. 

Confira a lista de patronáveis:

Airton Ortiz: Jornalista, escritor e fotógrafo, especializado no gênero Jornalismo de Aventura. Escreveu 15 livros sobre suas viagens radicais – dez de reportagens, dois de crônicas e um romance. Entre as principais obras estão "Na estrada do Everest”, “Pelos caminhos do Tibete”, ” Havana” e “Jerusalém”.

Caio Riter: Jornalista, licenciado em Letras, mestre e doutor em Literatura Brasileira. Ministra oficinas literárias de narrativa e de Literatura Infantil. No ano passado, foi patrono da Feira do Livro de Torres. Entre as principais obras estão "A cor das coisas findas", "O rapaz que não era de Liverpool" e "Coleção Historinhas Bem...".

Celso Gutfreind: Escritor e médico psiquiatra, é especialista em psiquiatria da infância e da adolescência e realizou pesquisa sobre a utilização terapêutica do conto. Publicou cerca de vinte livros, entre poesias, ensaios e literatura infantil. Entre os principais trabalhos estão "As duas análises de uma fobia em um menino de cinco anos: O pequeno Hans" e "Narrar, ser mãe, ser pai".

Cíntia Moscovich: Escritora, jornalista e mestre em Teoria Literária, também foi professora, tradutora, consultora literária, revisora e assessora de imprensa. Entre as principais obras publicadas está "O reino das cebolas", indicada ao Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro, a novela "Duas iguais - Manual de amores e equívocos assemelhados" e "Anotações durante o incêndio".

Claudia Tajes: Redatora publicitária e escritora, estreou na literatura com "Dez (Quase) Amores". Entre outras obras de destaque estão o romance "Dores, Amores & Assemelhados", "A vida sexual da mulher feia", "Louca por homem", "Só as mulheres e as baratas sobreviverão" e "Por isso eu sou vingativa". Claudia Tajes também é roteirista e em 2011 teve seu livro "Louca por homem" adaptado para uma série no canal HBO chamado "Mulher de fases". 

Fabrício Carpinejar: Poeta, jornalista, mestre em Literatura Brasileira. É autor de livros como "As Solas do Sol", "Porto Alegre e o dia em que a cidade fugiu de casa", "Cinco Marias", "O Amor Esquece de Começar", "Filhote De Cruz Credo", "Canalha!", "Diário de um Apaixonado: sintomas de um bem incurável", "Mulher perdigueira" e "Borralheiro".

David Coimbra: Escritor e jornalista, escreveu obras com temática ligada ao futebol, como "A História dos Grenais", sobre o maior clássico do futebol gaúcho, além de "Atravessando a Escuridão", reportagem sobre um mineiro de carvão torturado pela repressão durante a ditadura militar no Brasil, "Uma estação no inferno", livro de poesias, e as obras de crônicas como ""A Mulher do Centroavante", "Crônica da Selvageria Ocidental" , "Mulheres!" e "Meu Guri", sobre o filho, Bernardo.

Maria Carpi: Advogada, magistrada estatal e escritora, entre as obras publicadas estão: "Nos gerais da dor", "Desiderium Desideravi", "Vidência e acaso", "Os cantares da semente", "A migalha e a fome" e as antologias pessoais "Pequena Antologia" e "Caderno das águas". É mãe do poeta Fabrício Carpinejar.

Luís Augusto Fischer: Escritor, ensaísta, mestre e doutor em Literatura Brasileira, leciona no Instituto de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Tem publicados livros de contos, crônicas, ensaios e teoria literária. Seus maiores sucessos de vendas são o "Dicionário de Porto-Alegrês" e o "Dicionário de Palavras e Expressões Estrangeiras". Outra obra de destaque é a novela "Quatro Negros". É um dos organizadores do Sarau Elétrico, evento que acontece todas as noites de terça-feira no Bar Ocidente, em Porto Alegre.

Francisco Pereira Rodrigues: Advogado, contista, poeta e escritor, com diversas obras editadas, celebrou um século de vida neste ano. Foi presidente da Estância da Poesia Crioula e da Academia Rio-grandense de Letras, além de participar de entidades voltadas à cultura literária com ênfase aos costumes regionalistas do gaúcho. Entre as suas obras estão "Cincerros de Sol", "Quintilhas do Meu Tear", "Governicho e a Revolução Federalista", "Um Pedaço do Rio Grande", entre outros. Foi presidente da Estância da Poesia Crioula no período de 1988 a 1989 e da Academia Rio-grandense de Letras no período de 1990 a 1996.

* Publicado originalmente no jornal Correio do Povo.

Extraído do sítio Portal Vitrine

19 de agosto de 2013

ESTADO TOMA PRÉDIO DO MEMORIAL COLUNA PRESTES DE SANTO ANGELO


A secretaria estadual de Cultura tombou o prédio do Memorial da Coluna Prestes, que funciona na antiga estação férrea, como Patrimônio Histórico do Rio Grande do Sul. A decisão foi publicada no Diário Oficial do Estado, na terça-feira, 16.

Com essa medida, a prefeitura de Santo Ângelo poderá desenvolver projetos para captar recursos junto ao Governo do Estado, visando melhorias e restauração das instalações do Memorial Coluna Prestes. A decisão foi tomada em cima de parecer feito pelo Iphae/Sedac no dia 19 de dezembro de 2012, quando estiveram em Santo Ângelo. Na época o Iphae manteve contato com a Prefeitura.

Tombamento

O tombamento não se restringe ao prédio da antiga estação férrea, mas também à área circundante como a vegetação existente no local, a casa da guarda, os vagões estacionados no terreno da estação e o Monumento Coluna Invicta.

Secretaria de Cultura

O secretário municipal de Cultura, Mário Simon, conta que há 20 dias foi contatado pelo Estado que comunicou a intenção de tombar o prédio, mas antes procurou saber a posição do município. “Depois do comunicado levei a informação ao prefeito Valdir Andres, que aprovou a ideia”, revelou.

Simon diz que é bem-vinda essa decisão do Governo do Estado, tendo em vista a importância histórica do prédio da Estação Férrea de Santo Ângelo. “Sem dúvida é um reconhecimento que vai contribuir para que mais prédios históricos sejam tombados em Santo Ângelo”, frisa.

Quem também aprovou a iniciativa da secretaria estadual de Cultura foi a representante da Oscip Defender, Juliani Borchardt, que é bacharela em Administração em Turismo e faz mestrado em Memória Social e Patrimônio Cultural na Universidade Federal de Pelotas. “A medida é uma valorização deste prédio que passa a fazer parte do patrimônio histórico do Estado”, observa.

Estação férrea

A estação férrea de Santo Ângelo foi inaugurada em 16 de outubro de 1921. Preservada e restaurada pelo município passou a abrigar o “Memorial Coluna Prestes”, primeiro no país a homenagear a Marcha promovida pelo líder revolucionário, Luiz Carlos Prestes. No local aconteceram as primeiras reuniões do movimento. No prédio também abriga o Museu Ferroviário de Santo Ângelo e o Monumento “A Coluna Invicta” do artista carioca Maurício Bentes.

* Publicado originalmente no Jornal das Missões.

Extraído do sítio Rádio Progresso de Ijuí

QUADROS E POESIAS DE ARTISTAS FAMOSOS SÃO EXPOSTOS EM BRASÍLIA


Brasília - A Exposição Narrativas Poéticas, apresentada pela coleção Santander Brasil, está na capital federal e pode ser vista até o dia 29 de setembro, no Museu Nacional da República. A mostra ao público tem o objetivo de estabelecer um diálogo entre a produção de artes plástica e a poesia brasileiras na visão dos curadores Helena Severo, Antonio Cícero, Eucanaã Ferraz e Franklin Espath Pedroso.

Foram selecionadas para a exposição 83 peças de 49 artistas como os pintores Candido Portinari, Emiliano Di Cavalcante, Ivan Serpa, Iberê Camargo além da exibição de trechos de poemas de Manuel Bandeira, Murilo Mendes, João Cabral de Melo Neto, Carlos Drummond de Andrade, Vinicius de Moraes, Mário Quintana, entre outros.

De acordo com o mediador Wan Senna um dos objetivos é mostrar um recorte do grande acervo de obras do banco. “A exposição não está separada em movimento, ele é uma exposição livre pela galeria, a ideia é mostrar os acervos que muitas vezes não está acessível a todos e divulgar um pouco da cultura a essas pessoas”, disse.


A bibliotecária Nancy Marcondes Pinheiro, de Belo Horizonte, está a passeio em Brasília e foi conferir a exposição. “Essa exposição é muito interessante, adorei a ideia da gravação focada no chão com os poemas, o lugar é muito agradável, esta de parabéns quem bolou essa ideia toda”, relatou a bibliotecária.

Quem for visitar a exposição poderá participar de oficinas da Produção de Poema Haicai, uma poesia de origem japonesa que constitui de dois elementos: concisão e objetividade. E dinâmicas baseadas na imagem. A coleção recebe por dia cerca de 600 visitantes e a estimativa é que no fim de semana esse número aumente para 2 mil pessoas.

Os interessados em participar das oficinas, pode fazer o agendamento com Lua Bueno Cyriaco, supervisora do educativo no telefone (61) 9616 6070.

Extraído do sítio Agência Brasil

ESTUDO MOSTRA QUE CAFÉ TEM EFEITO ANTIOXIDANTE E PODE PREVENIR DOENÇAS - Flávia Albuquerque


São Paulo – Um estudo feito por pesquisadores da Unidade de Pesquisa Café e Coração, do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), mostrou que os consumidores regulares de café têm melhor atividade antioxidante no organismo e melhor desempenho em exercícios físicos. Além disso, o produto pode prevenir doenças.

Nos testes de esteira, os consumidores de café tiveram melhor performance atlética e maior tempo de exercício. O resultado foi verificado também nos pacientes coronariopatas, que não apresentaram nenhum evento cardíaco adverso, como angina ou arritmias.

Segundo o diretor da Unidade Clínica de Coronariopatia Crônica do InCor, Luiz Antonio Machado César, o estudo analisou 150 consumidores de café nos últimos cinco anos e continua a ser feito em outras frentes. Foi avaliado o consumo tanto por pessoas saudáveis como em portadoras de doenças cardíacas.

O médico disse que os voluntários passaram três semanas diminuindo o consumo de café ou de outras bebidas com cafeína, até ficarem uma semana sem tomar nada. “Nesse momento, fizemos vários exames, monitoramos a pressão arterial, fizemos eletrocardiograma durante 24 horas e finalizamos com um teste na esteira”.

Depois disso, os voluntários receberam uma cafeteira, filtros e foram orientados sobre como fazer o café que beberiam durante quatro semanas - 450 mililitros por dia, cerca de sete xícaras e meia. O tipo de café a ser tomado, com uma torra mais clara ou mais escura, era sorteado.

“Assim, fomos alternando o tipo de café a cada quatro semanas do teste e a cada mês repetíamos todos os exames, comparando que aconteceu com relação às torras que todos tomaram. O que pudemos observar é que não houve nenhum impacto com relação à arritmia, na variação dos exames de sangue”.

Machado explicou que a pesquisa foi feita devido à controvérsia que existe sobre o café fazer bem ou mal e sobre a cafeína ser uma vilã da saúde, apesar de o café não ser só cafeína e sim ser composto por mais de 400 substâncias diferentes. “Há vários estudos mais recentes no mundo que mostram que o café não tem impacto em doentes cardiovasculares. Há outros estudos mostrando que o café está dentro da qualificação dos antioxidantes, prevenindo doenças ou reduzindo seus efeitos”.

O médico ressaltou que não há problemas em tomar de três a quatro xícaras de café ao longo do dia, mas que não é recomendável beber o líquido em excesso de uma vez, só devido à cafeína. “Ao beber muito café, de uma vez, só o indivíduo ingerirá muita cafeína de uma vez só e isso é maléfico, mas o café como o brasileiro está acostumado não faz mal nenhum”.

Os estudos são feitos na Unidade de Pesquisa Café e Coração, do InCor, com a colaboração da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Associação Brasileira das Indústrias de Café (Abic). Os testes também deverão ser feitos com café do tipo expresso e com café descafeinado.

Extraído do sítio Agência Brasil

OS GATOS QUE CAÇAM OS RATOS DO HERMITAGE AGORA SÃO ESTRELAS DA CORTE IMPERIAL RUSSA

Já tinham pinturas, livros e um dia em sua honra. Agora foram retratados com roupas de época para a revista de um dos museus mais antigos e importantes do mundo.

O gato Kuzma veste as roupas do Empregado da Corte do Hermitage

O Museu Hermitage arranjou mais uma forma de celebrar os seus gatos, personagens secundárias na história centenária de um dos maiores museus do mundo, mas guardiões essenciais da integridade das suas obras de arte perante a ameaça dos ratos que vivem no edifício. A Hermitage Magazine publicou pinturas digitais de seis dos gatos do Palácio de Inverno. Nestes retratos de Eldar Zakirov, os felinos assumem o papel de empregados da corte imperial russa.

Serão cerca de 70 os felinos que trabalham todos os dias no museu russo entre 2000 funcionários humanos. A série de seis retratos digitais comissariada pela Hermitage Magazine é apenas a mais recente homenagem ao papel dos gatos no palácio: a imperatriz Isabel I viu neles uma boa maneira de proteger as obras de arte das pragas de ratos e ratazanas. Até hoje, os gatos continuam a ter essa função no Hermitage e têm até um dia que lhes é dedicado, 27 de Março. “Os gatos tornaram-se uma parte muito importante da vida do Hermitage e uma das suas lendas mais significativas”, disse em 2010 o director do museu Mikhail Piotrovsky a propósito do dia dos gatos do Hermitage, em que os visitantes são convidados a conhecer estes guardiões felinos.

A série Hermitage Cats é da autoria de Eldar Zakirov, um artista plástico de 30 anos a viver no Uzebaquistão cujo site mostra as suas experiências com a arte digital no retrato de humanos, do fantástico ou de... yorkshire terriers. A revista do museu fez-lhe uma encomenda inédita: “Esta é a primeira vez que [os gatos do Hermitage] são representados desta maneira, na tradição do retrato holandês”, disse Zorina Myskova, editora da revista, aoNew York Times.

Os seis gatos (parte de um grupo que é mais extenso) foram seleccionados pela encarregada dos gatos do museu de São Petersburgo, Maria Haltunen, que já escreveu o livro para criançasHermitage Cats save the day, mais tarde convertido em musical infantil ao som do jazz de Chris Brubeck. As roupas que os felinos envergam nas imagens foram também criteriosamente escolhidas pelo curador do museu da secção de traje russo.

Neste conjunto de imagens, o gato que é conhecido pelos corredores do Hermitage como Kuzma ganhou o título de "Empregado da Corte do Hermitage". Há ainda o "Mensageiro da Corte" ou o "Aprendiz de Confeiteiro", entre outros títulos. Inspirado nas técnicas de retratistas russos do século XVIII e XIX, como Orest Kiprensky ou Ilya Repin, Eldar Zakirov disse ao New York Times que se tentou manter o mais próximo possível da verdadeira identidade destes animais, notando “as suas características individuais: as manchas do seu focinho, a forma das orelhas, o comprimento do pêlo”. 


Nas redes sociais e na web em geral, as imagens e vídeos de gatos costumam ser razão para muitas partilhas e estas pinturas digitais de gatos aperaltados já estão a percorrer esse caminho. Ao New York Times, Zakirov disse que a partir deste trabalho já está a receber convites para retratar outros gatos e acrescenta que “esta ideia vai ter continuidade”, apontando para a possibilidade destes trabalhos não ficarem pelas páginas da Hermitage Magazine.

Extraído do sítio Público.pt

FAZENDA DOS CAYRES: O ELO PERDIDO DA VINICULTURA PORTUGUESA NO BRASIL? - Rogerio Ruschel

Arqueólogos encontraram resquícios de uma fábrica de vinhos artesanais da primeira metade do século XX no sítio arqueológico Chácara Cayres, no município de São Bernardo do Campo, distante 20 quilômetros de São Paulo. O proprietário Aurélio Fonseca Fernandes Cayres, português dos quatro costados, utilizava a chácara para lazer familiar, mas produzia uva e vinho com tecnologias importadas: experiência portuguesa, barris de carvalho franceses, rolhas do Alentejo e garrafas europeias de grés. De acordo com os arqueólogos, a adega mostra resquícios de ter possuído até 32 barris e quatro tonéis e os vinhos produzidos poderiam ser - pelo menos na intenção - do tipo "Douro" e também o famoso "Vinho Verde" português. Seria o elo perdido da vinicultura portuguesa no Brasil?

Se você pensa que foram os italianos que "inventaram" a vinicultura no Brasil, anote: foram os portugueses. Os portugueses tinham tudo para serem os grandes produtores de vinho em nosso país, até porque têm grande experiência - se produz e consome vinho em Portugal há pelo menos 2.500 anos. E são grandes consumidores: nas treze caravelas que partiram de Portugal com Pedro Alvares Cabral e chegaram ao Brasil em 1500, estavam pelo menos 65 mil litros de vinho para consumo dos marinheiros!

E também foram os portugueses que introduziram a uva em nosso país; considera-se o donatário da Capitania de São Vicente, o português Martim Afonso de Sousa, em 1532, o primeiro vinicultor em terras brasileiras, ao plantar videiras vindas da Ilha da Madeira no litoral paulista - infelizmente com pouco sucesso devido às condições climáticas. Então, optaram por cultivar cana de açúcar, especialmente no Nordeste, com mão de obra escrava, não só porque existia grande mercado internacional para o açúcar e porque a cachaça era muito bem vinda nos eventos sociais, mas também por questões de estratégia de política interna. É que para garantir a comercialização de seu vinho para o Brasil e evitar uma eventual concorrência, Portugal proibiu a fabricação de vinhos na colônia entre 1789 até 1808, ano da transferência da coroa portuguesa para o Brasil. Isso permitiu que muitos nobres ficassem ricos exportando enormes toneis de vinho português para o Brasil.

Hoje pode-se considerar essa decisão um erro estratégico, mas como saber que o Novo Mundo poderia se tornar um grande produtor mundial de vinho nos idos de 1780? Como registro histórico deve-se dizer que desde 1650 os jesuítas produziam vinhos no Brasil, na região sul do país (e também nas Missões Jesuíticas de países do atual Mercosul), mas basicamente para consumo religioso. Mas foi isso que aconteceu: os italianos assumiram a liderança da produção de vinhos em terras tropicais a partir de 1870, mesmo tendo chegado ao Brasil mais de três séculos depois dos portugueses. Junto com a uva e o vinho os italianos trouxeram seu idioma, cultura, música e jeito de ser que caracterizam regiões do Brasil, especialmente a cidade de São Paulo e a Serra Gaúcha, onde em Caxias do Sul é comemorada a Festa da Uva (na foto, as rainhas e princesas da festa, em 1934).

Se a família Cayres tivesse continuado o trabalho do Sr. Aurélio depois de sua morte, talvez hoje pudéssemos ter um pequeno e charmoso vinhedo português na Grande São Paulo, algo assim como o pequeno e badalado vinhedo "Clos de Montmartre", no bairro boêmio e vizinho da igreja Sacre Couer, em Paris, com míseros 1.556 m², "engolido" pelo crescimento da capital francesa e que hoje gera receita e prestígio para a Prefeitura de Paris.

Mas o pequeno e simpático vinhedo português perdido no tempo, na memória dos brasileiros e portugueses e na poeira do progresso da gigantesca metrópole urbana teria uma grande vantagem: estaria ao largo da Via Anchieta, uma rodovia que recebe milhares de veículos por dia em direção ao mais importante porto brasileiro e a algumas das mais concorridas praias do Brasil. Já pensou na oportunidade turística disso?

Divulgação | In Vino Viajas
Rogério Ruschel é enófilo, jornalista, professor universitário, viajante inveterado e aprecia muito - mas muito mesmo - vinhos portugueses. Edita o blog In Vino Viajas sobre enoturismo e turismo de qualidade.

18 de agosto de 2013

AULAS DE CORTÁZAR EM UNIVERSIDADE DOS EUA VIRAM LIVRO SOBRE HISTÓRIA DA AMÉRICA LATINA - Aline Gatto Boueri

Transcrição de curso dado pelo autor traz histórias da Revolução Cubana e de ditaduras militares na região.

Entre outubro e novembro de 1980, quatro anos antes de sua morte aos 70 anos, o argentino nascido em Bruxelas, Julio Cortázar, ditou oito aulas de literatura na Universidade de Berkeley, Estados Unidos. A Argentina, onde viveu até 1951, atravessava o quarto ano de uma ditadura militar que desapareceu com 30 mil pessoas e, em outros países da América Latina, militantes, intelectuais e artistas lutavam ou se exilavam contra regimes autoritários similares.


O curso conduzido por Cortázar em Berkeley, transcrito no livro Clases de Literatura, lançado na última semana em Buenos Aires pela editora Alfaguara, é um diálogo político sobre literatura com os estudantes do Departamento de Espanhol e Português da universidade.

Cortázar pontua na primeira exposição três etapas de sua produção literária: estética, metafísica e histórica, que é a que ele diz viver naquele momento devido ao contexto político da América Latina. No entanto, quando expõe e analisa suas inquietações sobre as fases estética e metafísica, também se posiciona politicamente em relação à sua obra e resgata as condições de produção como ponto de partida para uma análise crítica de seus contos.

“Pertenço a uma geração de argentinos surgida quase em sua totalidade da classe média em Buenos Aires (…) jovens argentinos profundamente estetizantes”, se apresenta. Cortázar conta que, entre seus pares, quando analisavam a Guerra Civil Espanhola ou a Segunda Guerra Mundial, a posição política não aparecia na produção literária. “Nunca percebemos que a função de um escritor (…) deveria ir muito além do mero comentário ou mera simpatia por um grupo de combatentes.”

A etapa que o autor chama de metafísica se projeta a partir do romance Os prêmios (1960) e coincide com sua primeira visita à Cuba depois da revolução, quando esteve no país em 1961 como membro do júri da recém-fundada Casa das Américas, que foi fundamental para o pensamento latino-americano de esquerda a partir dos anos 1960.

Cuba

Em 1959 emerge em Cuba uma experiência revolucionária sem a qual não seria mais possível pensar a política na América Latina e no mundo. De fato, Cortázar menciona o impacto da Revolução Cubana em sua obra e nos processos políticos latino-americanos várias vezes, em 1980, na universidade norte-americana.

“Quando voltei à França trazia comigo uma experiência que me tinha sido completamente alheia: durante quase dois meses não estive metido com meus grupo de amigos (…) estive me misturando cotidianamente com um povo que nesse momento se debatia diante das piores dificuldades (…) que se via preso a um bloqueio impiedoso e que, no entanto, lutava para seguir adiante com essa auto definição que havia dado a si próprio pela via da revolução”, diz.

Os personagens -- “gente profundamente preocupada por questões de tipo individual” -- de O jogo da amarelinha (1963), ao qual Cortázar dedica parte de duas aulas e vários comentários ao longo das outras seis, são uma expressão dessa “fase metafísica”. Para falar de seu processo de criação no livro, Cortázar conta que as questões filosóficas “tratadas de maneira muito amadora, muito existencial”, refletem também suas vivências dos primeiros anos em Paris e a nostalgia de Buenos Aires.

Cortázar é fotografado em protesto contra a ditadura na Argentina realizado em Paris, cidade onde viveu por alguns anos

Nesse ponto, Cortázar expõe em aula não apenas o que havia proposto, mas realizado com O jogo da amarelinha: que para narrar na e a revolução era preciso também revolucionar a linguagem. E faz uma crítica orgânica, como intelectual que participa de um processo revolucionário, à dificuldade de transmitir a mensagem em novos termos, que precisam ser inventados. E, mais uma vez de volta à Cuba, afirma que “é preciso também fazer [revoluções] na estrutura mental das pessoas que vão viver e aproveitar essa revolução.”

O sentido revolucionário da escrita para Cortázar não significa o abandono da preocupação literária. Em resposta ao questionamento de uma aluna, defende que um escritor deve ter o direito também de cumprir “uma tarefa de literatura pela própria literatura” e celebra que “cada dia é mais frequente na América Latina que os escritores de ficção, para quem o mundo é uma chamada contínua de toda liberdade temática, dediquem uma parte crescente de sua obra a misturar suas qualidades literárias com um conteúdo que se refere às lutas e ao destino de seus povos”.

Outro estudante pergunta se Che Guevara havia lido seu conto Reunião, do livro Todos os fogos o fogo (1966). No trabalho, ele dá sua versão inspirada em um texto do próprio Che, em uma primeira pessoa atribuída ao médico revolucionário argentino, sobre o desembarque do navio Granma nas costas cubanas em 1956 e os primeiros combates da guerrilha que derrocou a ditadura de Fulgencio Batista. Cortázar responde que havia sido informado de que sim e aproveita para compartilhar a história, mas também para conduzir uma exposição sobre os elementos fantásticos e a narração da história.

A etapa histórica de sua obra, que ele admite que, assim como as outras, esteve presente em diferentes momentos de sua produção literária, já se projeta, ainda que Cortázar defina os anos 1970 como o período em que sua literatura se compromete com mais força aos processos históricos latino-americanos.

O livro de Manuel, escrito entre 1971 e 1972, publicado em Buenos Aires em 1973, talvez seja a maior expressão desse momento. Na sétima e penúltima aula que ditou em Berkeley, Cortázar descreve seu processo de "despertar" após retornar de Cuba depois da visita em 1961 – quando O jogo da amarelinha já estava escrito – e sua transição nos anos seguintes “de um mundo estetizante e sobretudo excessivamente individualista a uma tomada de consciência que podemos chamar de histórica.”

Cortázar critica sua própria obra e se posiciona politicamente sem perder a ternura. É capaz de relatar com humor e respeito uma conversa de 1962 com Fidel Castro e outros escritos latino-americanos em Havana ou de falar de como a dimensão lúdica da literatura é importante em processos revolucionários. Um aluno que pergunta sobre a importância de Histórias de Cronópios e de Famas(1962) ouve sobre como um grupo de revolucionários pediu para vê-lo em Havana em 1964 apenas para informá-lo de que nos intervalos da luta adoravam ler suas histórias de cronópios.

Ditaduras militares

Cortázar conta aos alunos de sua experiência no Tribunal Bertrand Russel II, em Roma e Bruxelas, onde recolheu depoimentos de vítimas de ditaduras militares na América Latina. Na ocasião, ele diz ter sido influenciado por essas histórias e por recortes de jornais e telegramas que recebia na Europa de amigos que viviam a repressão política em países sul-americanos. Naquele momento a Argentina estava sob comando do general Lanusse (1971-1973), o último dos três militares que ocuparam sucessivamente a Casa Rosada depois do golpe de 1966 e que Cortázar acusa frente ao auditório de ter “sistematizado a tortura” no país.

Cortázar lê trecho de "O jogo da amarelinha":



O livro de Manuel é a expressão literária desse momento político de Cortázar, como ele faz questão de esclarecer a seus alunos em Berkeley. Lembra também que tanto os leitores de direita, que o apreciavam por sua produção desvinculada de temas políticos, como os da esquerda, rejeitaram em alguma medida a obra. Os primeiros porque sua política “era contrária à deles” e os outros porque consideravam que “o livro não tinha seriedade suficiente.”

Quando Cortázar esteve em Berkeley, as ditaduras militares da América do Sul ainda impediam que houvesse uma comunicação detalhada com o exterior sobre o que se passava na região. O escritor argentino, que estava impedido de entrar em seu país, conta aos alunos sobre um caso de censura do seu conto Segunda vez, escrito em 1974, que relata um desaparecimento em Buenos Aires sem fazer qualquer menção explícita à política argentina.

Na quarta aula uma aluna evoca a “Teoria dos dois Demônios”, como ficou conhecida na Argentina a alegação de que o terrorismo de Estado poderia ser encarado da mesma forma que a luta armada em termos de violência política, e pergunta se essa violência não seria fruto de uma impossibilidade de encontrar “uma solução racional” para os conflitos na América Latina. Cortázar então cita o bispo brasileiro Dom Hélder Câmara e o arcebispo salvadorenho Monsenhor Romero. "Um povo oprimido, subjugado, assassinado e torturado tem o direito moral de se levantar em armas contra seus opressores", afirma o argentino.

Sem defender abertamente a guerrilha, o escritor conduz os alunos a uma reflexão sobre o processo político na América Latina a partir dos episódios de violência política. Entre alguns contos e trechos de romances escolhidos para ler em sala de aula, Cortázar faz uma apresentação do conto Apocalipse de Solentiname, (1977), que escreveu durante o regime de Somoza na Nicarágua e depois integraNicarágua tão violentamente doce (1983), que reúne textos sobre a revolução sandinista.

Em oito aulas, Julio Cortázar levou sua revolução – estética, literária, política – aos Estados Unidos em meio à Guerra Fria.

Extraído do sítio Opera Mundi