4 de outubro de 2013

FUMAR PODE TORNAR AS PESSOAS MAIS INFELIZES, DIZ PESQUISA BRASILEIRA

Os resultados da pesquisa são importantes para orientar os especialistas na conduta com os pacientes que querem deixar de fumar.


Porto Alegre - Uma das dificuldades em largar o fumo é a insegurança de não ter mais disponível a ‘bengala de apoio’ que o cigarro representa, principalmente nos momentos de ansiedade, nervosismo e depressão. Entretanto, investigações recentes apontam que essa explicação pode ser uma falácia e o fumo torna a pessoa mais infeliz.

“Investigações recentes apontam que essa explicação possa ser uma falácia e que, em geral, o fumo torna a pessoa mais infeliz que os demais”, diz o pneumologista José Miguel Chatkin, coordenador do estudo.

Estudo feito com 1.021 pacientes do Ambulatório de Cessação do Tabagismo do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) reforça a noção mais recente de que usar o tabaco como automedicação (ansiolítico e antidepressivo), por exemplo, talvez seja um mito.

“Passada a turbulência inicial dos primeiros dias ou semanas logo após a cessação do tabagismo, o que se detectou é que o ex-fumante se torna mais feliz do que o que permanece fumando. O uso não frequente até melhora o humor, mas a longo prazo leva à depressão”, afirma Chatkin.

Em um escore que mede o grau de depressão, o grupo de fumantes, em média, atinge 50% mais pontos do que quem nunca fumou ou largou o cigarro. Não houve diferenças significativas entre homens e mulheres. Mesmo mais suscetíveis à depressão, elas se recuperam da mesma forma que eles.

Os resultados da pesquisa são importantes para orientar os especialistas na conduta com os pacientes que querem deixar de fumar. “Alertamos sobre os benefícios emocionais da abstinência em longo prazo, ao invés de valorizarmos a ideia de que o cigarro funciona como antidepressivo, pois, em verdade, trata-se de um forte agente depressor do humor”, diz o médico. As dificuldades iniciais ao deixar o cigarro se relacionam à síndrome de abstinência, semelhante à que ocorre com qualquer usuário de álcool, crack, cocaína e outras drogas.

“Nessa fase do processo de cessação, os sintomas podem ser perda de interesse por suas atividades, cansaço, falta de apetite e sentimento de inutilidade, sudorese, palpitações e insônia, que são variáveis em intensidade de paciente a paciente”, diz o especialista.

Entre os pacientes da pesquisa, os casos de depressão de maior intensidade foram mais frequentes entre os que fumavam mais cigarros por dia, por mais anos e os que tinham maior dependência à nicotina.

Chatkin admite que existe dúvida se a melhora no humor com a passagem do tempo e êxito na cessação do tabagismo se deva ao fato de a pessoa se sentir vitoriosa por ter vencido o vício de fumar. “Pode ser que o cérebro esteja funcionando melhor, com eventual liberação de substâncias que tenham essa ação”, afirma. O estudo, que fez parte da tese de doutorado da bióloga Vanessa dos Santos, foi publicado no ‘British Journal of Psychiatry’.

Campanhas ajudaram 200 mil a largarem o cigarro

Estudo realizado nos Estados Unidos sugere que campanhas antifumo tiveram efeito positivo na população e que ajudaram 200 mil pessoas a abandonarem o vício em 2012, de acordo com dados de autoridades sanitárias do país.

Segundo o Centro para o Controle e a Prevenção de Doenças (CDC), cerca de 1,6 milhão de fumantes tentaram deixar o vício do cigarro, mais de 200 mil conseguiram abandoná-lo e mais de 100 mil viraram não fumantes permanentes após verem os anúncios publicitários ‘Conselhos de ex-fumantes’, uma campanha da agência federal.

Realizada entre 19 de março e 10 de junho de 2012, foi a primeira iniciativa paga pelo governo dos EUA para convencer o maior número possível de pessoas a parar de fumar, considerada a principal causa de morte evitável.

Ainda segundo a investigação científica, 80% dos fumantes e 75% dos não fumantes viram a campanha. As ligações telefônicas a números especiais para pedir aconselhamento dobraram durante a campanha e as visitas a sites na internet, dedicados ao tema quintuplicaram em comparação com o mesmo período do ano passado, destacou o estudo.

A campanha, que custou US$ 54 milhões, “é uma resposta importante aos US$ 8 milhões que a indústria do tabaco gasta todo ano para tornar atraente o consumo de cigarros”, destacou o comunicado.

Quase um em cinco adultos nos EUA fuma. Mais de 1.200 pessoas morrem por dia e 440 mil ao ano por efeitos do tabaco. O custo das doenças relacionadas ao tabaco é equivalente a US$ 96 bilhões anuais em cuidados com a saúde e US$ 97 bilhões em perdas de produtividade, segundo o CDC.

Extraído do sítio D24am

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Os comentários serão moderados. Não serão mais publicados os de anônimos.