2 de outubro de 2013

FEIRA DE FRANKFURT NEGA RACISMO EM LISTA DE BRASILEIROS


RIO - A pouco mais de uma semana da abertura da Feira do Livro de Frankfurt, que neste ano homenageia o Brasil, o alemão Jürgen Boos, presidente do evento, negou, em coletiva de imprensa realizada na última sexta-feira, os boatos de que critérios racistas foram utilizados na seleção dos escritores que o Brasil levará à feira.

Há cerca de um mês, o jornal alemão "Süddeutsche Zeitung" publicou uma matéria destacando que, entre os 70 autores chamados a representar o Brasil na Alemanha, só um é negro - o carioca Paulo Lins - e apenas um descende de índios - o paraense Daniel Munduruku. Segundo a publicação, a escolha definitiva não mostraria a amplitude da produção literária brasileira. Mas Boos rejeitou essa afirmação com veemência:

- Com toda certeza não houve racismo - disse ele. - Não tem nada a ver com o Brasil ou com as minorias. Quando é feita uma seleção, é natural que alguns fiquem de fora.

A polêmica suscitada pelo jornal encontra eco, no entanto, no fato de que, em 2012, quando a feira tinha a Nova Zelândia como homenageado, foi adotado um critério de proporcionalidade étnica na composição do time de escritores que iriam ao evento.

- No ano passado, houve uma grande presença maori. Mas esse é um dos grandes grupos étnicos da Nova Zelândia, e o país tem tradição de proporcionalidade - explicou Boos. - Não sei quantas centenas de etnias há no Brasil. Mas há outros critérios, como o reconhecimento que o autor tem no país, se ele já foi traduzido, o que é importante, e a forma como ele representa a nação, a língua. Sempre há os que são deixados de fora, mas isso não é racismo.

Critérios de reconhecimento

Anunciada em março, a lista dos 70 escritores que estarão em Frankfurt entre os dias 9 e 13 é resultado de uma curadoria do jornalista Manuel da Costa Pinto com Maria Antonieta Cunha, diretora de Livro, Leitura e Literatura da Fundação Biblioteca Nacional, e Antonio Martinelli, coordenador de programação do Sesc São Paulo. E Costa Pinto diz que o critério central de escolha foi a relevância dos autores no meio editorial brasileiro.

- Paulo Lins, autor de "Cidade de Deus", teria que estar presente na feira independentemente de sua cor. Nossa curadoria não se rendeu a critérios extraliterários. Não usamos cotas. E é importante frisar que negros e indígenas estarão sim representados lá com ao menos um autor.

Mas essa polêmica não é a única em torno da participação do Brasil no maior evento mundial do mercado livreiro. Há duas semanas, o consulado brasileiro em Frankfurt abriu três licitações para contratar serviços básicos como hospedagem para a delegação, produção executiva para 26 eventos e ainda assessoria de imprensa na Europa. A demora em fechar questões como essas dariam sinais de que o Brasil chegaria atrasado na organização da feira. Na época, o Ministério da Cultura afirmou que o atraso não prejudicaria a presença brasileira, que conta com um orçamento total de R$ 18,9 milhões.

Extraído do sítio Yahoo!

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