5 de setembro de 2013

O LIVRO NA RÚSSIA E NO BRASIL - Alexei Lazarev

© Voz da Rússia

Na véspera da Bienal do Livro do Rio de Janeiro, o nosso correspondente no Brasil entrevistou Sônia Machado Jardim, presidenta do Sindicato Nacional de Editores de Livros.

Quanto mais observo o andamento das coisas no Brasil e o comparo com acontecimentos na Rússia, mais fico assombrado com a semelhança do desenvolvimento de ambos os países, até em pequenos detalhes que também são muito importantes. Neste caso vou me referir aos livros, ou seja, aos dois eventos grandiosos de feiras do livro que acontecem em paralelo no Rio de Janeiro e em Moscou. Em Moscou é a Exposição-Feira Internacional do Livro e no Rio é a Bienal. Em Moscou este evento anual começou em 1977 e agora se realiza a sua 26ª edição. Para saber como é no Rio, entrevistamos a Srª Sônia Machado Jardim, presidenta do Sindicato Nacional de Editores de Livros, organizador da Bienal. Como é natural, a minha primeira pergunta foi:

Já conhece Moscou? Esteve na Feira Internacional do Livro de Moscou?

– Infelizmente, não conheço a Rússia, mas tenho muita vontade de ir.

É que em 4 de setembro, agora, vai se inaugurar a Feira Internacional do Livro em Moscou. Já será a 26ª edição.

– Que beleza! Que bom! Que pena que não posso estar lá.

Da próxima vez. O ano que vem, já que não haverá Bienal, estará livre para a senhora, então, poderá passar por Moscou. Posso fazer os arranjos.

– E será em Moscou?

Em setembro! Praticamente, serão cinco dias: de 4 a 9 de setembro.

E neste ponto mudamos os papéis: e eu comecei a ser entrevistado.

– E como é a Feira? É uma feira para público ou é uma feira profissional?

Para profissionais e para público também. Ocupa um enorme pavilhão em Moscou, igual ao Rio Centro, só que não fica tão longe lá em Moscou.

– Aqui é afastado, até a gente se surpreende com o público enorme que a gente recebe num lugar tão afastado. Mas, infelizmente, no Rio de Janeiro a gente não teria um outro local para abrigar uma feira com esse tamanho. Nós temos aqui 55 mil metros quadrados, e não tem outro local no Rio para fazer isso.

A partir daqui, fui eu a fazer perguntas a Sônia Machado Jardim.

Então, vamos voltar à Bienal. O que é, qual é o seu histórico, quem participa?

– A Bienal este ano completa 30 anos. Essa é a 16ª edição da Feira. Ela começou em 1983 como uma feira muito menor, 10 vezes menor do que esta. Era uma feira lá em 1983 com 104 expositores. Hoje, nesta edição, nós temos 950 expositores. Uma expectativa de 600.000 visitantes, dos quais nós temos um programa de visitação escolar: vamos receber 170.000 alunos das escolas públicas e privadas. A gente pode olhar por aqui, que tem muita criança circulando aqui, pela Bienal.

E quem é organizador principal do evento?

– A Feira, ela é uma parceria, durante esses 30 anos, uma sociedade, vamos dizer assim, entre o sindicato Nacional de Editores de Livros e a Fagga Eventos que é a empresa que é... vamos dizer, uma empresa de eventos que hoje tem a conceção aqui deste espaço no Rio Centro.

Vocês, normalmente, realizam aqui contatos internacionais? Participam editoras estrangeiras?

– Tradicionalmente, a Feira, ela tem aqui um país homenageado. Nesta edição é Alemanha. Nós já tivemos no passado... a primeira vez que nós fizemos homenagem foi a Portugal, por toda a nossa herança linguística. Depois nós tivemos a Espanha, tivemos a Itália, a França, Estados Unidos e os países pan-americanos. No ano em que nós sediamos aqui os Jogos Pan-Americanos, nós homenageamos os países pan-americanos. Então, este ano é Alemanha. E o que é muito interessante neste tipo de homenagem é que o país, além de montar um pavilhão, mostrando a sua literatura, mostrando os seus autores, o país traz uma delegação de autores para serem apresentados aos leitores brasileiros. É fundamental que esses autores já estejam traduzidos aqui, porque senão, perde muito sentido da venda do escritor. Neste ano, a Alemanha está trazendo 11 autores, autores e ilustradores.

E quando é que a senhora espera que a Rússia possa ser homenageada também?

– Seria muito importante, eu acho, a gente intensificar o lançamento de livros de autores russos no mercado brasileiro, para você ter realmente, vamos dizer, aqui depois de uma homenagem este interesse se multiplicando. Não sei como funciona na Rússia, mas há determinados países, como a França e a própria Alemanha que incentiva uma tradução de livros para a língua daqui, para o português. Normalmente, esse trabalho é feito ou através do Consulado, da delegação cultural do Consulado, que é o caso da França. Outra vez, no caso da Alemanha é através do Instituto Goethe: eles dão, vamos dizer assim, uma ajuda de custo, que obviamente não paga o valor da edição inteira, mas há ajuda para se fazer uma tradução, porque imagino que, como o russo não é uma língua comum entre os tradutores é difícil de até conseguir fazer, viabilizar uma tradução do russo para o português.

A gente pode tratar desse assunto, porque tem bastante tradutores de português para o russo, de russo para o português. Nisso poderíamos cooperar. Mas qual poderia ser a Editora ou as Editora que possam ser interessadas em publicar as traduções do russo para o português?

– Olha! Depende muito do gênero. Teria que se analisar. Eu acho que a grande, quer dizer, a primeira dificuldade que você tem em uma questão como essa, é o próprio editor avaliar um original em russo. Como o editor brasileiro não conhece, então fica difícil. Já cria uma barreira inicial. Então, eu diria que a primeira coisa a se facilitar para que o editor brasileiro pudesse avaliar, sentisse que o original tem interesse no mercado brasileiro. Se você tivesse uma versão deste livro ou em inglês, ou em francês, ou em espanhol seria bom, para que o editor brasileiro fizesse essa primeira avaliação.

Quais são os resultados que a senhora espera desse evento?

– Olha, eu acho que um evento como esse, dessa dimensão da Bienal do Livro do Rio, é um momento em que você coloca o livro no holofote. O livro entra dentro da informação para o leitor e chega de uma forma mais maciça essa informação para o leitor. Eu acho que esse é um grande benefício de um evento como esse. Se tem uma cobertura muito grande de televisão, de jornais, revistas, falando de livro. Hoje em dia a nossa competição é muito grande com outras mídias: você está concorrendo com o cinema, você está concorrendo com a televisão, você está concorrendo com o computador. Então, é importante que se fale do livro!

Muito obrigado e muitos sucessos!

Extraído do sítio Voz da Rússia

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