5 de setembro de 2013

EXPOSIÇÃO MOSTRA EM SÃO PAULO ILUSTRAÇÕES DE SALVADOR DALI PARA A DIVINA COMÉDIA - Daniel Mello


São Paulo – Com 100 gravuras, a exposição Dalí: A Divina Comédia apresenta o encontro do pintor surrealista espanhol com a obra do poeta italiano Dante Alighieri. A mostra, aberta no dia 31 na Caixa Cultural, no centro paulistano, traz as gravuras que Salvador Dalí fez na década de 60 do século passado para ilustrar uma edição comemorativa da obra A Divina Comédia, lembrando os 700 anos de nascimento de Dante Alighieri. As obras chegaram a São Paulo depois de passar pelo Rio de Janeiro, por Curitiba e pelo Recife.

O trabalho começou como uma encomenda do governo italiano. No entanto, mesmo após a desistência do pedido, o artista continuou elaborando as ilustrações. “Ele ficou cativado pela figura de Dante e pela importância que tem A Divina Comédia no contexto da cultura ocidental. E se sentiu também desafiado pela possibilidade de poder ilustrar a obra, assim como tantos outros artistas anteriores a ele tinham tentado”, diz a curadora da exposição, Ana Rodrigues.

Cada uma das gravuras corresponde a um dos 100 cantos da obra, respeitando a divisão original: Paraíso,Purgatório e Inferno. No poema, Dante desce ao submundo para resgatar sua amada Beatriz, sendo guiado pelo poeta Virgílio. A curadora Ana Rodrigues destaca que os três tempos da obra ilustrados por Dalí refletem momentos diferentes da carreira do pintor. “A parte do inferno é a que tem mais referências a todo o mundo onírico, ao universo surrealista de Dalí. É o espaço onde ele coloca todos os medos, os pesadelos, as angústias do ser humano.”


A primeira imagem do purgatório foi escolhida como símbolo da exposição. Nela, um anjo olha para gavetas que se abrem em seu corpo. “Explorando o seu interior, o mundo subconsciente ao qual Dalí tanto se refere”, explica Ana. A figura é um bom exemplo de como o pintor espanhol pensou a dimensão intermediária entre o paraíso e o inferno.

“Como espaço de transição, ele vai colocar [no purgatório] as dúvidas do homem, vários elementos simbólicos que vão identificar sua iconografia, as muletas, as cabeças, os corpos moles”, detalha a curadora.

Nas 33 gravuras que compõem o canto Paraíso, é possível encontrar traços da fase mística de Dalí. “Temos imagens mais calmas, serenas, equilibradas e que remetem também a uma fase importante do trabalho de Dalí, na qual ele se refugia no misticismo e nas imagens religiosas para expressar o seu estado de espírito”.

Extraído do sítio Agência Brasil

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