29 de setembro de 2013

RUÍDOS INOVADORES AJUDARAM A TORNAR "OS PÁSSAROS" UM CLÁSSICO DO TERROR - Philip Hausmann

O alemão Oskar Sala criou os sons aterrorizantes que ajudaram a criar a fama dessa obra-prima de Alfred Hitchcok. Para isso, ele usou um precursor do sintetizador: o trautônio.

"Os pássaros" é um dos mais populares filmes de Alfred Hitchcock, mestre do suspense

Há 50 anos, Alfred Hitchcock chocava as plateias do mundo com um insólito cenário de horror: ataques de pássaros. Mas não só as imagens angustiantes de corvos e gaivotas avançando sobre pessoas aterrorizaram o público – também o desagradável e estridente trinado das aves se fixou na memória coletiva dos fãs do mestre.

O filme tem uma história envolvente, com toques surpreendentes. Depois de um breve encontro numa loja de animais, Melanie Daniels viaja para a costa californiana atrás do advogado Mitch Brenner, que quer passar o fim de semana em Bodega Bay. Lá, Melanie é atacada e ferida por uma gaivota. Os ataques de pássaros se tornam cada vez mais frequentes e violentos, gerando uma primeira vítima fatal – por fim, o bando de pássaros aterroriza toda a cidade. Muitos moradores tentam fugir, outros se refugiam em suas casas.

Hitchcock conseguiu transformar aves inofensivas em diabólicas bestas assassinas. Para a sonoplastia do filme, a equipe do diretor ofereceu a ele apenas sons de pássaros gravados no jardim vizinho. "Sons como esses eu ouço todos os dias lá fora. Eu preciso de algo que assuste as pessoas!", esbravejou o mestre do suspense. Hitchcock queria usar a trilha sonora para sublinhar o papel dos pássaros no filme.

Melanie Daniels (Tippi Hedren) foi atrás de um pretendente, mas encontrou o terror na costa californiana
Novo instrumento

Quando Hitchcock conheceu Remi Gassmann (um ex-aluno do compositor alemão Paul Hindemith), ele disse ao diretor que conhecia a pessoa certa para o trabalho: um ex-colega de Berlim, o músico experimental Oskar Sala. Hitchcock não pensou duas vezes. Para chegar ao resultado desejado, Sala apostou num instrumento inusitado, o trautônio. Inventado por Friedrich Trautwein, esse instrumento eletrônico, semelhante a um órgão, é considerado o precursor do sintetizador analógico.

Hitchcock conhecia o instrumento. Ele o ouvira no final dos anos 1920, na emissora de rádio Berliner Rundfunk. Com o trautônio, Sala criou todos os efeitos sonoros do filme: o grito das aves, elas batendo nas portas e janelas, até o som das pessoas martelando, no desespero de reforçar suas casas. Tudo foi elaborado em 1961, no pequeno estúdio de Sala no bairro de Charlottenburg, em Berlim.

Trilha sonora inovadora

Oskar Sala e o trautônio, pioneiro instrumento musical
Com a sonorização de Os pássaros, Hitchcock foi – mais uma vez – inovador. Ele renunciou a uma trilha sonora convencional para acompanhar as imagens. O mestre estava interessado em sons experimentais e eletrônicos. Em sintonia com a época, o diretor britânico queria incorporar as experimentações vanguardistas da chamada Nova Música.

"Nos anos 1960, a música dos filmes de terror deixa de lado ritmos periódicos e harmonias tradicionais. Ela se torna atonal, estridente e com uma rica dissonância", explica o musicólogo Frank Hentschel, da Universidade de Colônia. A melodia passa a desempenhar um papel secundário, e os ruídos ganham espaço.

Ruídos estilizados

"O fato de esse filme privilegiar os ruídos em detrimento da trilha sonora torna Os pássaros um caso particular na obra de Hitchcock", observa o musicólogo. Para o bater de asas e os trinados dos ataques dos pássaros, Hitchcock utilizou uma mistura de sons naturais e artificiais do trautônio.

Sala distorcia e estilizava o som dos pássaros, fazendo-o soar estranho e não natural, ameaçador e até mesmo agressivo. Os corvos e gaivotas de Hitchcock deliberadamente deveriam soar diabólicos.

Ruídos estilizados e terríveis silêncios pontuam a obra-prima do suspense
Terrível silêncio

Só a cena final é mais assustadora e aterrorizante do que o estridente e alto som dos ataques dos pássaros. Nela, os protagonistas que sobreviveram à fúria das aves saem de suas casas, que já não oferecem nenhuma proteção. Diante deles, revela-se uma cena apocalíptica: bandos de pássaros ocupam a área, mas só ocasionalmente o silêncio é quebrado pelo som de um corvo ou de uma gaivota.

No fim de sua história de suspense, Hitchcock utiliza um silêncio que não é natural. Sem música ou ruídos, ele coloca uma imagem sinistra em primeiro plano. Nada afasta o espectador dessa imagem apocalíptica. Também ele é deixado sozinho e aterrorizado.

Extraído do sítio Deutsche Welle

O CORAÇÃO DAS BRASILEIRAS PEDE CUIDADOS - Dra. Magaly Arrais


Em 29 de setembro é celebrado o Dia Mundial do Coração. A data foi criada para alertar a população a respeito das doenças cardiovasculares, maior causa de mortalidade no mundo. Embora tradicionalmente conhecidas por atingirem principalmente os homens, as doenças cardiovasculares são responsáveis por mais de 8,5 milhões de óbitos por ano entre mulheres ao redor do mundo. No Brasil, o AVC (acidente cardiovascular cerebral) e o infarto do miocárdio (IM) lideram as causas de mortes.

Dentre os fatores de risco que levam às doenças cardiovasculares, além da influência genética, é importante considerar outros elementos, como: colesterol elevado, pressão alta, diabetes, obesidade abdominal, tabagismo e o sedentarismo. No caso das mulheres, o tabagismo aliado ao uso da pílula anticoncepcional, triplica o risco de trombose arterial. E após os 45 anos, quando ocorre a diminuição dos níveis hormonais e a chegada da menopausa, a incidência de doenças cardiovasculares aumenta. A probabilidade de se ter um infarto após a menopausa é duas vezes maior do que em mulheres na mesma faixa etária e que ainda possuem ciclo menstrual.

Além dos fatores de risco, os sintomas podem ter diferenças relevantes entre os sexos. O mais característico do infarto do miocárdio (IM) nos homens é uma forte dor no peito, que irradia para os braços e é acompanhada de náuseas e sudorese fria. Mas quando se trata da mulher, pode ser diferente. Dores nas costas, cansaço aos esforços, fraqueza, dores gástricas e falta de ar são alguns dos sintomas, que infelizmente muitas vezes são confundidos com problemas do dia a dia, subdiagnosticados, sendo o diagnóstico tardio uma das causas de maior mortalidade por IM no sexo feminino. No País, a cada dez óbitos por infarto, quatro são entre pessoas do sexo feminino, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).

Diante deste quadro, a SBC adotou este mês diretrizes mais rígidas para prevenir a população dos problemas cardiovasculares. A principal alteração remete aos valores de recomendação do colesterol ruim (LDL), que em excesso se deposita na parede das artérias provocando a obstrução, causando doenças como infarto e derrame. Antes a referência para pacientes de alto risco era 100 ml/dL, na nova regra o valor deve ser menor a 70 ml/dL. Tais mudanças ampliam o grupo a ser tratado, atingindo mais mulheres, inclusive mais jovens.

A vida moderna também tem sua parcela de culpa no aumento das doenças cardiovasculares entre mulheres, o acumulo de vários papéis: empresária, mãe e dona de casa as expõem a um maior estresse e favorece hábitos como sedentarismo e má alimentação, levando à obesidade. Muitas mulheres também reconhecem apenas a necessidade de ir anualmente ao ginecologista, visando prevenir cânceres de útero e mamas, subjugando a visita ao cardiologista. Porém, de acordo com dados do Ministério da Saúde, as doenças cardiovasculares matam seis vezes mais do que o câncer de mama. Além do Dia Mundial do Coração, as mulheres devem procurar sempre melhorar seus hábitos e proteger sua saúde, ir ao médico com frequência ajuda a diagnosticar previamente a doença cardiovascular, permitindo o tratamento sem deixar que a doença chegue a um estágio crítico.

* Artigo assinado pela Dra. Magaly Arrais, cirurgiã cardiovascular do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e do Hcor (Hospital do Coração) e porta-voz da campanha “O que mais existe por trás do biquíni” (www.portrasdobiquini.com.br).

Extraído do sítio ParanáShop

28 de setembro de 2013

O TEMPO E O VENTO É DESTAQUE NOS CINEMAS - Marcel Plasse


O diretor Jayme Monjardim diz que deu a cara para bater ao fazer a adaptação do clássico literário “O Tempo e o Vento”, de Érico Veríssimo. Foram anos de negociação com o filho do escritor, Luis Fernando Veríssimo, e muito tempo e vento dispendido nos pampas gaúchos para as filmagens. O resultado tem aquelas longas cenas de entardecer que o diretor adora, que fazem alguns elogiarem sua fotografia e outros lembrarem o visual de suas novelas. Mas o filme já se provou um fenômeno de público. Com uma estreia restrita, chegando apenas ao Rio Grande do Sul, conseguiu entrar no Top 5 nacional no fim de semana passado. Agora, expande-se para o resto do país, contando com o boca-a-boca positivo trazido pelos ventos do sul.

Duas outras ampliações e mais duas estreias ajudam a transmitir a ilusão de que as salas estarão cheias de filmes brasileiros. As estreias são “A Última Estação”, drama sobre imigrantes que abriu o Festival de Brasília do ano passado, e “Carreras”, inacreditável “thriller” sobre corridas no interior do país com cara de VHS antigo. As ampliações são o drama de relacionamento “Dores de Amor”, que tinha estreado apenas no Rio na semana passada e agora chega a São Paulo, e “Jardim Atlântico – Um Musical Brasileiro”, lançado originalmente há seis meses em Recife. Os quatro títulos ocuparão um circuito restrito.

O destaque entre as estreias limitadas, porém, é o drama israelense “Preenchendo o Vazio”, que venceu a Mostra de São Paulo do ano passado e também levou o troféu de Melhor Atriz no Festival de Veneza. Sua história de casamento arranjado, tradições e corações partidos é o programa cinéfilo da semana.

Enquanto isso, nos cinemas dos shoppings, segue-se a procissão de lançamentos comerciais, com duas estreias que tiveram desempenhos opostos nos EUA. “R.I.P.D – Agentes do Além” é um “Homens de Preto” genérico, que troca alienígenas por criaturas sobrenaturais, e foi um dos maiores fiascos do ano nos EUA. Custou US$ 130 milhões e rendeu US$ 33 milhões. Faça as contas.

Já “Família do Bagulho” é a segunda maior bilheteria de comédia do ano nos EUA – atrás apenas de “As Bem-Armadas”, lançada aqui na semana passada. Sua premissa – traficante paga prostituta e dois adolescentes para fingirem ser sua família – volta a fazer de Jennifer Aniston uma “Esposa de Mentirinha” (2011), mas o resultado não é tão engraçado quando sua popularidade sugere.

Extraído do sítio Pipoca Moderna

LIVROS: UM RICO MÊS DE SETEMBRO - João Batista Herkenhoff


Gosto de comparecer a lançamento de livros. Prestigio o autor, manifesto apreço pelas coisas do espírito, enriqueço meu acervo de obras autografadas e me encontro com pessoas que também amam a Literatura.

Este mês de setembro está sendo pródigo em noites de autógrafos na capital capixaba.

Ana Laura Nahas lançou “Quase um segundo”, crônicas leves, de um delicioso sabor. No texto “De palavras e de coisas”, a autora relaciona coisas que aprecia e coisas que não lhe agradam. Gosta de: café, folga, tempo, canção, compreensão, notícia, pureza. De gangorra não gosta mas não explicita o motivo da rejeição ao vocábulo que, entretanto, eu deduzi porque a cronista relembra que, desde menina, o momento de seu especial contentamento ocorria quando ambos os participantes do folguedo estavam no meio, um se equilibrando no equilíbrio do outro. Ela não sabia que para manter a estabilidade era preciso preservar igual distribuição de massa ao redor do ponto de apoio. Presumo que a então menina, desconhecendo esses princípios da Mecânica, tenha levado um bruto tombo, razão de sua antipatia pela palavra gangorra. Outra possibilidade de briga com o termo seria a desatenção à correta acentuação tônica – o paroxítono ser pronunciado como proparoxítono (gângorra), ou oxítono (gangorrá). A palavra ficaria com raiva e a queda seria certa. O erro da pré-adolescente, como tudo indica, não foi contudo gramatical, mas físico.

Do texto leve de Ana Laura passo ao texto dramático de José Caldas da Costa, que está lançando o livro Caparaó: a primeira guerilha contra a ditadura. Trata-se de uma alentada pesquisa histórica a respeito da primeira guerrilha contra a ditadura de 1964. Vinte homens, quase todos ex-militares, pretenderam recriar na Serra do Caparaó, entre Minas Gerais e Espírito Santo, um foco de resistência semelhante à Sierra Maestra que, em Cuba, derrubou Fulgêncio Batista e instaurou na ilha um regime socialista. Caparó revisita a História, o que é muito importante, principalmente para as novas gerações aprenderem a cultuar o passado.

Depois veio a noite de Jeaane Bilich que autografa seu livro Viajantes da Nave Tempo. Generosamente a autora dedica a este pobre marquês uma das crônicas do livro – Consciência de aço & coração de mel. Jeanne vê neste professor uma aparente contradição: firmeza nas atitudes e sensibilidade no trato humano. Que grande responsabilidade manter esta coerência até a morte.

Extraído do sítio Direto da Redação

27 de setembro de 2013

LIVROS PROIBIDOS AINDA SÃO REALIDADE NO PAÍS - Aliona Tverítina

Denúncias de conteúdo extremista em títulos de líderes nazistas recém-publicados no país jogam luz sobre proibições nas prateleiras russas. Até literatura infantil é alvo, e obstáculos levam ao fechamento de pequenas editoras.

Boris Kupriánov, sócio da livraria intelectual Falanster e diretor de programação do Festival de Livros de Moscou Foto: Kommersant
Nas últimas semanas, duas obras literárias de tiragem limitada publicadas pela editora russa Algoritmo nos anos de 2012 e de 2013 foram retiradas das prateleiras devido ao conteúdo supostamente extremista. Entre os títulos estão o romance " Michael. O diário de um destino alemão", escrito pelo jovem Joseph Goebbels, e "O Terceiro Caminho. Sem Democratas ou Comunistas", de Benito Mussolini.

Os comentários de leitores em sites que abordam o assunto mostram as opiniões mais variadas em relação à censura das obras, com os que repudiam a iniciativa afirmando ser preciso conhecer o inimigo.

O escritor e jornalista Dmítri Bikov compartilha a ideia. "Todos os países publicam livros de conteúdo perverso e até violento, e isso é uma prática necessária. Apenas os livros poderão nos mostrar a verdadeira origem do fascismo. Mas é preciso incluir comentários adequados, tanto de literatos, quanto de psicólogos, que expliquem os motivos do surgimento do fascismo por meio da obra analisada. A proibição é o caminho mais fácil, mas não o mais eficiente", diz.

A legislação russa veda a distribuição de livros com conteúdo radical fascista, nacionalista ou religioso. O controle é feito pelo Ministério da Justiça, que confirma o conteúdo extremista do livro por meio de uma ordem judicial e o inclui em uma lista de obras literárias proibidas.

Além disso, é proibida no país a promoção de pornografia e drogas ilícitas, mas sem mecanismos de censura só a distribuição desse tipo de literatura é punida, não a publicação em si.

As denúncias apresentadas ao Ministério Público são causa de frequentes de discussões populares, e quando as suspeitas não são confirmadas o prejuízo financeiro podem ser irreparáveis.

"Sou contra a censura de livros porque isso sempre aumenta o interesse do público. Tirar um livro das prateleiras é reconhecer sua superioridade", disse Gazeta Russa o diretor de programação da Feira do Livro de Moscou, Boris Kuprianov.

O próprio Kuprianov já foi vítima de sanções em 2007, quando cinco livros seus publicados pela editora Ultra.Cultura foram retirados das prateleiras devido a suspeitas de promoção de pornografia.

Fundada pelo poeta e tradutor Iliá Kormiltsev, a editora já foi acusada de promover pornografia, drogas ilícitas e terrorismo.

Em 2004, as autoridades suspenderam a venda de sete títulos da casa, entre eles "Phenethylamines I Have Known And Loved", de Aleksander e Ann Shulguin, e "Storming Heaven", de Jay Stevens. Em 2006, foi a vez de suas obras "Apocalypse Culture", de Adam Parfrey, e "Inside Clubbing", de Phil Jackson serem destruídas e a oficina de impressão ser multada.

Em 2007, com as atividades suspensas, a editora foi vendida ao grupo AST.

Proibidões infantis

O segundo semestre deste ano foi marcado por um escândalo ligado à literatura infantil. Aleksandr Khinstein, deputado da Duma de Estado (câmara dos deputados), afirmou ter encontrado indícios de russofobia no livro “Bandeiras Mundiais para Crianças”, da escritora francesa Sylvie Bednar, e se referiu à editora como " grupo de fascistas".

O motivo é que o deputado reprovou um trecho em que a faixa vermelha da bandeira da Lituânia é descrita como representação do "sangue derramado pelo povo lituano na luta contra os conquistadores russos e alemães".

O legislador logo publicou no Twitter suas constatações e avisou que denunciaria o livro ao Ministério Público. As grandes livrarias resolveram não esperar os resultados da investigação e devolveram as tiragens à editora.

"A maioria das livrarias de grande porte não estava disposta a analisar a situação e saiu logo devolvendo todos os exemplares do livro. Só algumas pequenas fizeram diferente ", diz Marina Kadêtova, diretora da editora KompasGuid, que publicou o título.

"Até agora não recebemos nenhuma resposta oficial do Ministério Público. É claro que fomos alvo desse escândalo, por isso o livro só pode ser comprado diretamente na editora, em algumas poucas livrarias ou nos festivais de que participamos."

A comunidade literária apoiou a casa editorial e publicou uma carta aberta afirmando que "a situação atual não traz nenhuma certeza de um bom futuro para o mercado. As livrarias e as distribuidoras se encontram obrigadas a reagir a qualquer declaração das autoridades, mesmo às custas de sua reputação ou estabilidade financeira".

O documento foi assinado por escritores de peso como Liudmila Ulitskaia, Boris Akúnin, Vladímir Sorókin, além de críticos literários e representantes de editoras e livrarias.

Extraído do sítio Gazeta Russa

VENCEDORES DO PRÊMIO DE LITERATURA DA UNIÃO EUROPEIA DE 2013 ANUNCIADOS NA FEIRA DO LIVRO DE GOTEMBURGO - Gerson Ingrês


LISBOA – Os vencedores do Prémio de Literatura da União Europeia de 2013, que consagra os melhores autores em início de carreira na Europa, foram anunciados hoje, aquando da abertura da Feira do Livro de Gotemburgo, na Suécia, por Androulla Vassiliou, Comissária Europeia responsável pela Educação, Cultura, Multilinguismo e Juventude. Os vencedores deste ano são: Isabelle Wéry (Bélgica), Faruk Šehić (Bósnia-Herzegovina), Emilios Solomou (Chipre), Kristian Bang Foss (Dinamarca), Meelis Friedenthal (Estónia), Lidija Dimkovska (antiga República jugoslava da Macedónia), Katri Lipson (Finlândia), Marica Bodrožić (Alemanha), Tullio Forgiarini (Luxemburgo), Ioana Pârvulescu (Roménia), Gabriela Babnik (Eslovénia) e Cristian Crusat (Espanha). Ver adiante informações mais pormenorizadas sobre os autores vencedores e as respetivas obras.

«Dou os meus sinceros parabéns a todos os vencedores deste ano. O Prémio de Literatura da União Europeia dá visibilidade internacional a excelentes novos autores ou autores em início de carreira que, de outro modo, poderiam não alcançar o reconhecimento que merecem fora do seu país. Para além de auxiliar estes autores a chegar a novos públicos, queremos dar a conhecer aos leitores nova literatura europeia de excelente qualidade e ampliar o leque de escolhas ao seu dispor. Desta forma, poderemos contribuir, a longo prazo, para a criação de um verdadeiro público europeu de quase 500 milhões de leitores potenciais. O nosso novo programa Europa Criativa permitir-nos-á dar mais apoio para cobrir as despesas de tradução de livros e reforçar a diversidade cultural», afirmou a Comissária Vassiliou.

Cada vencedor recebe 5000 euros. Mas, mais importante ainda, os seus editores serão incentivados a candidatar-se a financiamento da UE para que as obras vencedoras sejam traduzidas para outras línguas europeias. O Prémio de Literatura da União Europeia (PLUE) está aberto a 37 países que participam no atual programa «Cultura» da UE (28 Estados-Membros da UE, bem como a Albânia, a Bósnia-Herzegovina, a Islândia, o Liechtenstein, a antiga República jugoslava da Macedónia, o Montenegro, a Noruega, a Sérvia e a Turquia). Todos os anos, júris nacionais de um terço dos países nomeiam os autores a concurso, de modo a que todos estejam representados num período de três anos.

Os galardoados deste ano receberão os respetivos prémios numa cerimónia que se realizará em Bruxelas em 26 de novembro, na presença da Comissária Androulla Vassiliou e de figuras proeminentes do mundo da literatura, da cultura e da política. O PLUE é organizado pela Comissão Europeia em conjunto com a federação dos livreiros europeus e internacionais (EIBF – European and International Booksellers Federation), o conselho dos escritores europeus (EWC – European Writers’ Council) e a federação dos editores europeus (FEP – Federation of European Publishers).

John Mc Namee, Presidente da EIBF, declarou: «Uma vez mais, é com muita satisfação que encontro novos talentos e quero dar os meus mais sinceros parabéns a todos os vencedores deste ano. Os livreiros regozijam-se pelo facto de o Prémio PLUE ajudar a literatura a atravessar fronteiras e encaram com entusiasmo a perspetiva de oferecer aos leitores mais escolha, mais livros e mais literatura europeia.»

Por seu turno, Pirjo Hiidenmaa, Presidente do EWC, afirmou: «A Europa precisa de histórias e contadores de histórias e a procura de livros sobre temas intemporais nunca se esgotará. Os escritores alimentam as mentes e as línguas com centelhas criativas, e só a mudança mantém vivas as culturas; por isso, é sempre motivo de júbilo celebrar novas vozes da literatura que nos asseguram que a cultura continua a crescer e evoluir.»

«Muito me apraz que a nossa organização participe ativamente no Prémio de Literatura da União Europeia. Graças a este prémio, temos a oportunidade de descobrir novos mundos e novas culturas através do trabalho dos talentosos autores vencedores. Espero que os vencedores de 2013 sejam merecidamente traduzidos em muitas línguas – é uma forma fantástica de celebrar a diversidade da Europa, um valor que devemos acalentar nestes tempos de crise», disse ainda Piotr Marciszuk, Presidente da FEP.

Esta edição da Feira do Livro de Gotemburgo dá especial destaque à Roménia. A Comissária Vassiliou participou esta manhã na cerimónia de inauguração, juntamente com Mircea Cărtărescu, o consagrado poeta, romancista e ensaísta romeno.

A Europa Gosta de Ler

Após uma conferência de imprensa (12h15), a Comissária Vassiliou participará igualmente num evento relacionado com a sua campanha em prol da literacia, «A Europa Gosta de Ler». Nessa ocasião, encontrar-se-á com jovens alunos da escola internacional de Gotemburgo (Internationella Engelska Skolan), que lerão excertos dos seus livros preferidos. Um em cada cinco jovens de 15 anos de idade e um elevado número de adultos na União Europeia não sabem ler corretamente. A campanha visa sensibilizar o público para a crise de literacia na Europa e promover o prazer da leitura. A Comissária Vassiliou participa regularmente em sessões de leitura envolvendo crianças, adolescentes e adultos. Os eventos com crianças costumam ter uma dimensão multilingue, a fim de as incentivar a ler em voz alta em diferentes línguas e realçar a importância da diversidade linguística.

Contexto

A Comissão Europeia investe 3 milhões de euros por ano em tradução literária e mais de 2,4 milhões de euros em projetos de cooperação que envolvem o setor livreiro. A indústria contribui com 23 mil milhões de euros para o PIB da UE e emprega 135 000 pessoas a tempo inteiro. Os livros são o segundo dos bens culturais mais exportados na UE, a seguir às obras de arte e às antiguidades.

Desde o lançamento do Prémio de Literatura da União Europeia em 2009, o programa «Cultura» da UE já providenciou verbas para a tradução de obras de 43 vencedores do PLUE, em 20 línguas, num total de 149 traduções. Além disso, os vencedores beneficiam também de uma maior visibilidade nas principais feiras do livro da Europa, entre as quais se incluem as de Frankfurt, Londres e Gotemburgo, e o festival «Passaporta» de Bruxelas.

A edição de livros constitui uma parte significativa dos setores cultural e artístico, que representam até 4,5 % do PIB da UE e mais de 8 milhões de postos de trabalho. Embora esses setores se tenham revelado relativamente resistentes durante a crise, não deixam de enfrentar também desafios consideráveis, decorrentes da passagem à era digital, da globalização e da segmentação do mercado segundo linhas culturais e linguísticas.

Em janeiro de 2014, a Comissão lançará o novo programa «Europa Criativa», que visa reforçar a competitividade dos setores cultural e artístico e promover a diversidade cultural. Prevê-se que o novo programa tenha um orçamento total de 1,3 mil milhões de euros para o período de 2014-2020, o que representa um aumento de 9% em relação aos atuais níveis de financiamento. O programa disponibilizará fundos para a tradução de mais de 4 500 livros e permitirá também que 300 000 artistas e profissionais da cultura deem a conhecer as respetivas obras noutros países e adquiram experiência internacional.

Extraído do sítio Local.pt

CULTURA BRASILEIRA INVADE FRANKFURT ÀS VÉSPERAS DA FEIRA DO LIVRO - Felipe Tadeu

Desde o final de agosto, cidade alemã abre seus museus, bibliotecas, cinemas e praças públicas para receber programação paralela das artes brasileiras.

Graffiti da brasileira Fernanda Talavera diante da sede do Deutsche Bank em Frankfurt

O outono de 2013 chegou à Alemanha com gosto de Brasil. Ao menos em Frankfurt, é essa a sensação que o cidadão experimenta ao andar pelas ruas e se deparar com edifícios, muros, tapumes e até calçadas que, como num passe de mágica, viraram galerias de arte a céu aberto.

A poucos dias do início da Feira Internacional do Livro, que acontece de 9 a 13 de outubro e tem o Brasil como país homenageado, coube a 12 artistas de street art brasileiros a tarefa de "inaugurar" a presença brasileira na grande mídia alemã, com destaque no noticiário cultural.

Ainda que os eventos da programação paralela tenham começado bem com a música – em shows de Zélia Duncan, Criolo, Guinga, Lucas Santtana, Jards Macalé e Jorge Mautner, entre outros –, foram artistas como Alexandre Orion, Tinho, Herbert Baglione e Onesto que ocuparam as páginas dos cadernos de cultura dos principais diários alemães e até da televisão.

Zelia Duncan foi uma das artistas brasileiras a se apresentar na cidade alemã
Um dos trabalhos mais comentados foi o graffiti de Fernanda (Fefe) Talavera, de São Paulo, realizado num suporte pouco usual: a envidraçada e suntuosa fachada do arranha-céu do Deutsche Bank, um dos bancos mais poderosos do mundo.

Fefe diz que se sentiu em casa, apesar do convite inusitado. "Senti-me perturbada. Havia exposto antes em dois lugares em Berlim, em 2006, um deles uma casa abandonada, onde um grupo de artistas organizou uma exposição chamada Atitude. A outra foi um live painting (pintura performática) com um amigo músico, num evento chamado Party Arty”.

Admiradora do grafiteiro alemão Boris Hopek, Fefe criou um dragão alado num mosaico colorido, de corpo formado por cédulas de dinheiro. Indagada se seria menos excitante pichar um banco como artista convidada, afirmou: "Sempre que é possível criar o que você quer, é interessante, em qualquer situação. As escolhas feitas pela curadoria do museu [de Carolin Köchling, do museu Schirn Kunsthalle] foi excelente. Admiro os artistas que foram convidados, ainda que outros talentosíssimos tenham ficado no Brasil".

Além de Fefe, outra artista que está expondo seu graffiti em Frankfurt é Jana Joana, que atuou ao lado de Vitché, num grupo que tinha ainda Rimon Guimarães, Nunca, Speto, Gais e Zezão.

Sem clichês

Show de Lucas Santtana, Jards Macalé e Jorge Mautner foi em homenagem à Tropicália
O que mais chama a atenção na programação cultural paralela que brasileiros e alemães vêm organizando é a opção em superar os clichês associados à cultura brasileira.

Para Antonio Carlos Martinelli, representante do Ministério da Cultura do Brasil, os shows surpreenderam muito o público alemão, principalmente o concerto de Fabiana Cozza realizado com uma das mais importantes big bands alemãs, a hr (da emissora Hessischer Rundfunk). "No show de Criolo, vi muitos alemães mais velhos, animados e impactados com o poder da performance desse novo rapper", afirma.

Entre os programas que estão por vir, Martinelli destaca o projeto PUZZLE, de Felipe Hirsch. "Ele é um dos mais audaciosos e provocadores diretores brasileiros da atualidade em teatro, ópera, cinema e vídeo." O curador ressalta também o apoio de instituições como o Sesc São Paulo e a Funarte, além da Biblioteca Nacional e de diversos órgãos de cultura alemães.

Cultura cosmopolita

Os alemães estão tendo a oportunidade de descobrir um Brasil cosmopolita, que dialoga com a arte internacional nas mais diversas linguagens.

O artista plástico Hélio Oiticica terá a mais ampla retrospectiva de sua obra exposta em Frankfurt e a mesma Schirn Kunsthalle exibirá, de 2 de outubro a 5 de janeiro de 2014, a mostra Brasiliana, dedicada exclusivamente a instalações realizadas no período de 1960 até a atualidade (com trabalhos de Cildo Meireles, Maria Nepomuceno, Lygia Clark e Ernesto Neto, entre outros).

Nomes como o quadrinhista Fernando Gonzales, criador do ratinho Níquel Náusea, verdadeiro clássico das comics brasileiras, e Rogério Duarte, designer, poeta e um dos mentores do movimento Tropicalista, estarão se apresentando em encontros abertos ao público.

Já o poeta e agitador cultural Chacal, uma das maiores referências da chamada Geração Mimeógrafo surgida nos anos 70 (e revelada pela ensaísta Heloísa Buarque de Hollanda em seu livro 26 Poetas Hoje, de 1975), estará montando em Frankfurt seu monólogo autobiográfico Uma história à margem, que ele vem apresentando no Brasil. Seu relato, que passa pelos tempos em que participava do coletivo Nuvem Cigana, da experiência com o grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone, e do núcleo que fundou o Circo Voador, no Rio de Janeiro, chegou a ser traduzido para o alemão, em versão assinada por Patricia Sojka.

Os espectadores que estiveram presentes nos concertos à beira do rio Meno, no Palmengarten, ou no espaço alternativo Portikus, onde estreou em 21 de setembro a exposição Capacete, com o badalado show do guitarrista e performático Arto Lindsay, parece já terem aprendido uma coisa sobre o Brasil: que vale a pena deixar se surpreender por um país que ainda aguarda para ser descoberto pelos estrangeiros.

Extraído do sítio Deutsche Welle

O CINEMA PERNAMBUCANO FALA PARA O MUNDO? - Urariano Mota


Recife (PE) - Eu sempre esperei ver no cinema, a minha esperança sempre foi o grande cinema. Nada de tela grande, monumental, à Hollywood. Mas aquele grande cinema de Ladrões de Bicicleta, deHiroshima, mon amour, de Luzes da Cidade, de O Garoto, de todo Buñuel. Com isso chego mais perto do cinema brasileiro. Para mim, eu sempre quis e esperei o cinema de Nelson Pereira dos Santos, de Vidas Secas e Memórias do Cárcere, por exemplo. O cinema de Cidade de Deus, mais recente, ou daquela obra genial Deus e o Diabo na Terra do Sol, ou de algo próximo de O Pagador de Promessas.

Vocês já veem que para mim o grande cinema tem a ver com a literatura, com a relação que o filme estabeleça com a obra literária. Mas estamos falando de cinema, de imagens, “de outra linguagem”, poderia ser dito. Ainda assim resiste aquela ambição de querer para nós a profundidade do cinema argentino, por exemplo, cujos diretores mantêm boa vizinhança com os seus escritores. Daí a minha implicância, peitica, com o atual cinema de Pernambuco. Para mim, em sua franca maioria ele é iletrado. Quero dizer, ele não sabe nada do mundo fundamental da literatura. Os seus roteiros são precários, com personagens mal realizados (mas “estamos falando de cinema”). A sua realidade é lúmpen, a pretexto de mostrar o real popular.

Em lugar do que espero, encontro diálogos absurdos, inverossímeis, como pude ver em “Febre do Rato”, um filme a que fui assistir porque seria uma homenagem a um poeta marginal, que se inspirava inclusive em Miró, que tão bem conheço. Decepção total. “Cinema pernambucano é cinema de intuição”, já afirmou uma vez Lírio Ferreira. Mas o que dizer, amigos, diante das últimas notícias, para mim uma das melhores, somente abaixo do discurso da presidenta Dilma na ONU? Como esta aqui:

“Pernambuco sai do Festival de Brasília com dez troféus

No 46º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, Pernambuco mais uma vez mostrou que atravessa uma fase das mais expressivas da cinematografia nacional. Não conquistou todos os principais prêmios, porém fez bonito. Se o troféu Candango mais cobiçado – o de melhor filme de longa-metragem de ficção – ficou com Exilados do vulcão, da diretora estreante na categoria Paula Gaitán, viúva de Glauber Rocha, em documentário o cinema pernambucano consagrou-se com bem humoradoO mestre e o divino, de Tiago Campos. Produzido pela ONG Vídeo nas Aldeias, o filme conquistou ainda os prêmios de melhor montagem e trilha sonora.

Amor, plástico e barulho, primeiro longa-metragem de ficção de Renata Pinheiro, sai de Brasília com três Candangos – melhor atriz (Maeve Jinkings), melhor atriz coadjuvante (Nash Laila) e direção de arte (Dani Vilela)...”.

O que dizer disso? Mais, depois que o filme “O som ao redor” é o indicado brasileiro para o Oscar, depois dos últimos prêmios conquistados em festivais brasileiros e internacionais, o que dizer? Talvez o meu conceito de esperança e ambição não bata com a realidade. E quando isso acontece, o conceito tem sinais de um preconceito, ou de uma inadequação à moda, movimento e movie. Uma rejeição ao movie árido de poesia nas telas. 

No entanto, restam ainda outras perguntas. Por que o cinema pernambucano de repente, não mais de que de repente, ganha tantos prêmios, como se fosse um raio no céu azul? Não é por milagre. Penso que a premiação vem de muito antes, de quando ainda não havia festivais, nem se premiavam, a não ser com mortes, uma cultura de conflito e libertação em Pernambuco. Vem da própria história anterior, que passa pelo Ciclo do Recife, um momento do cinema que de 1923 a 1931 fecundou a cultura da cidade. E depois de uma queda, de um quase vazio, desemboca na geração do super 8 nos tempos da ditadura. E que se retoma com O Baile Perfumado, de Lirio Ferreira e Paulo Caldas. O que vale dizer, a partir daí há um ciclo virtuoso de criação que é mantido com financiamento público. A criação entra em vigor nos últimos anos movida por incentivos do governo de Pernambuco. Então se encontram a fome e a vontade de comer. Para se ter uma ideia, de 2011 e 2012, o Funcultura disponibilizou R$ 11,5 milhões para a produção do audiovisual no estado. E com isso, o “cinema consegue se manter criativamente".

A alma desse talento é alimentada com coisas mais materiais. Talvez o cinema de Pernambuco ainda não fale para o mundo, como se anunciava na voz do locutor da Rádio Jornal do Comércio: “Pernambuco falando para o mundo”. Mas, por enquanto, fala para todos os festivais. O que não é pouco.

Extraído do sítio Direto da Redação

PEQUENAS LIVRARIAS DE MOSCOU E SÃO PETERSBURGO APOSTAM NA QUALIDADE - Aliona Tverítina

Ponto de encontro de interessados em literatura, muitas dessas livrarias colaboram com editoras pequenas, cuja produção não se encontra nas grandes redes comerciais.

Livrarias funcionam ao mesmo tempo como clubes, salas de conferências e pontos de encontro de interessados em literatura Foto: PhotoXPress
Poucos metros quadrados, conceitos interessantes, muitos eventos culturais –as livrarias da nova geração deixaram de ser só lojas comerciais e se converteram em espaços de comunicação: são ao mesmo tempo clubes, salas de conferências e pontos de encontro de interessados em livros.

Atmosfera e variedade são condicionados aqui pelo gosto dos proprietários. Na maioria das vezes elas não vendem best-sellers –a preferência recai sobre livros menos lucrativos, mas de maior valor estético ou científico. Muitas dessas livrarias colaboram com editoras pequenas, cuja produção não se encontra nas grandes redes comerciais.

Ainda há uma década, os frequentadores deste tipo de estabelecimento eram, na sua maioria, boêmios e representantes da elite intelectual; hoje em dia, os seus visitantes pertencem aos mais variados círculos.

Promotoras do gênero são as populares livrarias moscovitas Projeto O.G.I. (1999-2012) e Falanster (funciona desde 2002), cuja influência se nota nas novas lojas. 

Novos serviços

A decoração da cadeia livreira moscovita Magic Bookroom –pequena, mas notável–, criada em 2009, manifesta a ligação óbvia com os livros de Lewis Carrol.

“Queríamos –e conseguimos, ao meu ver– criar um espaço livreiro informal, sem esnobismo e pomposidade, que fosse um nó cultural, para podermos falar sobre tudo aquilo de que nos falam os livros: ciências, artes, ofícios criativos e outras coisas”, contou à Gazeta Russa Chachi Martínova, cofundadora da cadeia e conhecida editora da capital.

A Magic Bookroom explora a área de entretenimento: além dos encontros com autores, palestras e workshops, aqui são organizados “dodo-jogos”, inspirados pelos contos de Carrol, bem como sessões de leituras.

A minúscula livraria Khodassevitch (inaugurada em 2012, xodacevich.ru) também propõe aos visitantes serviços interessantes. Aqui pode-se encontrar alfarrábios, remexer caixas com livros baratíssimos ou gratuitos e usar a loja como biblioteca: as assinaturas de dois meses, seis meses e um ano permitem o empréstimo de qualquer livro pelo prazo de até dez dias por apenas por 250 rublos (cerca de US$ 8) por mês.

“O preço médio de um livro novo é 400 rublos (cerca de US$ 12); durante um mês, é bem possível ler uns cinco livros –a vantagem do empréstimo é evidente”, considera Stas Gaivorónski, proprietário da loja.

Outro serviço da loja, o “Detetive Livreiro”, ajuda o leitor a garimpar as edições mais raras que existem no mercado. Segundo Gaivorónski, se um livro for difícil de encontrar, os custos do serviço rondam entre 1.000 rublos e 1.500 rublos (cerca de US$ 31 a US$ 46).

Entretenimento, busca livreira e um café acolhedor fazem parte da loja-clube Guiperion (hyperionbook.ru), que tem um clube irmão em Munique –o centro cultural russo GOROD, em que reina o mesmo clima. Neste ano letivo, Guiperion e GOROD planejam lançar um projeto conjunto na área de turismo educacional.

São Petersburgo

Em São Petersburgo, a primeira livraria de nova geração chama-se Poriadok slov (Ordem de Palavras, wordorder.ru), aberta em janeiro de 2010. Nas suas prateleiras pode-se encontrar muitos livros de não-ficção de boa qualidade. Em cartaz estão palestras e sessões de cinema, onde convidam-se realizadores e escritores intelectuais de renome.

Em 2011, num pátio ao lado da praça Dvortsóvaia, abriu as portas a livraria Vse svobódni (Todos Livres, vse-svobodny.com), com o ambiente de “biblioteca familiar petersburguesa”, como a denominam os criadores, Artiom Faustov e Liubov Beliátskaia.

“Fomos inspirados pela experiência da livraria Falanster”, conta Faustov. “Baseamo-nos nos mesmos princípios: primeiro, os livros não devem ser caros; segundo, nada de livros de mau gosto, nem que sejam muito procurados; terceiro, especialização em literatura e ciências humanas, que têm a ver conosco; quarto, independência.” Num anexo agradável, um seção de discos de vinil e uma sala de chá.

Em 2013, Artiom e Liubov abriram mais uma loja –a Mi (Nós, bookstore.org), em espaço outrora ocupado pela Casa de Livros Militares, uma das livrarias mais antigas de São Petersburgo. Segundo Faustov, “é a loja mais popular, baseada em livros infantis e de divulgação científica”.

A Casa de Livros Militares não conseguiu adaptar-se aos novos tempos e cedeu as suas instalações aos novos projetos. Entretanto, outra livraria de cadeia ainda sovética –Podpisníe izdánia (Edições por Assinatura)– transformou-se que nem o Fénix, pássaro mitológico que renasce das suas próprias cinzas. Atualmente, está entre os espaços livreiros mais interessantes de São Petersburgo.

“Mudamos os interiores por completo e triplicamos nossa oferta” relata Mikhail Ivanov, coproprietário da loja. “Focamos nos livros intelectuais e infantis, com edições em línguas estrangeiras, álbuns extravagantes de artes, design e moda.”

Há também uma cafeteria no local, e os discos de vinil proporcionam música de fundo e podem ser colocados por quem quiser.

Ultimamente, as livrarias da rede fizeram uma promoção especial: ofereceram livros de urbanismo e business a funcionários de várias entidades públicas.

“Queremos atrair a atenção deles para experiências inovadoras”, comenta Ivanov.

Novos pontos

Além dos projetos acima referidos, há muitos outros que se destacam: Tchitálka (Sala de Leitura, em gíria estudantil), Lávotchka détskikh knig (Lojinha de Livros Infantis), Tsiolkóvski, em Moscou; Svoí knigui (Livros Seus) e Books&More, em S. Petersburgo.

Extraído do sítio Gazeta Russa

PREMIO PORTUGAL TELECOM DE LITERATURA HOMENAGEOU LUIS FERNANDO VERISSIMO


O anúncio dos finalistas do Prémio Portugal Telecom de Literatura terminou com uma homenagem ao escritor brasileiro Luís Fernando Veríssimo, com a leitura de textos do autor, na noite de 9 de setembro, em São Paulo.

Luís Veríssimo, que integrava a lista dos semifinalistas com o livro "Diálogos Impossíveis", não chegou à final já que o prémio tem por objectivo incentivar escritores que "estão a procurar um caminho" e "precisam de incentivo", afirmou a curadora Selma Caetano.

"Deixar o Veríssimo de fora foi uma dificuldade muito grande para o júri. Por um lado, pensámos na justiça com o texto e, sim, ele merecia estar. Mas pelo outro, ele já é o autor mais vendido no Brasil", acrescentou Selma Caetano.

Os autores classificados para a final também não pouparam elogios a Luís Veríssimo. Noemi Jaffe citou uma frase que o escritor utilizava como estando presente na casa de Frank Sinatra: "Quem tem o maior número de brinquedos, ganha".

"Veríssimo é quem tem o maior número de brinquedos. E ele ganha sempre", afirmou a autora, uma das quatro finalistas da categoria conto/crónica, com o livro "A verdadeira história do alfabeto" (Companhia das Letras).

Os outros finalistas da mesma categoria são "Essa coisa brilhante que é a chuva", de Cíntia Moscovich (Record), "O tempo em estado sólido", de Tércia Montenegro (Grua Editora), e "Páginas sem glória", de Sérgio Sant'Anna, (Companhia das Letras).

O português Valter Hugo Mãe, vencedor do ano passado, chegou à selecção final com o livro "O filho de mil homens" (Cosac Naify), ao lado de Miguel Sanches Neto, com "A máquina de madeira", Daniel Galera, com "Barba ensopada de sangue", ambos editados na Companhia das Letras, e José Luiz Passos com "O sonâmbulo amador" (Alfaguara).

Na categoria poesia, os escolhidos são Paulo Henriques Britto, com "Formas do nada" (Companhia das Letras), António Cícero, com "Porventura" (Record), Eucanaã Ferraz, com "Sentimental" (Companhia das Letras) e Angélica Freitas, com "O útero é do tamanho de um pulso" (Cosac Naify).

Os vencedores serão conhecidos em novembro, na cerimónia de entrega dos prémios.

Extraído do sítio OSol.pt

26 de setembro de 2013

CENTRO CULTURAL CEEE ERICO VERISSIMO INAUGURA MEMORIAL

Memorial Erico Verissimo cumpre
missão de preservar a memória do
escritor, diz Regina. Antonio Paz/JC
Foi inaugurado nesta segunda-feira (23), no Centro Cultural CEEE Erico Verissimo, o Memorial Erico Verissimo. O local, localizado na Rua dos Andradas, 1223, é referência para conhecer o acervo do autor de O Tempo e o Vento. O memorial é uma iniciativa do CCCEV com patrocínios do Grupo CEEE, Gerdau e Pro-Cultura RS. O espaço estará aberto para visitação a partir desta terça-feira (24).

Na cerimônia de inauguração, a diretora do CCCEV, Regina Ungaretti, afirmou que, com a criação do memorial, o Centro Cultural CEEE Erico Verissimo cumpre sua missão de preservar a memória do escritor. Ela ressaltou ainda que o projeto tem o objetivo de reunir amigos e incentivar novos leitores.

Luis Fernando Verissimo, filho do escritor, ressaltou a importância do espaço para que as novas gerações possam conhecer melhor a obra do pai, segundo ele, um dos primeiros autores brasileiros a tratar a temática urbana em seus livros. Luis Fernando elogiou ainda a disposição do acervo. “A melhor maneira de homenagear um criador é com criatividade. E isso não faltou na idealização do Memorial”, frisou.

No terceiro andar do Centro Cultural, os visitantes terão a oportunidade de conhecer originais de obras como Fantoches, uma coletânea de histórias que marcou a sua estreia em 1932, a novela Noite, o segundo livro da trilogia O Tempo e O Vento, O Retrato, publicado em 1951, o segundo volume da autobiografia Solo de Clarineta, e o espaço Nanquinote, dedicado às crianças. Também será revelador conhecer detalhes do seu processo de trabalho, como as rasuras de seus textos feitas à mão, em diferentes cores a cada revisão. 

Outra curiosidade que pode ser conferida sobre a maneira de delinear suas histórias, é o costume que o escritor tinha de desenhar personagens e lugares, a exemplo do mapa da cidade fictícia, onde se passa Incidente em Antares, e o mapa de El Sacramento, cenário de O Senhor Embaixador. A geografia dos lugares estará exposta em 3D, no centro deste andar.

No sexto andar, o tradicional espaço de consulta do CCCEV, a Biblioteca O Continente, ganhou novas instalações e mobiliário, dedicados a exibir parte da coleção. É, portanto, um espaço destinado a estudos e pesquisa tanto para acadêmicos como para o público em geral. “O Memorial tem características únicas pela tecnologia e democratização de materiais com a importância dos que disponibilizaremos de maneira presencial e virtual. Tudo estará digitalizado e disponível também pela internet”, explica Regina.

Extraído do sítio Jornal do Comércio

LUIS FERNANDO VERISSIMO É HOMENAGEADO NA 7ª FELIT - Carlos Andrei Siquara

Festival Literário de São João del Rei começa na próxima quarta-feira ressaltando a crônica.

Luis Fernando Verissimo participa de bate-papo no dia 25 em São João del Rei

Na próxima quarta-feira (25), São João del Rei vai sediar a sétima edição da Felit, festival literário da cidade localizada na região do Campo da Vertentes, que neste ano homenageia o escritor Luis Fernando Verissimo. Uma novidade desta vez é a inclusão de Tiradentes no roteiro de atividades. O município vai receber uma exposição sobre Verissimo, uma mostra de curtas-metragens no Centro Cultural Yves Alves, além de acolher o encerramento da programação, no sábado à noite, com um bate-papo com o jornalista e escritor Carlos Heitor Cony.

“Tiradentes está apenas a 13 km de São João del Rei e a ideia e que aos poucos consigamos ampliar a programação nesse destino que já tem uma grande vocação para sediar festivais. Essa primeira experiência será interessante para visualizarmos outras oportunidades nas edições seguintes”, pontua o curador José Eduardo Gonçalves.

A temática principal, de acordo com ele, é inspirada nos escritos do autor celebrado, o qual vai estar presente no dia 25, no Teatro Municipal de São João del Rei. “Como Verissimo é um especialista na crônica, nós resolvemos convidá-lo para debater o assunto que tem grande projeção no Brasil. É curioso que embora a crônica, às vezes, seja considerada um gênero menor dentre os outros, aqui ela alcançou uma espaço muito importante com o trabalho de escritores como Rubem Braga, Fernando Sabino. Então, a ideia é discutirmos um poucos esses aspectos”, explica.

“A imprensa brasileira não vive sem o cronista. Ele constrói pontos de interlocução muito interessantes entre o jornalismo e a literatura, o que torna o campo muito rico de ser analisado”, acrescenta.

Do elenco de convidados, Carlos Heitor Cony, Carlos Herculano Lopes e Luiz Giffoni são outros nomes que vão trazer outros pontos de vista sobre o tópico em discussão. “O Cony representa um desejo antigo nosso de trazê-lo aqui. Além de cronista ele também já compôs um romance, então, acredito que o bate-papo com ele vai engrossar a discussão sobre as crônicas. O gênero também será foco da conversa entre Carlos Herculano Lopes e Luiz Giffoni”, diz.

Ampliando o debate sobre outras questões que envolvem a literatura, as artes e a filosofia, Márcia Tiburi será outra atração de destaque do evento, na sexta-feira. “Márcia tem uma passagem por diferentes áreas. Ela traz uma visão muito interessante sobre a cultura contemporânea, o que casa bem com o olhar para o presente retratado no gênero das crônicas”, conclui.

Agenda: 7ª Felit - de 25/9 a 28/9 - São João del Rei e Tiradentes.

Extraído do sítio O Tempo 

FEIRA DO LIVRO DE BOM PRINCÍPIO: FABRÍCIO CARPINEJAR SERÁ O PATRONO - Guilherme Baptista

A 8ª edição da Feira será nos dias 10 e 11 de outubro

O escritor Fabrício Carpinejar será o patrono da 8ª edição da Feira do Livro de Bom Princípio, que será realizada nos dias 10 e 11 de outubro na cidade. O evento, conforme informações da secretária de Educação, Cultura e Desporto, Raquel Müller München, deve incorporar também as comemorações da Semana da Criança, com diversas atrações para os pequenos, além da feira, cuja programação ainda está em construção.

Fabrício Carpinejar é poeta e jornalista, mestre em Literatura Brasileira pela UFRGS. Nasceu em Caxias do Sul, em 23 de outubro de 1972. É autor dos livros As Solas do Sol (Bertrand Brasil, 1998), Um Terno de Pássaros ao Sul (Escrituras Editora, 2000, esgotado) (Bertrand Brasil, 3ª edição, 2008), objeto de referência nos The Book of the Year 2001 da Enciclopédia Britânica, Terceira Sede (Escrituras, 2001), Biografia de uma árvore (Escrituras, 2002), Caixa de Sapatos (Companhia das Letras, 2003), Porto Alegre e o dia em que a cidade fugiu de casa (Alaúde, 2004), Cinco Marias (Bertrand Brasil, 2004), Como no Céu e Livro de Visitas (Bertrand Brasil, 2005), O Amor Esquece de Começar (Bertrand Brasil, 2006), Filhote De Cruz Credo (A GIRAFA EDITORA, 2006), Meu filho, minha filha (Bertrand Brasil, 2007, Canalha! (Bertrand Brasil, 2008), Diário de um Apaixonado: sintomas de um bem incurável (Mercuryo Jovem, 2008), Mulher perdigueira (Editora Bertrand Brasil) e Borralheiro (Editora Bertrand Brasil, 2011). Ele estará na feira no dia 10, quando vai falar pela manhã, tarde e noite aos estudantes das séries finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio.

Extraído do sítio Fato Novo

MÊS DO BRASIL NA CHINA E SEMANA DA CULTURA BRASILEIRA EM MACAU

Entre os dias 3 e 29 de setembro, oito cidades chinesas, Pequim, Xangai, Hangzhou, Chongqing, Nanquim, Wuxi, Hong Kong e Macau, receberão mais de 50 eventos culturais: é o Mês da Cultura Brasileira na China. Através de diversas expressões artísticas como concertos musicais, apresentação de filmes, espetáculos de dança e mostras fotográficas, de literatura e de gastronomia, os chineses poderão conhecer a cultura diversificada do Brasil.


E entre 15 de outubro e 11 de novembro, será a vez de a China apresentar aos brasileiros sua programação: o Mês da China no Brasil.

A abertura da programação se deu a partir de show de Francis e Olívia Hime, em Pequim, dia 3. No espetáculo, Sem Mais Adeus, homenagearam Vinícius de Moraes (1913-1980) – este ano comemora-se o centenário de nascimento do poeta. No dia 7, o mesmo concerto foi apresentado no Festival de Jazz de Xangai.

Entre os dias 13 e 14 de setembro, o escritor, editor e mestre em literatura pela Universidade de São Paulo, Leandro Sarmatz, e a escritora e cronista da revista cultural ‘Piauí’, Vanessa Bárbara, falaram aos chineses de Xangai sobre a nova literatura brasileira. Sarmatz abordou, em especial, a literatura do Rio de Janeiro entre as décadas de 1950 e 1970, com as obras de Vinícius de Moraes e de Clarice Lispector (1920-1977).

E ainda em Xangai, dia 13, iniciou-se o 4º. Brapeq – Festival de Cinema Brasileiro na China, em Pequim.

A embaixada brasileira em Pequim, o Consulado-Geral do Brasil em Xangai e o Consulado-Geral do Brasil em Hong Kong são os responsáveis pela organização dos eventos.

No último dia 12, a Embaixada do Brasil na China realizou uma entrevista coletiva em Pequim para lançar o Mês do Brasil na China.

“A cultura é o que faz a identidade de uma nação”, declarou a ministra da Cultura do Brasil, Marta Suplicy, durante a entrevista em Pequim concedida a mais de 20 veículos de imprensa da China. “A nossa música tem forte raiz africana, a nossa gastronomia também. Ao mesmo tempo, temos bastante influência dos europeus e dos povos indígenas. Muitas palavras do português são de origem indígena. Esta miscigenação é o que forma nossa identidade.”

A realização desse Mês da Cultura Brasileira na China faz parte de um acordo assinado em 2011 pelo então presidente chinês Hu Jintao e a atual presidenta brasileira Dilma Rousseff.

II Semana da Cultura Brasileira começou em Macau 

O Estado brasileiro de Pernambuco é o tema central da segunda edição da Semana da Cultura Brasileira em Macau, que decorre integrada no Mês do Brasil da China e arrancou dia 23.

O evento em Macau é realizado em parceria com o Departamento de Português da Universidade de Macau e na qual participam vários académicos.

Além dos filmes e das exposições, a segunda edição da Semana da Cultura Brasileira trouxe até Macau especialistas da literatura do país para discutirem o Sertão – as zonas áridas do interior do nordeste brasileiro – que “inspiram escritores e é fonte muito rica da imaginação artística” da região, explicou à Agência Lusa Raquel Abi-Sâmara, uma das coordenadoras do evento.

Em destaque estará também a literatura de cordel, um género literário típico do Estado e que “está muito vivo, mantendo a sua tradição de retratar em verso a atualidade”, acrescentou a mesma responsável, salientando que ela própria, numa visita recente a Pernambuco, ouviu e leu muitas crónicas relacionadas com as manifestações no Brasil. “Era o assunto do dia”, explicou.

Ao longo da semana, os alunos dos cursos de português da Universidade de Macau vão ter também oportunidade de contactar diretamente com escritores brasileiros, como Adriana Lisboa, galardoada em 2003 com o Prémio José Saramago, que vai apresentar o seu mais recente romance em Macau no próximo fim de semana.

O livro, intitulado Hanói, será apresentado na Livraria Portuguesa de Macau, no final da primeira viagem da autora à China.

Nascida no Rio de Janeiro, Adriana Lisboa vive há seis anos nos Estados Unidos, e Hanói, o seu sexto romance, apresenta-se como um livro sobre “deslocamentos”, onde a cidade evocada no título “é mais um futuro imaginado do que uma localidade geográfica”.

Em declarações à Agência Lusa, Fernanda Gil Costa, diretora do Departamento de Português da Universidade de Macau, explicou que o objetivo da semana cultural “é contribuir para que o Brasil seja mais conhecido em Macau”.

“É o maior dos países lusófonos e, portanto, temos o maior interesse que Macau – onde o português continua a ser Língua oficial, embora se dê pouco por isso – conheça os países da Língua Portuguesa. O Brasil é aquele que tem mais falantes de português no mundo e, por isso, é bastante representativo, quer no presente, quer daquilo que julgamos poder vir a ser o futuro da Língua Portuguesa”, disse.

A mesma responsável acrescentou que o Brasil é, em termos culturais, “muito diversificado e também muito importante porque a cultura brasileira, sobretudo a música, é um evento mundial. E tudo aquilo que tenha a ver com o conhecimento e reconhecimento do caráter impar da cultura brasileira é extremamente importante.” 

Extraído do sítio Ventos da Lusofonia