21 de julho de 2013

LITERATURA FANTÁSTICA GANHA ADEPTOS NO MUNDO INTEIRO - Thuanne Silva

Victor Mascarenhas é autor da ficção científica temperada com dendê, Xing Ling

E se fosse possível viajar para terras distantes, conhecer universos distintos e repletos de mistérios? Não é preciso nenhum tipo de magia para esse devaneio se torne real. A literatura fantástica dá aos leitores essa chance. O gênero literário ganha adeptos no mundo inteiro, com grande variedade de histórias.

Dividido nos subgêneros fantasia, horror e ficção científica, o fantástico vai de encontro ao realismo fechado. "Na fantasia, elementos fantasiosos e mágicos conduzem a trama. Já a ficção científica usa a ciência como tema e o horror usa o sobrenatural para conduzir o leitor à zona do medo, ao obscuro", explica Milena Britto, professora de Letras da Ufba.

De acordo com a professora, o fato de este tipo de literatura lidar com mistérios e emoções fortes aguça a curiosidade dos leitores, sobretudo dos jovens.

Para o jornalista e escritor Carlos Ribeiro, a popularidade do gênero é atribuída, principalmente, à "necessidade de superar, como disse Ítalo Calvino, o pesadume, a inércia e a opacidade do mundo".

Mercado brasileiro 

No Brasil, nomes como Raphael Draccon, André Vianco e Eduardo Spohr são referências e sucesso de vendas.

"Houve um grande boom no mercado brasileiro nos últimos anos. Antes, havia uma saturação de literatura estrangeira. Hoje, nós temos confiança nesse tipo específico de leitor", avalia Raphael Draccon, autor da saga Dragões de Éter e curador do selo Fantasy, da editora Casa da Palavra.

Para Draccon, a vantagem dos leitores em acompanhar o trabalho dos brasileiros é poder interagir com os escritores, devido à proximidade e ao contato constantes, realizados, principalmente pela internet.

O selo independente Draco (www.editoradraco.com) é especializado neste tipo de ficção. Para o editor Erick Santos, o objetivo é "encontrar e publicar autores brasileiros com o mesmo tratamento editorial das grandes editoras às traduções de obras estrangeiras".

Escritores baianos

Formada em secretariado executivo e fisioterapia, Lilia Uzêda lançou seu primeiro livro no início deste mês pela Novo Século. Etéreos é ambientado em Lanóvia, território que abriga um portal capaz de conduzir seres humanos e sobrenaturais em uma viagem rumo ao desconhecido. Na trama, o Medalhão Elemental é objeto de disputa entre os personagens. A saga contará com quatro volumes.

"A história surgiu em um dia em que eu estava estressada, perto de me formar. Precisava de algo para me fazer relaxar", relembra. A fisioterapeuta apelou para a escrita. "Criar um mundo imaginário é querer sair um pouco da realidade e viver a fantasia", conta Lilia. Machado de Assis e Marion Bradley são citados como referências.

Na obra Xing Ling - Made in China, estreia do escritor Victor Mascarenhas como romancista, a ficção científica foi utilizada de modo farsesco. "Utilizei a ficção científica como opção estética", explica.

Apesar do tom debochado da obra, que traz especulações urbanas sobre uma Salvador futurista, pode ser feito um paralelo com autores como Aldous Huxley, que influenciaram o escritor. "Assim como ele, criei um universo para falar sobre problemas sérios do presente", conta Victor.

Segundo Carlos Ribeiro, a produção de ficção científica tem um impulso da fantasia e da imaginação, porém, há uma vertente de autores mais presos à ciência. "Em ambos os casos, há uma força imaginativa que desvenda novas concepções de mundo", declara o escritor.

Licínia Ramizete trabalha na área financeira de uma empresa e encara a literatura como um hobby. O Vampiro da Internet, seu primeiro livro, foi inspirado em obras como Entrevista com o Vampiro, de Anne Rice.

Na trama, Marília conhece Gustavo através de um chat e depois descobre que seu amigo virtual é, na verdade, um vampiro. "Gustavo representa tudo que há de perigoso e oculto na rede", comenta Licínia.

Leitores

Raphael Medeiros, 21, leu pela primeira vez Harry Potter, de J.K. Rowling, aos 8 anos. A história do menino bruxo o fez tomar gosto pela leitura. Dentre seus livros preferidos estão O Senhor dos Anéis, de J. R. R. Tolkien. "Esse gênero permite ao leitor utilizar todo o seu potencial interpretativo para dar sentido às histórias", afirma.

Contos de fada foram responsáveis pelo contato inicial de Rebeca Santa Rita com o fantástico. "Eu podia encontrar um refúgio, conhecer mundos e viver grandes aventuras", relembra. A estudante de psicologia é fã de sagas como As Crônicas de Gelo e Fogo, de George R. R. Martin e As Crônicas de Nárnia, de C. S. Lewis. "Cada fase da minha vida tem uma saga favorita".

Lançamentos do gênero fantasia

1. Hemlock Grove Livro que inspirou a série do Netflix. Os jovens Peter Rumancek, cigano que muitos acreditam ser um lobisomem, e Roman Godfrey, milionário esnobe, são os principais suspeitos de um assassinato brutal.

2. O Oceano no Fim do Caminho Primeiro romance adulto de Neil Gaiman desde 2005. O livro conta a história de um homem de meia-idade, que volta à casa onde passou a infância para um funeral.

3. Féerica Ignorada pelos outros seres de Ablach, uma sociedade que prezava pela padronização, a jovem fada Violet parte para o mundo dos humanos, em busca de um lugar ao sol entre as estrelas de Hollywood.

4. Wild Cards Idealizada por George R. R. Martin. No primeiro livro, ao fim da Segunda Guerra Mundial, a Terra é salva de um meteoro alienígena. Porém, o vírus que a bomba espacial carrega espalha-se pelo mundo, dotando alguns sobreviventes de poderes especiais.

Extraído do sítio A Tarde

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