31 de maio de 2013

NOVA YORK GANHA SISTEMA DE ALUGUEL DE BICICLETAS


O projeto do prefeito Mike Bloomberg deveria ter estreado no ano passado, mas falhas técnicas e os estragos provocados pelo furacão Sandy, atrasaram o lançamento.

O CitiBike oferece seis mil bicicletas distribuídas em 330 estações em Manhattan e Brooklyn. Ele já tem mais de 10 mil usuários cadastrados.

O lançamento oficial do sistema será no próximo domingo (02/06) sendo que a maioria das estações para bicicletas azuis já foram instaladas em Manhattan e no Brooklyn.

Apesar do beneficio que o sistema irá oferecer a cidade e as pessoas, alguns comerciantes criticam o sistema e acusam as estações de diminuir o espaço para o estacionamento de carros e de dificultar o acesso a ambulâncias e carros de bombeiros.

O fato do sistema ser patrocinado por um banco, o Citibank que deu nome ao projeto, também gera algumas críticas. O prefeito Mike Bloomberg se defende afirmando que está implementando um novo sistema de transporte, sustentável e não poluente, a custo zero para o contribuinte de Nova York.

A cidade tem 1.440 mil quilômetros de ciclovias, que dividem espaço com grandes avenidas. A cada ano surgem novos 80 quilômetros de faixas exclusivas para ciclistas.

Nova York se tornará a terceira cidade do mundo em número de bicicletas para uso livre, atrás de Hangzhou (China), com 60.000, e Paris, com 20.000.

O princípio é o mesmo daquele na maioria das outras cidades onde o sistema foi adotado: a pessoa compra um bilhete diário ou semanal ou uma assinatura anual para trajetos limitados a 30 ou 45 minutos. Se a bicicleta for usada além deste tempo, paga-se um valor adicional.

Quem se inscreve no programa paga uma taxa anual de US$ 95, cerca de R$ 200, mas é possível alugar por dia: 45 minutos saem pelo equivalente a R$ 20.

Por incrível que pareça, há muitas pessoas que não sabem andar de bicicleta.

Com o intuito de estimular a inclusão destas pessoas, estão sendo oferecidos cursos gratuitos de ciclismo pela associação "Bike New York" e já não há mais vagas disponíveis.

Após duas horas, já é possível ver os estreantes pedalando igual a profissionais.

Depois de ter experimentado uma bicicleta azul, David Dartley, um artista de 38 anos ficou encantado e está disposto a utilizá-la para todos os seus deslocamentos profissionais curtos em Manhattan.

"É melhor que o táxi ou o metrô. E também poderia sair para tomar uns drinques nos bares à noite sem ter que me preocupar em voltar com a bike, pois a deixaria lá", explicou.

Alguns ainda têm dificuldade em se imaginar pedalando em meio à maré diária de táxis amarelos, mas David é otimista.

"As pessoas têm muita imaginação. Pode dar medo, mas quando há tantas bicicletas, os veículos vão ter que se acalmar um pouco e todo mundo ficará mais seguro, inclusive os pedestres", assegura.

Elizabeth Haddad, uma escritora de 26 anos, está mais preocupada, mas também disse que quer tentar: "Vou usar um capacete, vale a pena".

Elizabeth teve sua bicicleta roubada há pouco tempo e sente-se feliz com a chegada do programa.

"Usei na França e foi realmente muito bom", explicou, acrescentando que só lamenta que as 'bikes' nova-iorquinas não tenham a cestinha na frente como as francesas.




Extraído do sítio Ecofidelidade

BOLIVIANA LEVA COSMOVISÃO ANDINA A BIENAL DE VENEZA

La Paz, 29 mai (Prensa Latina) As obras metafísicas, reflexivas e inspiradas na cosmovisão andina da pintora Sonia Falcone representarão a Bolívia na próxima Bienal de Veneza, que será realizada entre 1 de junho e 24 de novembro deste ano.Segundo informou o Instituto Ítalo-Latino-Americano, um dos organizadores da amostra, as obras da artista serão expostas como parte do Pavilhão Latino-americano da Bienal, que este ano explorará as relações entre a Europa e a América Latina e os vínculos entre criadores das duas regiões.

O eixo temático da exposição latino-americana que leva como título 'O Atlas do Império' pretende explorar novos aspectos geopolíticos da arte contemporânea.

Junto à Sonia Falcone, exporão artistas da Argentina, do Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela.

Considerada uma das pinceladas distintivas da pintura intimista e da tradição dos povos originários, a obra de Falcone se caracteriza por usar motivos ancestrais como o arco-íris, as cúpulas nevadas das montanhas dos Andes, chamas e peixes, assim como alusões ao sangue, à guerra e ao amanhecer.

Nascida em 1965 na oriental cidade de Santa Cruz da Serra, a pintora se caracteriza também por sua militância social e seu trabalho pelos direitos das crianças e das mulheres.

Extraído do sítio Agência Prensa Latina

RIVERSIDE DE GLASGOW É O MUSEU EUROPEU DO ANO

Museu Riverside de Glasgow. Fotografia © D.R.

O Prémio Museu Europeu do Ano foi atribuído ao Museu Riverside de Glasgow na Escócia.

A cerimónia do anúncio do vencedor realizou-se em Tongeren, na Bélgica, no último dia da Assembleia Geral da organização, que coincide com o Dia Internacional dos Museus.

O Museu da Comunidade da Concelhia da Batalha, que era um dos finalistas com o Machado de Castro, de Coimbra, foi distinguido com o Prémio Kenneth Hudson do Fórum Europeu dos Museus.

O Museu de Arte de Riga, o Museu de San Telmo em San Sebastian, Espanha, e o Museu Gobustan, no Azerbaijão, foram distinguidos com menções honrosas.

Entre os finalistas estavam também o Museu de Arte Clássica, em Mougins, França, o Museu Marítimo, em Kotka, na Finlândia, o Museu de História Natural, em Veneza, Itália, o Museu Alpino, em Berna, na Suíça, o Museu Etnográfico da Eslovénia, o Museu de História Natural de Barcelona, em Espanha, e o Museu do Mosaico, em Gaziantep, na Turquia.

O Prémio Museu Europeu do Ano (European Museum of the Year Award - EMYA, na sigla original) foi entregue em 2012 ao Museu Madinat al-Zahra, da cidade espanhola de Córdova, numa cerimónia que decorreu em Penafiel, cidade portuguesa anfitriã da cerimónia, nesse ano.

O Fórum Europeu dos Museus é uma organização transnacional sem fins lucrativos, que se dedica há 35 anos a melhorar a qualidade dos museus europeus.

Na área da museologia, este galardão é o principal e o mais antigo dos atribuídos pelo EMF, e também o mais prestigiado na Europa. Foi criado com o objetivo de reconhecer a excelência no setor museológico europeu e de promover processos inovadores no setor.

O tema deste ano do Dia Internacional dos Museus é dedicado à influência da memória e da criatividade, na mudança social.

Extraído do sítio Diário de Notícias.pt

AS MULHERES NA LITERATURA DE SANTA CATARINA - Carol Macário

Conheça a nova geração de autoras catarinenses e as pioneiras no mundo das letras.

Patrícia Galelli representa uma nova geração de autoras catarinenses. Foto: Rosane Lima /ND
Superadas as mágoas da memória patriarcal e a necessária queima de sutiãs em praça pública em que mulheres ergueram suas bandeiras de liberdade depois de séculos de submissão, finalmente é possível gozar de maior igualdade de gêneros, e em todos os sentidos. Especialmente nas letras (a literatura muito reflete a vida real) se observa que delicadeza, sensibilidade ou percepção intuitiva do mundo não é exclusividade feminina, bem como racionalismo e objetividade (e às vezes, por que não?, grosseria) não é aptidão masculina. Não existe literatura feita por homens ou por mulheres. Existe a boa. Ou a ruim.

Mas no século 21, passado um tempo relativamente curto do período em que mulher que publicava livro era considerada exibida, elas praticamente dominam o universo literário. Em Santa Catarina, cinco anos atrás o escritor de Jaraguá do Sul Carlos Henrique Schroeder já anunciava que havia mais mulheres escrevendo do que homens. O fenômeno é desencadeado pela nova geração de autoras, jovens (muitas abaixo dos 30 anos) e bem mais desapegadas que os homens.

“Eu aposto as minhas fichas nas escritoras, elas estão mais descoladas, menos provincianas, experimentando mais, e são menos birrentas quando o assunto é escrita, na literatura os homens são mais invejosos e traiçoeiros”, diz o autor.

Não só em Santa Catarina como em todo o Brasil, a literatura escrita por mulheres só aparece no começo do século 20. Ainda que produtivas, como lembra a pesquisadora Zahidé Muzart, 73, que em 1999 publicou o livro “Escritoras brasileiras do século 19”, estudo pioneiro na área, elas foram excluídas dos catálogos literários, feitos quase que unicamente pela crítica e historiografia masculinas.

Passadas revoluções culturais e sexuais, as mulheres de hoje do Estado estão desprendidas ao ponto de extravasar suportes e levar a literatura para outros universos.

Literatura além do papel 

Aos 27 anos, Ryana Gabech tem quatro obras publicadas, nem todas em livro. “Sempre achei que as coisas não eram separadas.” Ela nasceu em Campinas, mas passou parte da infância em Itajaí e depois mudou-se para Florianópolis. Sua escrita beira a poesia, a música, a performance, as artes visuais. “Trabalho a poesia em diversas dimensões. Alguns poemas são feitos para o papel, outros não. E o redescubro também nas artes plásticas ou no som”, diz ela.

Ryana integra uma geração que experimenta mais, transborda o papel e faz a literatura se libertar do tradicional. Assim como ela outras autoras também atuam nas artes visuais, como Raquel Stolf e Silvana Leal, por exemplo. “Eu e vários poetas trabalhamos para que ele se alastre, o poema. A poesia quer ocupar outros espaços”, diz. Dentre suas obras, destaque para “A data invisível do poema” e “Trêmulo”.

Bruna Konder, 27, apesar de ser uma romântica à moda antiga, mulher intensa, personagem de um romance parnasiano que inclusive adota um pseudônimo, é outra jovem autora que experimenta a literatura tanto por meio do tradicional livro, quanto com a escrita na internet e a transformação das histórias em filme. Ela é estudante de cinema, e está produzindo uma vídeoarte sobre os diálogos entre ela e o ex-namorado, escritos no seu blog, o Redoma de Cetim (http://www.redomadecetim.blogspot.com.br/) – quem assina é seu alterego, Carlota Violeta.

Neta de Márcia Konder, escritora e atriz, Bruna publicou o primeiro livro no ano passado, “Luxuriosa Catarse” (Bernúncia Editora), em que reuniu textos, a maioria poemas, de seu diário pessoal. “Toda menina tem um diário, eu tinha um, e colocava detalhes da minha vida. Comecei a escrever aos 19, terminei aos 23.” Na obra, ela esmiúça com escrita refinada e leve ironia (ou ora o peso da vida, da arte, dos sensíveis lhe cai nas costas e na mão que escreve) detalhes dolorosos de sua trajetória – amores e desamores, a doença não usual em jovens descoberta há poucos anos (distonia pré-parkinson), ser jovem, afinal.

Romântica à moda antiga, Bruna konder extrapola o papel em seus escritos. Foto: Rosane Lima / ND

Jovem maturidade 

Apontada por Carlos Henrique Schroeder como “uma autora de pegada”, Patrícia Galelli, 24, vai publicar seu primeiro livro no dia 11 de julho, na Capital. “Carne Falsa” é um trabalho de sete anos, iniciado quando ela tinha 17 anos. “A literatura é um trabalho pesado”, diz, com maturidade. A obra não é autobiográfica, mas passa algumas impressões suas, revoltas, pensamentos sobre a morte, o amor, o sexo, “coisas que fazem parte da nossa construção enquanto ser humano”, explica. Tudo isso em 50 micronarrativas ou pequenos contos.

“Sou escritora por um acidente cósmico”, afirma. Nascida em Concórdia, ela mora em Florianópolis há dois anos e é formada em comunicação social. “A literatura quer deformar a realidade. Ela tem com uma quebra de linguagem e faz com que as coisas habituais tornem-se percebidas.” A escrita, no caso dela, acontece mesmo como intuição. “Essa vontade vem de um encantamento pelo mundo, e ao mesmo tempo uma indignação.”

“Madame Bovary c'est moi" 

Para a escritora de Florianópolis Edla Van Steen, 76, não existe literatura escrita por homem ou por mulher. Ela recorre a uma história conhecida para exemplificar, de quando perguntaram ao francês Gustave Flaubert (1821 – 1880) quem é Emma Bovary, protagonista do romance “Madame Bovary”, publicado em 1857. Ele respondeu: ces’t moi. Sou eu. “Para mim não importa o gênero”, concorda Patrícia Galelli.

“Tem muitos homens que escrevem com extrema sensibilidade. E tem mulheres que escrevem tamanhas grosserias”, observa a escritora Urda Alice Klueger, 61. Ela tem 21 livros publicados, entre romances históricos, crônicas e literatura infantil, além de participações em coletâneas.

A discussão sobre gênero, hoje considerada ultrapassada, faz sentido quando se volta um pouco na história e se descobre o quanto as mulheres demoraram a aparecer no universo literário – muito mais por falta de espaço formal do que por falta de produção. “As mulheres que escreviam poesia eram nobres e decentes. Romance não era para uma senhora, então tinha que ser uma coisa mais velada”, afirma Zahidé Muzart.

As Pioneiras

“D. Narcisa de Villar” é considerado o primeiro romance escrito por mulher em Santa Catarina. Foi publicado em 1859 por Ana Luiza de Azevedo Castro (1823 – 1869), professora de São Francisco do Sul. “O pseudônimo era bastante usado”, diz Zahide Muzart. Ana Luiza, para defender-se da crítica, usou Indígena do Ipiranga para contar uma história de amor entre uma filha de fidalgos e um índio. “Em alguns romances notam-se também que os protagonistas tinham final trágico. A morte seria a saída em alguns casos, como um castigo”.

Eglê Malheiros também lembra que muitas mulheres escreviam poesia em meio aos cadernos de receita, como disfarce. Já outras tinham uma vida com doses de clausura ou loucura, como Júlia da Costa (1844 – 1911), de São Francisco do Sul. Tendo que casar ainda jovem com um homem mais velho e rico, como escreveu Celestino Sachet em “A literatura dos catarinenses”, ela teve o mérito de ser a “primeira mulher que se abriu para a vida valendo-se do poema, que lhe garantia canais de comunicação no jornal e no livro.”

Além de Ana Luiza e Júlia, outras pioneiras foram Delminda da Silveira (1854-1932), que escreveu 22 singelos contos em que exorciza fantasmas e cria metáforas para suas fantasias eróticas; Antonieta de Barros (1901 – 1952), que embora tenha sido professora e a primeira deputada do Estado, publicou no livro “Farrapos de Ideias” suas crônicas e idéias avançadas sobre o mundo; e muitas outras, como Lausimar Laus (1916 – 1979), Maria Carolina Corcoroca de Souza (1854 – 1910) e Gestrud Gross Hering (1979 – 1968).

“Santa Catarina não era nada dois, três séculos atrás. E depois tinham as colônias de imigrantes, e nesses lugares falava-se o idioma da terra natal. Portanto as pessoas escreviam e muito, mas em suas línguas maternas. Por isso muitas autoras passaram batido”, observa a escritora e historiadora Urda Alice Krueger. 

Maura de Senna Pereira insurgiu contra o conservadorismo na Capital em meados do século 20. Foto: Divulgação/ND

Desbravadoras do século 20

Quando Edla Van Steen publicou seu primeiro livro em 1963, o caminho já havia sido aberto por outras autoras brasileiras – ela lembra Raquel de Queiroz (1910 – 2003) e as primeiras catarinenses. “Antigamente mulheres publicavam só poesia, e escritoras como a Raquel trouxeram qualidade de texto. Eu já cheguei com tudo aberto”, diz. Edla tem 29 obras publicadas, entre contos, romances, entrevistas, peças de teatro, biografias e livros de arte – quatro delas traduzidas para o inglês. “Quando penso que não tenho mais o que dizer, sento e digo muito.”

A escritora e tradutora Eglê Malheiros, 84, nascida em Tubarão, também encontrou caminho aberto nas letras quando nos anos 1950 e 1960, junto com os intelectuais do Grupo Sul, fez uma revolução artística e cultural em Florianópolis. “Quando comecei a escrever ainda era necessário às mulheres se afirmarem e reafirmarem a todo instante.” Ela tem uma produção pequena se comparada à de Edla – um livro de poemas “Manhã”, de 1952, e duas histórias infantis “Desça menino” (1985) e “Os meus fantasmas” (2002), além de contos e artigos publicados em coletâneas. Começou a publicar crônicas na revista “Sul”, periódico que circulou entre 1947 e 1957.

Ela e o companheiro inseparável Salim Miguel, 89, continuam em ampla atividade – Eglê tem tantos textos que dariam para publicar outros livros. “Ninguém escreve para não ser lido”, diz ela, sobre seu processo criativo. E conclui: “tenho que dedicar algum tempo para reunir tudo e publicar.”

Sobre as autoras do século 20, o escritor Celestino Sachet lembra algumas escritoras que também reverberaram no século passado, como Maura de Senna Pereira (1904 – 1991), jornalista, professora e escritora que insurgiu contra a mesmice e conservadorismo da Capital em meados do século passado.

Extraído do sítio Notícias do Dia

IDOSOS VIVEM POR MAIS TEMPO E DOENTES, APONTA PESQUISA DA USP

Pessoas de idade vivem um período longo com doenças crônicas típicas da faixa etária.


A expectativa de vida da população brasileira cresceu nos últimos anos, mas os idosos estão vivendo com menor qualidade de vida, pois convivem por mais tempo com doenças crônicas típicas de sua faixa etária. Isso é o que apontou uma pesquisa conduzida pelo médico geriatra Alessandro Gonçalves Campolina, que faz parte de um estudo, chamado Sabe (Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento), que vem sendo desenvolvido na FSP-USP (Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo).

Campolina é autor da pesquisa que buscou avaliar a ocorrência de um processo chamado de compressão da morbidade, ou seja, se o intervalo entre o aparecimento da doença e a morte estava diminuindo e se o aparecimento da doença estava sendo postergado para os últimos anos de vida. Para ele, a pesquisa demonstrou que, no caso específico de São Paulo (Campolina acredita que esses números se assemelham aos do restante do país, embora nenhum estudo semelhante tenha ocorrido em outros lugares do Brasil), está ocorrendo um fenômeno oposto: a expansão da morbidade o que, segundo ele, é um aspecto negativo, pois a população passa mais tempo doente.

Em 2011, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a expectativa de vida ao nascer no Brasil era 74 anos e 29 dias, o que representou um incremento de três anos, sete meses e 24 dias sobre o indicador de 2000. Praticamente no mesmo período, entre 2000 e 2010, a pesquisa desenvolvida por Campolina detectou que os idosos estão vivendo com menor qualidade de vida, pois convivem por mais tempo com doenças crônicas típicas de sua faixa etária.

— Esse projeto é parte de um estudo maior, que é o Sabe, que vem acontecendo na faculdade desde 2000. É um estudo populacional que tem uma amostragem das diversas regiões representativas de São Paulo e que vem seguindo essa população de idosos, com mais de 60 anos, desde 2000, fazendo avaliações periódicas e incluindo novas populações de idosos para fazer comparação entre gerações. Em 2000 foram acompanhados 2.143 idosos, que passaram a ser seguidos pelo projeto, em domicílio. Já em 2010 foi feita uma nova comparação.

Segundo Campolina, a pesquisa avaliou o impacto das doenças crônicas que acometem a população idosa em termos de expectativa e de qualidade de vida.

— Se as pessoas continuassem vivendo no estado em que elas estão agora, com as doenças crônicas, as doenças seriam mais frequentes e haveria mais comprometimento da qualidade de vida.

Quando se fala de doenças crônicas relacionadas à população idosa, explicou Campolina, a pesquisa refere-se principalmente à hipertensão arterial, diabetes, às doenças cardíacas, à doença pulmonar crônica, às doenças mentais, como depressão e demências, às doenças articulares, como artrite e artrose, e às quedas.

Mas a pesquisa, de acordo com Campolina, também demonstrou que, caso fossem desenvolvidas políticas públicas preventivas voltadas para a população idosa, a situação poderia ser alterada.

— O estudo fez a análise de outros cenários possíveis, ou seja, se essas doenças fossem prevenidas. Isso mostrou que este processo estaria sendo revertido. Aí a população ganharia mais anos de vida e mais anos de vida saudáveis. Se houvesse estratégias que evitassem que as pessoas desenvolvessem a doença cardíaca, por exemplo, praticando atividades físicas e tendo uma nutrição adequada, você teria mais anos de expectativa de vida saudável. E se as pessoas já têm a doença instalada e mesmo assim fizessem esforço para tratamento adequado e controle dessa doença, também haveria um impacto positivo na expectativa de vida saudável.

Para Campolina, as políticas públicas de prevenção voltadas para os idosos ainda “são insuficientes” no país.

— A grande questão do estudo são as políticas de prevenção e de controle das doenças crônicas. Uma questão que acho muito importante é que nessa população específica de idosos, muitos acreditam que não vale mais a pena fazer a prevenção. Há o preconceito de que as doenças já estão instaladas, que as pessoas já estão no fim da vida, mas o estudo mostra exatamente o contrário, inclusive nas pessoas de idade mais avançada. Se as doenças fossem prevenidas e houvessem políticas de atividade física, nutrição, combate ao tabagismo e controle dessas doenças com tratamento adequado, provavelmente essa população viveria melhor, mesmo os mais idosos.

Extraído do sítio R7

TRÊS MULHERES MUDAM O CENÁRIO DAS VINÍCOLAS NO SUL DO PAÍS - Mariana Sanches

Hortência Revanche Brandão Ayub é uma fazendeira ousada. Com a ajuda das duas filhas, atreveu-se a plantar uvas e produzir vinhos de alta qualidade nos pampas gaúchos, um cenário dominado por homens, gado e lavouras de arroz.

Hortência Ayub, no centro, com as filhas Manuela (à esquerda) e Vanessa (à direita). Elas comandam o vinhedo. Foto: Manoel Marques
O figurino é típico do homem rural do Rio Grande do Sul. Botas de couro, bombachas, camiseta de manga comprida. Por baixo do chapéu, no entanto, escorrem longos fios loiros, que descem pelos ombros e emolduram o rosto de Hortência Ravache Brandão Ayub, 60 anos. Batom rosa e trajes rústicos, ela inspeciona com cuidado os 15 hectares do vinhedo que destoa da paisagem de pastos e arrozais do pampa gaúcho. A presença de Hortência e suas uvas ali é quase um atrevimento. Em um ambiente dominado por homens, ela ousou ser fazendeira. No país da cachaça e da cerveja, acreditou que poderia produzir vinhos de alta qualidade. No lugar das culturas agrícolas tradicionais, como a soja, plantou, há dez anos, mudas de vieiras trazidas da França e da Itália. Hortência acreditava que o solo arenoso e o clima da região da Campanha – muito frio no inverno e quente e seco no verão– produziriam frutos bons o bastante para serem convertidos em uma bebida fina. Ela tinha boas razões para tentar. Há algum tempo, havia deixado de trabalhar com arquitetura e decoração, sua área de formação. E sonhava em trazer as duas filhas, uma advogada (que passou parte da carreira em Porto Alegre) e uma arquiteta (que à época morava em Portugal) mais perto de si, em Itaqui, na fronteira com a Argentina. “Eu precisava encontrar uma atividade que envolvesse mais as mulheres. E a uva tem essa característica feminina, exige toda uma delicadeza no manejo”, afirma Hortência.

As uvas Merlot são matéria-prima para os vinhos. Foto: Manoel Marques
A ideia deu certo. Ao lado das filhas Manuela, 33, e Vanessa, 36, ela comanda a produção de cerca de 30 mil litros anuais de vinhos e espumantes finos, feitos a partir de 11 variedades de uvas, colhidas manualmente e, de preferência, por mulheres. “Elas são muito mais cuidadosas ao recolher os cachos, sabem quais selecionar ou descartar”, afirma Hortência. “O vinhedo é responsável por 70% da qualidade do vinho. Por isso, pelo menos metade dos nossos funcionários são mulheres”, diz.

É Vanessa quem se responsabiliza por fazer os contratos de trabalho. Para garantir um bom produto, antes da colheita, as uvas são submetidas a testes que determinam a acidez e o teor de açúcar da fruta. Este é o traba­lho de Daniela Basílio, 27. Ela e o marido podam as videiras e comandam a colheita. “Gosto muito mais de ir para o vinhedo do que de ficar em casa fazendo tarefas domésticas”, afirma Daniela. Ela, que completou apenas o ensino fundamental, fez cursos para aprender a trabalhar com uvas e afirma que o empre­go ajuda a manter a igualdade entre o casal. “Vamos os dois para a lavoura de manhã e depois meu marido me ajuda a limpar a casa, a lavar a louça, a roupa.”

Hortência e suas filhas comandam a produção de cerca de 30 mil litros anuais de vinhos e espumantes finos. Foto: Manoel Marques.
Depois que saem do vinhedo, as uvas vão direto para a vinícola Campos de Cima, projetada por Manuela, a caçula de Hortência. “Fiquei anos estudando para fazer o projeto, visitei bodegas na Europa até chegarmos a esse modelo de construção”, diz. A vinícola está quase pronta. É equipada com máquinas italianas de processamento da uva, tanques de inox e barris de carvalho, que garantem a fermentação mais adequada para cada tipo da bebida. Capricho­sa, Manuela escolheu o arenito rosa, pedra típica das redondezas de Itaqui, para revestir as paredes da vinícola. Para manter o estilo sem se preocupar com o barro da colheita, ela gosta de usar melissas, fáceis de limpar. Diante de lamaçais, apela para as galochas, que sempre mantém no carro. “Depois de estudar em Barcelona e morar em Lisboa, eu não achava que voltaria a viver em Itaqui. Mas a crise na Europa e a possibilidade de ganhar dinheiro com o vinho no Brasil me convenceram”, diz a arquiteta, que trouxe consigo a filha e o marido português.

Hortência em frente à sede da fazenda. Foto: Manoel Marques.
Os produtos da Campos de Cima foram premiados em concurso mundial, em Bruxelas, na Bélgica. E seus preços são altamente competitivos, graças ao controle total da produção e à venda direta ao consumidor, feita pela internet. A garrafa mais barata da vinícola, uma composição de Merlot, Cabernet Sauvignon e Tannat, custa R$ 12. Já o espumante de Chardonnay e Pinot Noir, considerado o terceiro melhor espumante brasileiro na Expovinis 2012, maior evento do setor nas Américas, sai por R$ 35. Ainda assim, há resistências no mercado interno. “O brasileiro ainda tem muito preconceito com o vinho nacional. Prefere pagar mais caro pela bebida chilena de pior qualidade do que comprar um excelente nacional. É cultural”, diz Hortência.

Nuno Duarte, enólogo português contratado em 2013. Foto: Manoel Marques.
Poucas mulheres conseguem a façanha de se tornar empresárias do agronegócio, como fizeram Hortência e suas filhas, Manuela e Vanessa. Uma pesquisa recém-divulgada pelo Sebrae, a Agência de Apoio ao Empreendedor e Pequeno Empresário, mostrou que o empreendedorismo feminino tem crescido em todo o Brasil e em todos os setores da economia.

A agricultura, no entanto, é o setor mais fechado para elas. “Atualmente, as mulheres ainda têm uma participação mais forte no comércio e em serviços. E começam a aparecer também na indústria”, afirma Luiz Barreto, presidente do Sebrae. “O avanço no agronegócio, um reduto masculino, também é percebido, porém, de forma bem mais modesta. Em 2001,9% das mulheres donas de negócios estavam no agronegócio. Em 2011, essa participação cresceu para 11%”, diz Barreto. Hortência sentiu na pele as dificuldades de ser chefe no campo. “No começo não foi nada fácil. Eu dava uma ordem e os homens ficavam olhando para mim, não se moviam, quase como se não acreditassem que eu ia dizer a eles como trabalhar”, conta rindo. “Hoje, essas barreiras já diminuíram muito.”

Manuela, a filha caçula de Hortência, degusta um vinho. Foto: Manoel Marques.
Quando resolveu plantar uvas em meio aos tradicionais campos de arroz do pampa gaúcho, houve quem duvidasse da aposta de Hortência. Achavam que ela perderia os R$ 2,5 milhões investidos no vinhedo e na vinícola. O tempo transformou os críticos em aliados e em concorrentes. Quando Hortência começou a empreitada, havia apenas duas vinícolas em toda a região da fronteira gaúcha com o Uruguai e a Argentina. Hoje, são 16. De acordo com o Instituto Brasileiro do Vinho, há 1,3 mil hectares plantados com videiras em nove municípios da Campanha, envolvendo pelo menos 150 produtores. A região já é responsável por 15% da produção brasileira de vinhos finos.

O brinde é feito com espumante produzido por elas. Foto: Manoel Marques.
Parte desse total vem da fazenda de Hortência, que chega a trabalhar até 12 horas por dia à frente do negócio. Nem os apelos do neto Mathias, de 5 anos, que insiste em se pendurar no pescoço da avó todas as manhãs e implorar para que ela não saía, a impedem de cumprir sua jornada. Além de administrar, Hortência não se importa em ajudar na colheita e até mesmo de colocar o rótulo nas garrafas que produz. Hoje, o vinhedo já se sustenta. “Proporcionalmente, é o setor com maior potencial lucrativo de toda fazenda”, afirma Hortência. “Nos próximos anos, tenho certeza de que iremos recuperar todo o investimento e elevar o vinho brasileiro a um patamar de qualidade diferente de tudo o que já foi feito no País.”

Extraído do sítio Revista Marie Claire

30 de maio de 2013

29ª FEIRA DO LIVRO DE CANOAS VAI TER 196 ATIVIDADES - Ronaldo M. Botelho


Uma aula magna com o escritor paraibano Ariano Suassuna vai integrar a programação da 29ª Feira do Livro de Canoas, que abre no próximo sábado, dia 1º de junho. Considerada pela Câmara Rio-grandense do Livro como a 2ª maior do Estado, a Feira do Livro de Canoas chega a sua 29ª edição integrando o calendário nacional de feiras de livro, desde 2011.

A Feira inicia suas atividades a partir das 9 horas, com atividades no Calçadão e na Praça da Bandeira, Centro da cidade. A abertura oficial será realizada às 16 horas, no auditório Vinicius de Moraes. Com o slogan "Ler é descobrir o novo todo dia", a Feira vai movimentar a cidade durante 15 dias, com atividades literárias, debates, oficinas, seminários, lançamentos, mesas-redondas, filmes, exposições.

Nesta edição, o evento conta com 36 livreiros. Toda a programação tem entrada franca. Confira a programação completa da 29ª Feira do Livro de Canoas aqui.

Destaques

A palestra com Ariano Suassuna ocorre no dia 11 de junho, às 19h30, no auditório Vinicius de Moraes. Outra atração especial do evento é a aula-espetáculo com José Miguel Wisnik sobre Paulo Leminski, Dia 13 de junho, às 19h30, no Salão de Atos do Unilasalle.

O evento conta ainda com diversos escritores renomados, entre os quais: Marcelino Freire, Cíntia Moscovich, Luiz Ruffato, Rosana Rios, Léia Cassol, Juremir Machado, Sérgius Gonzaga, Luis Augusto Fischer, Ruy Carlos Ostermann, Cláudia Laitano.

Informações gerais

Poeta homenageado: Vinícios de Moraes
Patrono: Décio Dalke
Escritora homenageada: Luisa Geisler
Cidade Homenageada: Passo Fundo
Tema Literário: Vinicius de Moraes
Xerife: Rafael de Moura

Período: de 1º a 15 de junho - Local: Calçadão e Praça da Bandeira (rua Cônego Leão Hartmann com Coronel Vicente) - Hora: Segunda a sexta: 9 horas às 20h30 - Sábado: 9 às 18 horas - Domingo: 11h às 17 horas - Agendamento de grupos: 3478-4449 ou e-mail: feiradolivrocanoas@gmail.com - Programação completa: www.canoas.gov.br

Número de atividades: 196

Lançamentos:35

Escritores: 27 de Canoas, 54 regionais, 21 nacionais e 2 internacionais (Margarida Botelho de Portugal e Ignácio Martinez do Uruguai), totalizando 104 escritores.

Livreiros: 36

Espaços da Feira do Livro:

Auditório Vinicius de Moraes - palestras e debates (capacidade 200 pessoas)

Espaço Infantil SESC - Contações de histórias e teatro infantil (capacidade 100 pessoas)

Cine Literário: Exibição de filmes seguida de debates com produtores e diretores(capacidade 80 pessoas)

Usina de Quadrinhos e Criação: oficinas e palestras com grandes nomes nacionais dos quadrinhos e animação da ilustração e do cinema (capacidade 80 pessoas)

Café Literário: lançamentos de livros e espaço de alimentação (capacidade 70 pessoas)

Biblioteca na feira: pequeno acervo bibliográfico e possibilidade para cadastro de novos associados a Biblioteca Pública (capacidade 20 pessoas).

Outras atividades:

- Linha da leitura que ocorre de 16 de maio a 7 de junho, são 56 viagens através de um ônibus plotado divulgando a Feira do Livro nos parques, praças, escolas e pontos de leitura, levando atividades culturais, divulgando os escritores que estarão na Feira do Livro

- Distribuição de 2.500 Bônus Livro aos estudantes (valor unitário R$ 20,00)

- Usina de Quadrinhos e Criação

- Cine Literário

Exposições:

- Carlos Drummond de Andrade-Projeto Memória do Banco do Brasil no Cine Literário

- Cidade Poema no Café Literário

- COOJORNAL: um jornal de jornalistas sob o regime militar no Café Literário.

Seminários:

- II Seminário Internacional de Contadores de Histórias(7/6)

- III Encontro Nacional de língua, Leitura e Intermidialidade: A literatura para além do literário.(6/6)

Apoiadores:

- Unilasalle, UniRitter, Ulbra, Clube dos Editores, Sesc, Local, Sindilojas, Plano Nacional do Livro e Leitura, Fundação Biblioteca Nacional, Câmara Rio-grandense do Livro, PROLER, ACE, Casa do Poeta, CORAG, Qoppa.

Extraído do sítio Prefeitura Municipal de Canoas

LITERATURA MARGINAL BRASILEIRA ULTRAPASSA FRONTEIRA DAS PERIFERIAS - Marco Sanchez


Fenômeno ganha espaço e reconhecimento com formas alternativas de publicação e distribuição de sua poesia. Alemanha é o primeiro país a receber a nova literatura marginal brasileira.

Um evento que começou na semana passada em Berlim apresenta ao público alemão vozes raramente ouvidas pelos próprios brasileiros. Escrito sobre as Margens (da Cidade). Semana da Literatura Marginal mostra a literatura feita na periferia dos grandes centros urbanos do Brasil.

"Essa é a primeira semana de literatura marginal fora do Brasil. Nossa intenção é encontrar conexões dessa literatura marginal brasileira dentro das cidades que o evento vai visitar: Berlim, Colônia e Hamburgo", diz Carlos Souza, um dos organizadores do evento. A ideia é achar denominadores comuns entre as cidades brasileiras e alemãs. "Queremos achar a conexão entre a poesia urbana nessas diferentes culturas e encarar a rua como um espaço de socialização, reflexão e discussão."

Souza também é o fundador do coletivo Urban Artitude, que busca estimular ações artísticas com engajamento político e que transitem dentro do universo da cultura urbana. "A linguagem cultural dentro do complexo urbano permite que muitos jovens possam encontrar sua identidade e dialogar com o mundo. Queremos potencializar ações não só no Brasil e na América Latina, mas também na África", explica.

Para o organizador, a literatura marginal no Brasil é um fenômeno que ganhou espaço e, hoje, recebe o reconhecimento do governo como uma importante voz vinda da periferia, além de ser uma "ferramenta importante de manifestação cultural".

Mais de 50 saraus acontecem nas periferias de várias cidades brasileiras
Literatura periférica

"A literatura marginal é a que vem da periferia. Diferente do que era feito nos anos 1970", descreve Sérgio Vaz, poeta e um dos principais nomes do movimento no Brasil. "Gosto do termo literatura periférica porque diz de onde viemos. Antigamente falavam pela gente. Hoje, falamos por nós mesmos", afirma.

Em 2000, Vaz fundou o coletivo Cooperifa (Coordenação Cultural da Periferia) com a ideia de saraus abertos a todos os que quisessem se manifestar através da poesia. "Essa é a literatura dos pobres e oprimidos, o povo se assanhando a contar sua própria história. Não é uma literatura melhor que a acadêmica – muito pelo contrário. Mas é carregada de emoção e verdade", explicou.

A iniciativa começou de forma e em lugar inusitado. "Em 2001, eu e o Marcos Pezão [outro idealizador dos saraus] começamos com a ideia de fazer poesia num bar. Onde vivemos não há cinema, praça pública ou parque. O único lugar público é o bar. Resolvemos então transformar o bar num centro cultural".

A ideia começou a despertar o interesse da população e o projeto foi crescendo. Hoje são mais de 50 saraus que acontecem por todo o país, inspirados no encontro original da Cooperifa. "As pessoas perceberam que não adianta ficar esperando o governo construir um teatro ou um centro cultural. Elas precisam transformar o lugar que elas têm", completa Vaz.

O poeta tem oito livros publicados – começou a publicar de forma independente e hoje faz parte de uma grande editora. "Acho que o escritor tem que correr atrás do seu leitor. Antes era mais difícil. Hoje a poesia pode ser publicada num blog ou no Facebook e tem uma visibilidade imediata", exemplifica o escritor, que publicou seu primeiro livro em 1988 e completa, em 2013, 25 anos de carreira.

Sarau organizado pelo poeta Sérgio Vaz em São Paulo
Diferentes problemas, mesma rua

O movimento da poesia periférica tem ligação com o movimento hip hop, muito forte na periferia de São Paulo. "Foi o hip hop que começou a falar da periferia. Os rappers falavam da sua realidade, dos seus bairros, assim como a Bossa Nova falava de Ipanema e de Copacabana. As pessoas tinham vergonha de falar que moravam na periferia. [Mas] quem deveria ter vergonha é o governo e não a gente. O movimento negro começou a se assumir e o pobre também", diz Vaz.

No Brasil, a celebração da vida na periferia não é exclusividade do hip hop ou do rap. Hoje, outros estilos musicais, como o funk e o samba, também criam uma identificação com o público e um orgulho das origens.

A disseminação da cultura da periferia também acabou com vários clichês. Por muito tempo associado à cultura da periferia, o rap, por exemplo, costuma unir música e poesia. Mas o ritmo acabava se sobrepondo às letras, que se tornavam secundárias para o público.

Com os saraus, a música e a poesia do rap se separaram e as letras passaram a ser mais ouvidas e entendidas pelo público. Artistas de rap costumam recitar as próprias letras nos saraus.

Outro preconceito que acabou sendo quebrado com os encontros nas periferias brasileiras foi o fato de a poesia ser vista como algo "acadêmico e chato" – um clichê que vale não apenas na periferia, mas também em áreas mais ricas das cidades. Os saraus fizeram com que a poesia fosse desmistificada. "Nossos encontros são abertos a todos os tipos de poesia, sem censura prévia. Só temos um limite de tempo para podermos dar voz a todos", avalia Vaz.

O poeta diz também que, apesar de quererem estimular ações de engajamento político, os saraus não permitem discursos panfletários, porque esses adotam um tom de superioridade. Vaz acredita que o público dos saraus tem "ojeriza" a esse tipo de manifestação, considerada arrogante. "A política tem que estar inserida em um contexto poético.", explica. "Temos que entender como a comunidade pensa. Eu tenho que me ajoelhar diante das pessoas, da minha comunidade. Senão não conseguimos nos comunicar".

A série de eventos em Berlim inclui discussões, exibição de filmes, palestras, oficinas, workshops e dois saraus no estilo dos que acontecem na periferia de São Paulo. Um dos eventos acontecerá em Berlim e outro em Colônia, com poetas brasileiros e alemães. Os saraus, que acontecem até esta sexta-feira (31/05) nas cidades alemãs, também serão abertos a todos os que gostam de ou escrevem poesias. Todos os eventos acontecem em alemão e em português.

Extraído do sítio Deutsche Welle

29 de maio de 2013

"PRÊMIO CAMÕES E MIA COUTO É QUASE UMA REDUNDÂNCIA", AFIRMA ESCRITOR CABO-VERDIANO ABRAÃO VICENTE


Cidade da Praia - O escritor, poeta e pintor cabo-verdiano Abraão Vicente afirmou hoje (terça-feira 28) à agência Lusa que o Prémio Camões e Mia Couto "é quase uma redundância", salientando que a distinção atribuída ao autor moçambicano "é mais que merecida". 

"O Prémio Camões e Mia Couto é quase uma redundância. É mais do que merecido. Mia Couto tem sido uma bandeira do que deve ser a lusofonia, do que deve ser o sentimento de falar português a partir de um território africano", afirmou o autor de "1980 Labirintos", editado já este ano. 

Para Abraão Vicente, 33 anos, autor também de "Trampolim" (2010), "E de Repente a Noite" (poesia, 2012) e "Traços de Rosa Choque" (2012), a língua portuguesa "deve imenso" a Mia Couto, "construtor de um nova parede dentro desse edifício que é o português". 

"Devemos imenso a Mia Couto como construtor de um novo estado mental falado em português. Fico grato por este prémio a Mia Couto, pois ele mostra-nos novíssimos caminhos dentro da língua portuguesa e, mesmo assim, acaba por ser o mais tradicionalista de todos os prémios Camões", sublinhou o também deputado do Movimento para a Democracia (MpD, oposição). 

O júri da 25.ª edição anunciou na segunda-feira premiar Mia Couto pela "vasta obra ficcional caracterizada pela inovação estilística e pela profunda humanidade". 

A obra de Mia Couto, "inicialmente, foi muito valorizada pela criação e inovação verbal, mas tem tido uma cada vez maior solidez na estrutura narrativa e capacidade de transportar para a escrita a oralidade", disse à Lusa José Carlos Vasconcelos, membro do júri. 

O Prémio Camões foi criado por Portugal e pelo Brasil e atribuído pela primeira vez em 1989, distinguindo o escritor Miguel Torga. 

É a segunda vez que é escolhido um escritor de Moçambique, depois de José Craveirinha, em 1991.

Extraído do sítio Angola Press

O ROCK DE BRASÍLIA E A HISTÓRIA DE UMA GERAÇÃO - Xandra Stefanel

Jovens vivendo sob uma ditadura e influenciados pelo punk inglês, entre outras sonoridades: a receita para o nascimento de bandas no Distrito Federal, nos anos 1980, mudando a cena musical brasileira.

'Somos Tão Jovens': história de Renato Russo ilustra ambiente político e cultural do início dos anos 1980

Além do filme Faroeste Caboclo, que narra a história de uma das canções mais famosas da Legião Urbana e estreia em 430 salas na semana que vem, está em cartaz o longa-metragem Somos Tão Jovens, espécie de cinebiografia de Renato Russo. Dirigido por Antônio Carlos Fontoura, o filme mostra a trajetória de Renato Manfredini Júnior antes de se tornar o mito Renato Russo. Da adolescência ao surgimento da turma da Colina, um grupo de amigos que transformaria o rock de Brasília em um dos mais viscerais na década de 1980 (e também tema do documentário Rock Brasília – Era de Ouro, de Vladimir Carvalho, lançado no final de 2011). 

O pano de fundo do filmes é uma cidade entediante e opressora. E é neste contexto que Renato e amigos, também fãs do punk inglês, rasgam suas roupas e usam a música para extravasar a energia reprimida. É junto dessa turma, mais especificamente com o início de sua primeira banda, Aborto Elétrico, que ele começa a desenvolver sua habilidade como letrista.

No início do filme, o ator que interpretou Renato Russo, Thiago Mendonça, pode até deixar dúvidas se sua atuação chegará à altura do mito. Mas com o tempo ele incorpora de tal forma os trejeitos e a força de Renato, que acaba se tornando um retrato fiel do cantor. 

Fontoura mostra o contexto em que é gerada a Legião Urbana, mas decide terminar seu filme por aí, antes que ela se tornasse uma das mais importantes e expressivas bandas brasileiras. E está aí o êxito de seu filme, que é repleto de música e jovialidade.

O país ainda estava sob uma ditadura, em 1982, quando a Legião Urbana nasceu. Renato Manfredini Jr., o Renato Russo, já tinha fundado, em 1978, o Aborto Elétrico e em seguida apresentou-se sozinho como Trovador Solitário. As reuniões no conjunto habitacional da Colina reuniam, desde o final da década de 1970, Renato, Fê e Flávio Lemos, André Pretorius, Philippe Seabra entre outros garotos fascinados pelo som das bandas britânicas The Clash, The Cure e Joy Division (Seabra, que formaria a Plebe Rude, é o responsável pela trilha sonora de Faroeste Caboclo). 

Eles faziam parte da classe média de Brasília, eram cultos e adeptos da cultura punk. Como eram jovens contestadores que viviam no centro do poder do país e acompanhavam de perto os desmandos da ditadura, não era de se estranhar que estivessem ávidos para pôr para fora tudo o que pensavam sobre a política e a sociedade da época. Neste cenário, praticamente juntos, nasceria a primeira geração de músicos brasilienses: as bandas Legião Urbana, Plebe Rude e Capital Inicial.

A vida cinza na capital federal e a abertura política que estava sendo gestada moldou completamente rock dessas bandas. O som delas era diferente do rock do Rio de Janeiro e de São Paulo. É certo que postura contestadora do grupo causaria problemas. Já no primeiro show da Legião e da Plebe Rude, em 1982, em Patos de Minas, as bandas cantaram, respectivamente,Que País é Esse? e Vote em Branco e acabaram detidas pela polícia após a apresentação.

Com a Legião Urbana, nasceu uma nova maneira de escrever as letras e de cantar. A angústia e a tensão na música e na voz de Renato eram diferentes de tudo o que existia na música nacional até então. O primeiro álbum, lançado pela EMI em 1985, leva o nome da banda, até então composta por Renato, Dado Villa-Lobos, Marcelo Bonfá e Renato Rocha. Com Geração Coca-Cola, faziam uma crítica nada ingênua aos jovens, uma espécie de desabado, um grito para que sua geração, crescida sob os coturnos da ditadura, acordasse.

O segundo disco, Dois, lançado no ano seguinte, era menos punk e mais folk e trazia os sucessos Eduardo e Mônica, Música Urbana 2, Fábrica e Índios. Foi no terceiro álbum, Que País é Este 1978/1987, que nasceu a triste história de João de Santo Cristo, de Faroeste Caboclo, que acaba de virar filme. 

Em Quatro Estações, de 1989, o tom da banda já estava diferente, mais filosófico e introspectivo. Aqui, novas problemáticas de daquela geração vêm à tona: a sexualidade (Meninos e Meninas e Maurício), as relações familiares (Pais e Filhos) e a Aids (Feedback Song for a Dying Friend, uma homenagem à Cazuza, também contaminado pelo vírus HIV).

Em 1991, quando V foi lançado, Fernando Collor de Mello comandava o Brasil. Além do clima de desesperança que o país vivia, o tom sombrio dos arranjos do disco refletia também o problema que Renato Russo enfrentava com as drogas e a Aids, recém-descoberta.

O disco Música para Acampamentos, de 1992, é uma compilação dos sucessos anteriormente gravados pela banda que serviria como um respiro até que a poeira baixasse e eles pudessem voltar aos estúdios, com O Descobrimento do Brasil, a última (e mais curta) turnê da Legião Urbana. 

Renato lançou dois álbuns solos, The Stonewall Celebration Concert e Equilíbrio Distante. Depois o grupo voltou a se reunir para gravar um novo disco. A Tempestade ou O Livros dos Dias foi feito já com Renato bem debilitado e foi lançado em 1996. Mesmo não tendo anunciado publicamente que era portador do vírus da Aids, era evidente que com Via Láctea Renato Russo se despedia da Legião Urbana e do público ("Eu nem sei por que me sinto assim/ Vem de repente um anjo triste perto de mim/ E essa febre que não passa/ E meu sorriso sem graça/ Não me dê atenção/ Mas obrigado por pensar em mim").

Um mês depois do lançamento do álbum, em outubro de 1996, o vocalista morria, aos 36 anos.

Entre discos gravados em estúdio, ao vivo e compilações, 16 álbuns foram lançados pela Legião Urbana. Não é à toa que o conjunto da obra compõe o retrato de uma geração, com toda sua rebeldia, seus excessos, questionamentos, críticas políticas e os conflitos amorosos, tão presentes nas letras e na vida de Renato Russo.

Extraído do sítio Rede Brasil Atual

QUADRO DE PORTINARI É UM DOS DESTAQUES EM LEILÕES DE ARTE EM NOVA YORK

O aquecimento do mercado de arte e o interesse dos compradores asiáticos devem contribuir para bons resultados em dois leilões de arte latino-americana, nesta semana, em Nova York. "Meninos Soltando Pipas" (óleo sobre tela, 1941), de Cândido Portinari, deve ser a obra brasileira mais valorizada dos leilões, com um valor estimado pela casa Christie's em US$ 1,2 milhão (US$ 2,4 milhões).

"Meninos Soltando Pipas" (óleo sobre tela, 1941), de Cândido Portinari.

A pintura é parte de uma fase na carreira do pintor paulista marcada por referências às brincadeiras infantis, segundo a Christie's.

Entre os demais destaques nas vendas da Christie's e Sotheby's estão uma escultura de bronze de um casal dançando, do colombiano Fernando Botero, e telas do mexicano Alfredo Ramos Martínez e do chileno Roberto Matta.

O mercado artístico está estimulado pelo sucesso de recentes leilões de arte impressionista e contemporânea. Uma sessão da Christie's em 15 de maio angariou US$ 495 milhões (R$ 1 bi), maior valor já registrado em um leilão de arte.

"Obviamente, a venda de arte contemporânea foi histórica", disse Virgilio Garza, diretor de arte latino-americana da Christie's. "Então esperamos continuar com esse nível de energia que o mercado está."

A Sotheby's espera conseguir entre US$ 20,7 a 28,7 milhões (de R$ 42,4 a R$ 58,8 mi) no seu leilão de arte latino-americana que se realizará nesta terça (28) e quarta-feira (29).

Extraído do sítio Portal Vermelho