21 de dezembro de 2012

PRIMEIRA ÁRVORE DE NATAL DA ALEMANHA SURGIU HÁ CEM ANOS - Heike Jüngst


Uma festa sem árvore é impensável para grande parte das famílias alemãs. O famoso pinheiro decorado com bolas e luzes só surgiu há cerca de cem anos. Várias cidades reivindicam a honra de ter montado a primeira árvore.

Com 30 metros de altura e peso de oito toneladas, foi necessário um guindaste para erguer o pinheiro bávaro em Frankfurt do Meno. Lá, na praça Römerberg, diante da prefeitura da cidade, a árvore poderá ser admirada agora por milhares de pessoas que visitam a feira de Natal na capital da província de Hesse.

Ela deverá ser a maior árvore de Natal da Alemanha, conta Jeffrey Myers. O pastor evangélico norte-americano já antecipa o prazer de ver diariamente a árvore: ele mora na Römerberge adora a tradição alemã.

Myers sabe que na Alemanha não há festa sem árvore de Natal. Somente no ano passado, cerca de 21 milhões de árvores naturais enfeitaram as salas de estar alemãs, informa a Associação Nacional dos Produtores de Árvores de Natal. Portanto, ela pode ser considerada uma escultura popular. Mesmo que seja individual, subjetiva, familiar e interpretada de forma diferente em cada região.

Quem inventou?

A árvore de Natal é uma invenção. Isso o autor de livros técnicos Bernd Brunner já deixa bem claro no título do seu livro A invenção da árvore de Natal. A primeira teria surgido em Freiburg, no sul da Alemanha, no ano de 1419. Consta que a corporação de padeiros da cidade enfeitou com pães-de-mel e nozes uma árvore do Hospital do Espírito Santo – porém, não há registro oficial sobre essa história.

Outras cidades também, como Tallin, na Estônia, e Riga, na Letônia, reivindicam para si a primeira árvore de Natal. Mas a lenda de Freiburg é simplesmente mais bonita: no Ano Novo, permitiu-se às crianças os sacudir a árvore, para "saquear" seus doces.

Os mais antigos registros de uma árvore de Natal vêm do sudoeste do espaço germanófono, principalmente dos territórios protestantes. Já em 1535 foi montada uma árvore de Natal na cidade de Schlettstadt, na região da Alsácia. Cidadãos importantes a teriam enfeitado com maçãs e biscoitos em forma de hóstia, a serem consumidos no Dia de Reis.

Um registro oficial de 1539 fala da montagem de uma árvore de Natal na catedral de Estrasburgo. Mais tarde, as corporações e associações decidiram armar pequenas árvores perenes nas casas da corporação. Essa tradição foi disseminada somente no século 19. De início somente as famílias mais ricas podiam ser dar o luxo de ter uma árvore de Natal. A população mais simples tinha que se virar com os galhos e folhas que encontrassem.

Rothenburg: praticamente todas as cidades alemãs organizam feiras de Natal
De culto pagão a árvore dos cristãos

Diversas teorias versam sobre as raízes desse costume. Desde cedo, várias culturas realizavam cultos às árvores: as sempre verdes, como os pinheiros, eram moradia dos deuses e sinal de vida. Dessa forma, esperava-se obter saúde, fertilidade, vitalidade e proteção.

Os romanos já decoravam suas moradias com guirlandas de louros, na virada do ano. A transformação dessa tradição em árvore de Natal se deu a partir dos autos de Natal da Idade Média. Neles, a doutrina cristã era apresentada como peça de teatro, para os fiéis que não sabiam ler.

Durante muito tempo as Igrejas não sancionaval a árvore de Natal "pagã". "Mas o povo se impôs, e a Igreja Luterana seguiu suas tradições democráticas, transformando a árvore de Natal em símbolo da festa para todo protestante crente", diz o pastor Myers, rindo. Com isso, os luteranos teriam assegurado o êxito da árvore de Natal. Por fim, no final do século 19, fontes históricas acusam a adoção do pinheiro de Natal também nas regiões católicas da Alemanha e da Áustria.

Maiores, mais bonitas e excêntricas

Com o passar do tempo, a decoração se tornou mais exuberante e imponente. A primeira árvore de Natal iluminada data de 1611, quando a duquesa Dorothea Sibylle da Silésia enfeitou um pinheiro com velas.

Em 1830 vieram as bolas de Natal, trabalhadas manualmente. De acordo com uma lenda, a ideia de se fabricar bolas a partir de vidro como enfeite para a árvore de natal surgiu de um pobre vidreiro da cidade de Lauscha, no Leste alemão. Era 1847, e ele não tinha dinheiro para comprar as caras nozes e maçãs. Verdade ou não, fato é que ainda hoje a floresta da Turíngia e em especial a região ao redor de Lauscha é um dos mais importantes centros de fabricação de vidro na Europa Central.

Símbolo de reunião familiar
De vidro ou de plástico, as bolas de árvore de Natal fazem parte da tradição. De cores berrantes ou clássicas, multicoloridas ou de uma cor só, elas também estão sujeitas à moda. E o que é moda é mostrado anualmente em Frankfurt na Christmasworld, a maior feira internacional de decoração de Natal.

Jeffrey Myers já teve um estande na feira, mas não por uma questão de moda. Ele e seus companheiros queriam lembrar a origem das festas. "Muitos já se esqueceram dela", acredita. O Natal é a comemoração do nascimento de Jesus Cristo, mesmo que ninguém saiba a real data.

Mas num ponto Myers tem motivo para júbilo: pelo menos os alemães parecem não seguir a moda. Segundo um expositor da Christmasworld, estes preferem os enfeites típicos de sua infância. Assim, as mais usadas na Alemanha continuam sendo as bolas de Natal nas cores clássicas: vermelho, prata e ouro.

Extraído do sítio Deutsche Welle

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Os comentários serão moderados. Não serão mais publicados os de anônimos.