15 de dezembro de 2012

ARQUITETOS CÉLEBRES REAGEM À MORTE DE NIEMEYER

Palácio da Alvorada, em Brasília, projeto de Niemeyer inaugurado em 1958. Thum Fel/ Wikimedia commons

Um "virtuoso" para Zaha Hadid, o "Matisse da arquitetura" para Jean Nouvel, um "herói" para Norman Foster: vários arquitetos célebres homenagearam nesta quinta-feira o brasileiro Oscar Niemeyer, que morreu aos 104 anos de idade.

Para Zaha Hadid, arquiteta britânica de origem iraquiana, "é uma perda enorme. Oscar era um cavalheiro e um arquiteto verdadeiramente grande, um virtuoso!"

"Seu trabalho visionário, demostrando o mais alto grau de originalidade e de sensibilidade espacial, teve uma influência das mais profundas. Isso me encorajou a prosseguir no caminho de uma arquitetura de uma fluidez total", reconheceu ela, que venceu em 2004 o prêmio Pritzker, o equivalente ao Nobel no campo da arquitetura.

"Oscar levou seu trabalho ao mais alto nível, utilizando todas as vantagens do cimento para fazer com ele belas formas fluidas. Nossa profissão perdeu uma grande voz", enfatizou Zaha Hadid.

O arquiteto francês Jean Nouvel declarou que "Orsar Niemeyer era o último monstro sagrado dos arquitetos da modernidade do século 20", com Frank Lloyd Wright, Mies van der Rohe e Le Corbusier.

"Se quisermos fazer uma comparação com a pintura, podemos dizer que Le Corbusier foi o Picasso e Oscar Niemeyer foi o Matisse" da arquitetura, acrescentou ele, que venceu o prêmio Pritzker em 2008.

"Muito tocado" pelo desaparecimento do arquiteto brasileiro, Jean Nouvel, nascido em 1945, sublinhou que na sua época de estudante "Niemeyer era um dos mestres absolutos do momento. Todo mundo falava de sua relação com Le Corbusier".

"Niemeyer partia de um gesto dos mais simples, de um desenho elementar que se tornava por meio da mudança de escala algo inimaginável", disse ainda Jean Nouvel. "Ele representava diretamente o espírito de uma época, dos anos 1950-1970".

O arquiteto britânico Norman Foster se declarou "profundamente entristecido". Oscar Niemeyer "foi uma fonte de inspiração para mim e para toda uma geração de arquitetos. Poucas pessoas conseguem encontrar seus heróis e fico feliz de ter tido a sorte de passar algum tempo com ele no Rio no ano passado", afirmou o arquiteto, que venceu o prêmio Pritzker em 1999.

"Quando eu era estudante no início dos anos 1960, eu observava o trabalho de Niemeyer para me estimular, eu merguhava nos desenhos de cada novo projeto. Cinquenta anos mais tarde seu trabalho continua tendo a capacidade de surpreender", disse Norman Foster, nascido em 1935.

"Durante nosso encontro no ano passado, falamos muito sobre seu trabalho e ele me deu conselhos preciosos para o meu. Parece absurdo descrever um homem de 104 anos como juvenil, mas sua energia e sua criatividade foram uma inspiração para mim. Fiquei emocionado com seu calor e sua grande paixão pela vida e pela descoberta científica: ele se interessava ao cosmo e ao mundo em que vivemos", contou o arquiteto.

"Ele me ensinou que a arquitetura é importante, mas que a vida é mais importante. E no entanto, no final das contas, ele deixa sua arquitetura como herança. Assim como o homem, ela é eternamente jovem", acrescentou Norman Foster.

Extraído do sítio RFI

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