11 de junho de 2012

ALFÂNDEGA GUARDA HISTÓRIA DA CAPITAL

Praça, que vem sendo restaurada há dois anos, deve ficar pronta em agosto.

Ajardinamento é uma das últimas 
etapas do projeto. Crédito: 
Cristiano Estrela
Quem passeia hoje pela frente do Margs está pisando em cima de uma das duas grandes escadarias, que, na segunda metade do século XIX, serviam de entrada e saída de pessoas que utilizavam os botes como meio de locomoção. Naquele tempo, o tráfego era pelas águas. As mercadorias chegavam em barcos carregados que aportavam em um longo trapiche hoje enterrado na avenida Sepúlveda, entre o Margs e o Memorial do Rio Grande do Sul.

Ali foi a infância de Porto Alegre, que se alimentava de produtos vindos de outros estados pelo Porto de Rio Grande e pela Lagoa dos Patos até desaguar no Guaíba, e se sustentava com a venda de seus produtos enviados pelo mesmo caminho. Chegou o tempo do primeiro aterro iniciado no final do século XIX por uma grande cortina de pedras para fazer o imenso Cais do Porto, cujos armazéns margeiam o Guaíba, e o tempo em que os navios deixaram o Centro, com vias ocupadas por carros e pedestres.

Essas são algumas das histórias vividas pela Praça da Alfândega, que nos últimos dois anos tem a arquitetura restaurada pelo programa Monumenta. As escavações arqueológicas chegaram, por exemplo, até a escadaria e os estudos localizaram imagens de satélite que comprovam que o trapiche está inteiro - apesar de enterrado.

Hoje com vias mais largas, menos árvores, bancos reposicionados e mosaicos portugueses reorganizados, ela vive os momentos finais de sua reurbanização. Pelo planejamento, adquire novamente o desenho que tinha por volta dos anos 1930, época tida como áurea pelos historiadores, quando a comunidade a desfrutava como um ponto de encontro, acolhida do antes e depois do cinema, e lugar para cultivar a tranquilidade e a amizade.

Em tempos de outrora, antes do aterro, ela se chamava Largo da Quitanda, praça guardada por senhoras, em geral escravas, que andavam com grandes cestos vendendo comestíveis como doces, rapaduras e batata-doce.

"Um patrimônio histórico não é apenas material, mas social. O significado da praça se completa à medida que as pessoas resgatarem a preciosidade de sua história", afirma a coordenadora do programa Monumenta, Briane Panitz Bicca.

Recém-chegado à cidade, vindo de Belo Horizonte, o funcionário dos Correios Rodrigo Brandão se sente em casa no local. "Trabalho no Centro e aqui espero minha esposa. Consigo, na praça, ter uma tranquilidade, mesmo estando no coração da cidade. As árvores, a distância dos carros e os passarinhos propiciam esse aconchego de todo dia", relata.

A previsão é que a praça fique pronta em agosto. Na última semana começou o ajardinamento, uma das últimas etapas, serviço contratado por R$ 250 mil pela prefeitura. Conforme o arquiteto do Monumenta, Luiz Mirino Xavier, falta retirar o banheiro antigo e finalizar a pavimentação das ruas do entorno e a construção do Caminho dos Jacarandás. Ao lado da Caixa Econômica Federal, o caminho receberá duas bancas de revista, uma de mel, um posto de informação turísticas, sorveteria, floricultura, banheiros e espaço da Smam.

Centro Histórico ganha investimentos

Valorização da região se intensificou a partir de 2006 Crédito: Cristiano Estrela
O desenho de um novo Centro Histórico se estende além da praça, com um investimento financeiro cada vez maior nos últimos anos. Segundo a presidente da Rede de Amigos do Centro Histórico de Porto Alegre, Rita Chang, a valorização da região se intensifica desde 2006, quando o bairro recebeu o novo nome.

Alguns importantes prédios também vêm recebendo vultosos investimentos. Rita cita a reforma do edifício Eduardo Seco, com R$ 6 milhões, e da antiga Livraria Globo, R$ 14 milhões. Outros três empreendimentos comerciais investiram juntos R$ 6 milhões. Podem ser citadas as recentes reformas no prédio do Clube do Comércio, tombado pela prefeitura em 1995, e do Cine Teatro Imperial, que está sendo transformado em um Centro Cultural da Caixa Econômica Federal, num investimento de R$ 26 milhões. “Não temos recursos, mas fizemos movimentos para incentivar esses investimentos”, ressalta Rita.

Extraído do sítio Correio do Povo - 10/06/2012

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