10 de junho de 2012

UMUARAMA RECEBERÁ DOIS MONSTROS SAGRADOS DA LITERATURA E JORNALISMO

A 31ª edição da Semana Literária do SESC, agendada para os dias 10 a 14 de setembro, certamente vai marcar época pelo alto nível de escritores convidados para proferir palestras ao público visitante. Entre os quatro convidados especiais, destacam-se os jornalistas Ignácio de Loyola Brandão e Marina Colasanti, indiscutivelmente dois monstros sagrados da literatura e do jornalismo brasileiros, que já confirmaram suas presenças ao evento. Também virão os escritores Luiz Henrique Pellanda e João Gilberto Noll.

A Semana Literária, que em edições passadas era chamada de Feira do Livro, este ano vai homenagear o escritor paranaense Dalton Trevisan, recentemente laureado com um dos mais importantes prêmios da literatura portuguesa em âmbito mundial.

Para o público infantil, será focado o tema “Os Clássicos Infantis” e, por isso, o evento abrirá espaço para os artistas de Umuarama que poderão expor suas obras, independentemente das técnicas usadas, sejam elas pintura em tela, giz pastel, grafite, personagens em biscuits, desenhos sobre papel, argila, madeira esculpida, etc, desde que estejam relacionadas ao tema da mostra. Os interessados poderão se inscrever desde já no SESC, fone 3623-3536, com a coordenadora Daniela Garcia.

A programação oficial está em fase de finalização, estipulando os dias e horários das palestras e outras atividades da festa literária, que tem como objetivo ampliar o acesso da população de Umuarama à leitura e à literatura, assim como contribuir com o desenvolvimento do mercado do livro, fazer circular novos produtos literários e promover o intercâmbio entre escritores e público locais com personalidades de renome nacional, como é o caso das presenças de Marina Colasanti, João Gilberto Noll, Luiz Henrique Pellanda e Ignácio de Loyola Brandão.

Ignácio de Loyola Brandão

Ignácio de Loyola Lopes Brandão é romancista, contista, cronista e jornalista. Filho do ferroviário Antônio de Maria Brandão e da dona de casa Maria do Rosário Lopes. Na infância e adolescência usufruiu da pequena biblioteca montada pelo pai. Com a publicação de uma crítica de cinema no jornal A Folha Ferroviária, em 1952, iniciou sua carreira na imprensa. Ainda em sua cidade natal, conhece o diretor de teatro José Celso Martinez Corrêa (1937), com quem escreveu um romance, Os Imigrantes, jamais concluído. Em 1957, muda-se para São Paulo e trabalha no jornal Última Hora. Desde 1960 Ignácio tinha na cabeça uma idéia surgida de um conto — sobre um grupo de amigos que vai a uma vila em busca de um garoto que teria música na barriga — escrito para uma antologia de histórias urbanas organizada por Plínio Marcos para a Editora Senzala e que não chegaria a ser lançada. Escreveu, depois, diversas novelas paralelas a ela, ao mesmo tempo em que colecionava recortes de jornais, prospectos e anúncios. Com isso, reuniu material que lhe permitia ter um retrato sem retoques do homem comum, vivendo numa cidade violenta e num clima ditatorial. Em 1974, escreve o romance, com 800 páginas iniciais, sob o título "A inauguração da morte".

Feita a primeira revisão, são cortadas 150 páginas. Entrega, então, o texto ao amigo e escritor Jorge de Andrade, que sugeriu novos cortes — acatados pelo autor. Jorge comenta o romance com Luciana Stegagno Picchio, que lecionava Literaturas Portuguesa e Brasileira na Universidade de Roma. Luciana se interessa pelo texto, já com o título de "Zero" e, após lê-lo, encaminha o livro para a editora Feltrinelli, de Milão, que o publica em uma série intitulada "I Narratori", onde Ignácio fica na companhia do ilustre João Guimarães Rosa, único brasileiro até então publicado.

Em 1975, após o lançamento de "Zero" no Brasil, Ignácio participa de inúmeros encontros com seus leitores, debatendo sua obra e a situação do País. No primeiro encontro, realizado no Teatro Casa Grande, no Rio de Janeiro, ele contou com a presença de João Antônio, Wander Priolli, José Louzeiro, Antônio Torres e Juarez Barroso.

Em julho de 1976 "Zero" recebe o prêmio de "Melhor Ficção", concedido pela Fundação Cultural do Distrito Federal. Em novembro o livro é censurado pelo Ministério da Justiça e sua venda é proibida. Lança "Dentes ao sol" (romance) e "Cadeiras proibidas" (contos) e, em 1977, o infanto-juvenil "Cães danados". Escreve "Cuba de Fidel: viagem à ilha proibida" (livro-reportagem), após participar, em 1978, do júri do Prêmio Casa de Las Américas.

"Zero" é liberado pela censura em 1979. Passa a viver com a jornalista Angela Rodrigues Alves, união que duraria até 1982. Deixa o jornalismo para se dedicar integralmente à literatura.

Aficionado por cinema, em 1961, atua como figurante no longa-metragem O Pagador de Promessas, do cineasta Anselmo Duarte (1920), Palma de Ouro no Festival de Cannes, França, e , em 1963, viaja para Roma com a intenção de tornar-se roteirista na Cinecittà. De volta a São Paulo, estréia no mercado editorial, em 1965, com a coletânea de contos Depois do Sol e, três anos depois, lança seu primeiro romance, Bebel que a Cidade Comeu, logo adaptado para o cinema. Edita, em 1972, a revista Planeta, primeiro periódico esotérico do Brasil. Entre 1979 e 1990, afasta-se do jornalismo para viver exclusivamente de seu trabalho como escritor. Retoma a carreira como diretor de redação da revista Vogue, na qual permanece até 2005. Em maio de 1996, em decorrência de um aneurisma cerebral, submete-se a uma cirurgia de 11 horas, experiência relatada no livro Veia Bailarina.

Marina Colasanti

Marina Colasanti nasceu em 26 de setembro de 1937, em Asmara (Eritréia), Etiópia. Viveu sua infância na África (Eritréia, Líbia). Depois seguiu para a Itália, onde morou 11 anos. Chegou ao Brasil em 1948, e sua família se radicou no Rio de Janeiro, onde reside desde então.

Possui nacionalidade brasileira e naturalidade italiana. Entre 1952 e 1956 estudou pintura com Catarina Baratelle; em 1958 já participava de vários salões de artes plásticas, como o III Salão de Arte Moderna. Nos anos seguintes, atuou como colaboradora de periódicos, apresentadora de televisão e roteirista. Ingressou no Jornal do Brasil em 1962, como redatora do Caderno B, desenvolveu as atividades de cronista, colunista, ilustradora, sub-editora, Secretária de Texto. Foi também editora do Caderno Infantil do mesmo jornal. Participou do Suplemento do Livro com numerosas resenhas. No mesmo período editou o Segundo Tempo, do Jornal dos Sports. Deixou o JB em 1973. Assinou seções nas revistas: Senhor, Fatos & Fotos, Ele e Ela, Fairplay, Claudia e Jóia.

Em 1976 ingressou na Editora Abril, na revista Nova da qual já era colaboradora, com a função de editora de comportamento. De fevereiro a julho de 1986 escreveu crônicas para a revista Manchete. Deixa a Editora Abril em 1992, como editora especial, após uma breve permanência na revista Claudia, tendo ganhado três Prêmios Abril de Jornalismo. De maio de 1991 a abril de 1993 assinou crônicas semanais no Jornal do Brasil. De 1975 até 1982 foi redatora na agência publicitária Estrutural, tendo ganhado mais de 20 prêmios nesta área.

Atuou na televisão como entrevistadora de Sexo Indiscreto, na TV Rio, e entrevistadora de Olho por Olho, na TV Tupi. Na televisão foi editora e apresentadora do noticiário Primeira Mão, na TV Rio, 1974; apresentadora e redatora do programa cultural Os Mágicos, na TVE, 1976; âncora do programa cinematográfico Sábado Forte, na TVE, de 1985 a 1988; e âncora do programa patrocinado pelo Instituto Italiano de Cultura, Imagens da Itália, na TVE, de 1992 a 1993.

Em 1968, foi lançado seu primeiro livro, Eu Sozinha; desde então, publicou mais de 30 obras, entre literatura infantil e adulta. Seu primeiro livro de poesia, Cada Bicho seu Capricho, saiu em 1992. Em 1994 ganhou o Prêmio Jabuti de Poesia, por Rota de Colisão (1993), e o Prêmio Jabuti Infantil ou Juvenil, por Ana Z Aonde Vai Você?. Suas crônicas estão reunidas em vários livros, dentre os quais Eu Sei, mas não Devia (1992) que recebeu outro prêmio Jabuti, além de Rota de Colisão igualmente premiado. Publicou vários livros de contos, crônicas, poemas e histórias infantis.

Em suas obras, a autora reflete, a partir de fatos cotidianos e sobre a situação feminina, o amor, a arte, os problemas sociais brasileiros, sempre com aguçada sensibilidade.

Extraído do sítio Umuarama Ilustrado

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