7 de junho de 2012

VATICANO: UM MUNDO À PARTE - Dayse Regina Ferreira

Muito se tem falado nos últimos tempos do Vaticano, que não sai das manchetes de jornais e revistas, com direito a “Corvos” implantados, movimentos de rebelião interna, que sempre lembra a pergunta “a quem interessa”.

Vaticano, o menor Estado, o mais poderoso, o mais falado no momento. (foto: Dayse Regina Ferreira)


Muito se tem falado nos últimos tempos do Vaticano, que não sai das manchetes de jornais e revistas, com direito a “Corvos” implantados, movimentos de rebelião interna, que sempre lembra a pergunta “a quem interessa”. Desta vez, parece que o criminoso é mesmo o mordomo. Como nos filmes policiais, nos contos de Ágata Christie e Connan Doyle.

A nós o que importa é o Vaticano como porta de entrada da cristandade, o Vaticano como acervo artístico e cultural da humanidade, o Vaticano como atração turística da Itália. Um Estado com menos de 1 mil cidadãos, mas muito além de 700 milhões de súditos. Três vezes e meia menor do que o principado de Mônaco, o Vaticano foi criado em 11 de fevereiro de 1929 e tem súditos espalhados nos quatro cantos do mundo.Todos acatando a vontade do chefe espiritual, Sua Santidade o Papa. O Estado dentro de outro Estado foi garantido pelo Tratado de Latrão, documento assinado pelo então chefe do governo italiano, Benito Mussolini, e pelo cardeal Piestro Gasparri, na época secretário de Estado da Santa Sé. O Vaticano é o único Estado do mundo onde a cidadania não é dos que nascem, mas dos que se tornam seus cidadãos. O Pontífice reside nos palácios apostólicos, no terceiro andar. Como único exército de 99 pessoas, aliás o mais pitoresco do planeta, conta com esses homens jovens, de pelo menos um metro e oitenta de altura, que desde 1.506 prestam serviço voluntário para defender o Santo Padre. Todos sempre foram de cantões suíços e vestem até hoje o colorido uniforme criado por Michelangelo.


Inicialmente a guarda era formada por soldados mercenários, que combatiam por diferentes países da Europa em troca de pagamento, entre os séculos 16 e 19. A guarda foi criada depois do pedido de proteção feito pelo papa Júlio II, em 1503, aos nobres suíços. Dela podem participar apenas católicos entre 18 e 30 anos, com nível superior e boa reputação, e que sirvam apenas ao Vaticano. Severos, intransigentes, são os mais acessíveis quando os turistas procuram tirar retratos. Porque todos, depois de visitarem a Basílica de São Pedro e a praça , considerada uma das mais bonitas do mundo, projetada por Gianlorenzo Bernini para representar imensos braços acolhendo aos peregrinos que visitam a Basílica, sempre vão querer a foto da guarda suíça. A praça é uma elipse de 240 metros, composta por 284 colunas encimadas por 140 estátuas de santos. Dizem que o local antes era o anfiteatro de Nero, onde foram martirizados cristãos, entre eles São Pedro e São Paulo.

A Basílica é considerada como um milagre arquitetônico e o maior da terra. Os tesouros que abriga são inúmeros e os vestígios históricos, importantes. Entre tantas belezas artísticas, debaixo da cúpula admirável de Michelangelo, toda a glória de Bernini. E no centro, o trono de bronze, sustentado por anjos entre nuvens, contendo a cadeira de madeira que, segundo a tradição, era usada por São Pedro em suas predicações. Michelangelo e Bernini deixaram no templo várias obras que marcam o gênio: no lado direito da entrada, a Piedade, única obra que tem a assinatura do artista toscano. Buonarroti teria 17 anos quando esculpiu uma das esculturas mais famosas do mundo e, indignado porque ninguém acreditava que ele, tão jovem, pudesse fazer algo tão grandioso, colocou seu nome na faixa que cruza o peito da Virgem. 


Os cristãos acreditam que na mesma capela da Piedade está uma coluna do templo de Salomão, onde a tradição afirma que Jesus se apoiou. O que não existe na Basílica são quadros pintados. Todos são mosaicos, uma grande sinfonia de cores de 2.800 tonalidades diferentes, que causam efeitos diferentes conforme a luz . Saiba mais no www.vatican.va.

CRIAÇÃO E JUÍZO FINAL

Ninguém em sã consciência vai deixar a Cidade do Vaticano sem passar pela Capela Sixtina, onde acontecem as solenes horas dos conclaves,quando os cardeais escolhem o novo papa. A Sixtina é dominada pelas cenas da Criação e do Juízo Final, de Michelangelo, pintadas entre 1508 e 1512 a pedido do papa Júlio II. Mas toda ela é coberta de obras dos maiores pintores do Século de Ouro: Perugino, Botticelli, Ghirlandaio, Pinturicchio. Uma experiência inesquecível para quem gosta de arte. A capela tem as mesmas medidas que a Bíblia atribui ao templo de Salomão, em Jerusalém.

SETE QUILÔMETROS DE EXPOSIÇÃO

Os Museus do Vaticano têm sete quilômetros de exposição, oferecendo ao público 42 mil metros quadrados de obras de arte de todos os tempos, vistos por cerca de 2 mil turistas-hora nos meses de primavera e verão. Documentos são preservados na biblioteca e nos arquivos e no bunker subterrâneo, onde a temperatura constante é de 18º C, a umidade relativa é de 60 % , protegendo os 70 mil códices, manuscritos, incunabula e 400 volumes dos mais preciosos da civilização humana, além de documentos fundamentais da história da Igreja. Entre eles, autógrafos de São Tommaso e até o pedido de divórcio de Henrique VIII e o pedido de dispensa “Super Defectu Natalium”, ou seja origem materna confusa, assinada por Giovanni Boccaccio. Quem não puder ir até a Itália para ver tanta beleza, pode ver a Capela Sistina pela internet, uma amostra da enorme coleção de arte em Museus Vaticanos. A página permite uma visita virtual, com imagens de afrescos de Rafael e da Capela Sistina em um vídeo tridimensional. Tudo com descrições em espanhol, inglês, francês e alemão (www.vatican.va). 




É bom saber: mais de 10 mil vírus por mês e 30 hackers diários, a maioria americanos, atacam o site do Vaticano. Uma equipe de especialistas se encarrega de interceptar os e-mails maliciosos. O papa não tem e-mail pessoal e as mensagens dirigidas a ele passam por outros correios eletrônicos. Quando o papa João Paulo II completou 83 anos em 18 de maio de 2003, recebeu 23 mil mensagens eletrônicas. O site da Santa Sé foi inaugurado no dia de Natal de 1995, com uma mensagem do pontífice e hoje mais de 50 mil internautas, de 150 países, consultam o site do Vaticano. Um link para os Arquivos Secretos da Santa Sé é o favorito.

ROTEIRO

Para chegar ao Vaticano há várias linhas de ônibus municipais, ou o metro, até a estação Ottaviani. Os mais românticos vão de “carrozella romana”, caleches para os turistas. Entre a Praça Espanha e o Vaticano o percurso é de uma hora. Claro que toda região em torno da praça Bernini vai estar lotada de lojinhas com retratos do Papa, postais, objetos religiosos, souvenirs, velas, jóias, quadros. Em praticamente todas são comprados os pergaminhos com a Benção do Santo Padre. São presentes que todos que seguem a religião gostam. Há bênçãos para a família, para a primeira comunhão, para casamento, para aniversário de bodas. As lojas se encarregam de enviar os pergaminhos para os respectivos destinos. 


A agência de Correios do Vaticano é o paraíso dos filatelistas. Lá se compram as séries dos pontificados, medalhas e selos para correspondência, sempre muito bonitos. E o Correio da Santa Sé funciona perfeitamente. Há uma rádio e uma televisão. As bancas de jornais vendem exemplares da imprensa italiana, o diário da Santa Sé, L´Observatore Romano e jornais mais importantes do mundo. 


Na hora da fome, melhor sair para outro ponto de Roma. Embora com várias opções de restaurantes, pizzarias, bares, os preços são sempre “para turistas”. Quem já está dentro dos Museus do Vaticano, pode utilizar o self service. Os que precisam de remédios, têm na porta de Sant´Anna a Farmácia Vaticana, com todos os remédios do mercado, incluindo aqueles que nem estão a venda no comércio italiano. Lá também se adquire colônias, sabonetes, pasta de dentes e cosméticos. 


Quem tem tempo deve visitar as escavações da Basílica, pouco conhecidas, que guardam um tesouro cultural, histórico e religioso, dos tempos dos mártires. Na necrópole romana, decorada com pinturas e mosaicos, a tradição diz que ali foi enterrado São Pedro. Para visitar as escavações é preciso permissão da “oficina scavi “, passando pelo Arco de las Campanas. Não há um dia fixo de visitas, que dependem do número de visitantes, um mínimo de 5 pessoas, um máximo de 15, sempre acompanhadas de um guia. A entrada é paga. 


Um lugar que poucos têm acesso é os jardins do Vaticano. São 22 hectares de muito verde, fontes, monumentos e árvores exóticas. Também é necessário permissão especial. Quem não tem tempo ou não consegue a permissão, pode chegar até os museus utilizando o ônibus que passa por uma zona dos jardins.Os bilhetes são comprados no lado esquerdo da praça, junto dos Correios , dos lavabos e do Pronto Socorro. Dentro da Basílica, junto ao altar da Catedral, as escadas levam até às tumbas dos Papas. Nas “grutas” está a urna que conserva os restos de São Pedro e os mausoléus de Pio XII, João XXII, Paulo VI e João Paulo I. Recomendável apenas para quem tem espírito forte de alpinista e saúde de ferro, a subida da cúpula. A vista pode ser magnífica, mas só se tem acesso a ela depois de sair do elevador e continuar subindo a pé, por uma escada em caracol muito estreita, e com mais de quinhentos degraus. Não é para qualquer um. 


Quem não pode ver o Papa nas audiências de quartas feiras, pode encontrá-lo nos domingos, quando chega até a janela de sua biblioteca para rezar o Ângelus e abençoar a todos os que se aglomeram na Praça de São Pedro.


Extraído do sítio Bem Paraná

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