12 de junho de 2012

CASAIS NA LITERATURA - Juliana Leuenroth e Rafael Kalebe

Dia dos namorados está chegando. Época de comprar presentes, aquela alegria toda. Poderíamos fazer uma seleção de boas dicas para presentear seu bem querer, mas, resolvemos fazer um pouco diferente. Vamos falar dos casais da literatura. Mas da vida real. Nada de mimimi Romeu e Julieta, mimimi Heathcliff e Catherine mimimi... Essas listas vocês encontram aos montes. Vamos falar de autores que são casais na vida real.

Essa lista não pretende ser definitiva, mesmo porque foi baseada na nossa memória. Então, fiquem a vontade para sugestões para que possamos complementá-la:

Simone de Beuvoir e Sartre

O casal representa a espírito de liberdade e esperança do pós-guerra. Ficaram juntos por mais de 50 anos, até a morte de Sartre. Num mundo onde o machismo ainda predominava, as ideias revolucionária de Simone conseguiram florescer e tiveram amplo apoio de Sartre, um dos filósofos mais importantes do século passado. Talvez o que melhor represente esse casal seja a cumplicidade e apoio ao trabalho do outro, sem vaidades. Além disso, a relação dos dois não era "convencional", mas de muito companheirismo e respeito, já que ambos tinham outros relacionamentos "paralelos" e isso nunca os impediu de continuarem juntos.

Jorge Amado e Zélia Gattai

Outro exemplo de casal duradouro e marcante. Casados por 56 anos, até a morte de Jorge, eles marcaram a literatura brasileira, com suas extensas obras. Quando se conheceram, em 1946, Zélia foi uma espécie de editora do trabalho de Jorge. Anos depois, em 1979, Zélia passou a escrever seus livros de memória, sempre com o apoio do marido que, na época, já tinha 26 (!) romances publicados, entre eles, grandes sucessos, como Tieta, Capitães de Areia, Gabriela e Dona Flor e seus dois maridos. Após a morte de Jorge, em 2001, Zélia Gattai assumiu sua cadeira na Academia Brasileira das Letras.

Paul Auster e Siri Hustvedt

É um casal que representa a literatura contemporânea norte-americana. Por mais que Paul Auster tenha uma obra mais extensa e reconhecida, Siri já tem 9 romances (sendo 4 deles traduzidos no país) e é notável a evolução de sua escrita, ainda que a forma de narrar seja muito mais pessoal que a de Paul Auster.

Jonathan Safran Foer e Nicole Krauss

Este casal, na nossa opinião, representa o futuro da literatura norte-americana (é meio pretensioso isso, mas eles são nossos favoritos). Casados desde 2004, ambos ainda possuem poucos livros publicados (ele com 4, ela com 3), porém todos aclamados pela crítica, pelo estilo e pelas formas inovadoras de narrar. Um exemplo disso é o livro de Nicole Krauss, Memória de nossas memórias, que utiliza diversos narradores e junta um mosaico de histórias. Outro, que espera tradução no Brasil, é o livro de Safran Foer Tree of codes, que usa recortes e sobreposições do livro Street of crocodiles, de Bruno Schulz.

Ian McEwan e Annalena McAfee

Teremos a oportunidade de conhecer melhor este casal na Flip este ano, pois enquanto Ian faz parte da programação principal, Annalena será apresentada na programação paralela da Cia das Letras. Isto porque a autora lançará seu 1º romance, Exclusiva, na Festa Literária. Ian McEwan é um autor bastante reconhecido e premiado e Annalena é jornalista e também já escreveu livros infantis.

Isabel Allende e William Gordon

Por falar em Flip... Há dois anos este casal foi visto dando bandolas pelas ruas tortuosas de Paraty. Casados desde 1989 e ele foi fundamental para que a autora se recuperasse da perda de sua filha de outro casamento, Paula. Isabel tem uma vasta obra e e adorada por multidões, com seus romances, muitas vezes históricos, que são bastante emocionais, entre eles, o mais famoso, Casa dos Espíritos. William Gordon tem 3 livros traduzidos pela Editora Record, entre eles Os anões, lançado na Flip 2010, quando Isabel foi um dos destaques da Festa.

Mary Shelley e Percy Shelley

Ele, poeta romântico do século XVIII, ela, romancista, poeta e ensaísta e dramaturga, mais conhecida pelo romance Frankenstein. Aliás, a história da criação da obra-prima de Mary é bem curiosa. Resumidamente foi assim: no verão de 1816, o casal alugou uma casa próxima ao lago de Genebra, e perto também do amigo Lord Byron. Como não parava de chover, os amigos entediados, resolveram escrever contos sobrenaturais. Mary escreveu, então, uma pequena história sobre o doutor Frankenstein, mas, com o incentivo de Percy, ela ampliou a narrativa e lançou o seu primeiro romance.

Robert Crumb e Aline Kominsky-Crumb

Vamos falar melhor deste casal, num "Tirando o pó" futuro, mas eles merecer ser mencionados nesta lista pela sua produção conjunta de quadrinhos undergrounds. Casados desde 1978, eles produzem a partir de 1980 a série colaborativa Aline & Bob's Dirty Laundry (que atualmente é publicada na revista Piauí), onde cada um se retrata. Algumas vezes, a série contou com a participação de Sophie Crumb, filha do casal, que iniciou sua carreira nos quadrinhos na adolescência.

Alan Moore e Melinda Gebbie

Por falar em quadrinhos, um casal que se conheceu quando passaram a trabalhar juntos. No início do anos 90, ambos começaram a trabalhar na graphic novel Lost Girls. Moore fazia o roteiro e Melinda ilustrava. A série foi finalizada em 2006 (neste meio tempo, eles criaram a heroína Cobweb) e, em 2077 eles se casaram.

Gertrude Stein e Alice B. Toklas

A história que mais conhecemos sobre Alice é que ela foi a grande companheira de Gertrude, e a secretária / editora / musa. Afinal, a obra de maior destaque da carreira de Gertrude foi A autobiografia de Alice B. Toklas. O casal também foi muito conhecido por, na década de 20, ser uma espécie de ponto de encontro de artistas e autores. É como se o casal fosse mecenas de uma geração. Porém, após a morte de Gertrude, em 1946, Alice escreveu 2 livros, um de receitas e outro a sua autobiografia. O que merece destaque neste casal é o seu companheirismo e o fato de mesmo não sendo reconhecidas como um casal perante a lei, elas quebraram tabus e são uma referência no mundo cultural.

CASAIS DANGEROUS (porque o amor às vezes não dá muito certo):

Scott Fitzgerald e Zelda Fitzgerald, com toda certeza, foi um dos grandes autores norte-americanos de todos os tempos, com o grande destaque na "Era do Jazz", em especial, com o romance O Grande Gatsby. Mas, ele poderia ser muito maior. E quem diz isso é ninguém mais, ninguém menos, que o ganhador do Nobel Ernest Hemingway, amigo do autor e companheiro na época que o casal esteve em Paris nos anos 20. Zelda tinha sérios problemas (que mais tarde foram diagnosticados como esquizofrenia), entre eles o álcool e sua personalidade autodestrutiva. Hemingway, em seu livro Paris é uma festa, dedica um capítulo especial ao casal, chamado "os falcões não compartilham sua presa", onde explica sua "teoria" sobre Zelda: "Zelda tinha ciúmes do trabalho de Scott e à medida que os conhecíamos melhor as crises se desenvolviam numa sequencia regular: Scott decidia deixar de lado as noitadas em que se embriagava, a fim de começar um programa de vida sadia e produtiva. Começava de fato a dedicar-se ao trabalho, mas Zelda imediatamente se declarava infeliz e paulificada, lastimando-se tanto que acabava por arrastá-lo a mais uma noite de dissipação. No dia seguinte brigariam como cão e gato; fariam as pazes depois; Scott (tendo eliminado o álcool em longas caminhadas comigo) novamente se dispunha a trabalhar de verdade. Daí a dias tudo ia por água abaixo e o ciclo recomeçava,exatamente igual ao anterior."

Sylvia Plath e Ted Hughes

Este casal está aqui mais pelo seu final trágico. Afinal não podemos afirmar nada... Os poetas casaram-se em 1955. A relação teve uma série de indas e vindas, muitas delas causadas pela infidelidade de Hughes. Muito se especula que a forte depressão de Sylvia foi desencadeada pelo seu casamento atribulado, fato que é reforçado pela destruição (por parte de Hughes) dos diários de Sylvia que retratavam os seus dois últimos anos, antes de cometer suicídio de uma forma muito agoniante.

Sophie Calle e Gregoire Bouillier

Este "casal" protagonizou o "momento bafão" da Flip 2009. Antes namorados, Gregoire resolveu terminar o relacionamento com a artista plástica por um e-mail, o que se tornou uma exposição com 111 mulheres interpretando o texto do autor canastrão (é só olhar as fotos dele), que terminava com a inócua frase "Cuide de você" (fica a dica pros caras desavisados). A mesa da Flip "Entre quatro paredes" juntou o ex-casal pela primeira vez e dizem que foi farpas para todos os lados, ainda que em francês e de uma forma elegante. A torcida é que esse momento esteja nos DVDs que a Festa Literária irá editar em comemoração aos seus 10 anos. Porque um bafão desses merece!

Extraído do sítio O Espanador

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