28 de janeiro de 2012

BRASIL É TEMA DE EVENTO CULTURAL NO FÓRUM DE DAVOS - Tom Belmonte

Simulação em computador do pavilhão brasileiro no Fórum de Davos. (cortesia)

Caleidoscópio de formas, sons, cores e aromas, mostrando a riqueza da pluralidade artística e cultural brasileira, é o que será apreciado neste sábado, 28, na Brazilian Soirée, a Noite Brasileira que acontece dentro da programação do Fórum Econômico Mundial (WEF), em Davos.

Sob coordenação da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), o evento também exalta o país como porto seguro para investimentos internacionais.

A escolha do Brasil, conforme a Apex, obedeceu critérios internos do WEF. Oboard da organização, liderado por Klaus Schwab, foi o colegiado responsável pela indicação verde-amarela. "Ser o escolhido é um prestígio disputado por vários países que vislumbram usar Davos como plataforma para atrair ou alavancar investimentos estrangeiros diretos", destaca Maurício Borges, presidente da Agência, ao observar que somente nos últimos seis anos a Índia foi escolhida por duas vezes, incluindo a edição passada. 

Ponte para negócios e oportunidades

Na condição de país-tema, o Brasil posiciona-se estrategicamente e inclui na agenda oficial do WEF tópicos de discussão de seu interesse, como sustentabilidade, redução de pobreza, energias renováveis e outros. "Também realizaremos seminário sobre petróleo e gás na sexta-feira, 27, paralelo às discussões do Fórum, mas parte integrante da agenda oficial", enfatiza Maurício Borges, presidente da Apex.

O gestor sinaliza para o público extremamente qualificado do evento, composto por Chefes de Estado, presidentes e CEOS de empresas transnacionais com faturamento anual mínimo de US$ 5 bilhões de dólares. "É a oportunidade de reforçarmos a imagem de um país criativo, inovador, eficiente e confiável, um país democrático com economia em franco crescimento e grandes oportunidades para empresas estrangeiras”, ressalta ele.

A consolidação da economia brasileira, explica Borges, é mensurado em informe do último dia 24, do Banco Central. "O Brasil atraiu um número recorde de investimentos estrangeiros, 66, 6 bilhões de dólares nesse momento de crise global", assinala.

A Noite Brasileira

A vibrante programação da Brazilian Soirée em Davos reunirá artistas do norte a sul do Brasil em três ambientes, que prometem maravilhar os participantes do jantar-festa. "A idéia baseia-se na alegria e diversidade de um país em crescimento", explica Eliana Azeredo, diretora da Capacitá, empresa licitada pela Apex e responsável pela direção do jantar-festa. Ela comenta que a estrutura do festejo começará a ser montada 72 horas antes do evento, mas alguns ajustes e detalhes serão finalizados somente no sábado, 28. 

Além de autoridades governamentais, a delegação brasileira será formada por representantes de mais de 40 das maiores empresas de diversos segmentos da economia, e mais de uma dezena de artistas e produtores. Segundo a Apex, o investimento para o conjunto de ações em Davos é de R$ 5 milhões, valor considerado inferior ao que normalmente é investido pelos países que são tema das reuniões anuais do WEF.

Conceito e atrações

Para organizar uma noite versátil e rica em atrações, os profissionais envolvidos não se deixaram prender por preconceitos ou ideias fáceis sobre o Brasil. É o caso do arquiteto e diretor de arte Vicente Saldanha. "Trabalhamos um imaginário brasileiro bem vasto, tomamos as texturas, as cores, os ritmos, os cheiros, nossa completa e magnífica produção artística e arquitetônica como referências-base para toda a concepção espacial", conta ele, nascido na gaúcha São Gabriel, mas com talento lapidado em Los Angeles.

Seguindo e homenageando nomes como Arthur Niemeyer, Burle Marx e Athos Bulcão, o verde, o azul e o amarelo - escolhidos por remeterem à bandeira brasileira - permearão o jantar-festa. Eliana e Vicente idealizaram três espaços distintos aos convidados: um lobby de acesso, um salão principal chamado de Plenary Room e uma inusitada piscina de quatro metros de profundidade, a Swimming Pool. Fechada, ela se transforma em um terceiro ambiente. 

Para humanizar essas áreas e deixá-las vivas e pulsantes, artistas brasileiros vestidos pelo estilista Ronaldo Fraga entrarão em cena. A cortina de gala, que fecha o palco, é um mosaico costurado com mais de 10 mil fuxicos, retalhos de panos dobrados e alinhavados em forma de flor, e executados por Organizações Não-Governamentais de Porto Alegre.

Musicalidade em diferentes tons

Maurício Borges, presidente da
Apex-Brasil. (Cortesia)
Uma experiência sensorial por meio da música brasileira é o que propõe o diretor gaúcho Rene Goya Filho, da produtora portoalegrense Estação Elétrica. "No lobby teremos artistas como Luciano Maia, Valdir Verona e Duda Guedes tocando instrumentos típicos do Brasil, como pandeiro, berimbau, sanfona e viola caipira", explica Rene, ao salientar que na área da Plenary Room performance do Corpo Brasileiro de Dança, com coreografia de Celênia Abranches, interpretará "Trem para Davos" e "Batuca Davos", composições inéditas dos também gaúchos Marcelo Delacroix e Yanto Laitano.

Junto, a Bossa Nova, a música elegante e tipo exportação do Brasil, mas com uma leitura moderna do grupo Bossa Cuca Nova. Os sincretismos, movimento e diversidade serão mostrados ainda no ambiente Swimming Pool, onde dançarinos e capoeiristas da Gafieira do Silvério estarão convidando os presentes aos sons regionais brasileiros de mestres como Chico Buarque, Ernesto Nazareth, Pixinguinha e Hermeto Pascoal num passeio por samba, forró, baião, maxixe e pagode, passando à lúdica festa junina e chegando ao vaneirão.

Tudo isso, aliado a uma apresentação ao vivo de Maíra Freitas, pianista clássica e popular e filha de um dos gênios do samba brasileiro, o carioca Martinho da Vila. "É uma experiência de curadoria musical que me orgulha e que vai sensibilizar a todos", define Rene.

Jardins comestíveis

E para abrilhantar ainda mais os aromas e gostos da Brazilian Soirée, no comando do jantar estará outra gaúcha, a chef Neka Menna Barreto. De um jeito singular, Neka, que teve entre suas mestras a suíça Judith Balman, concebeu criativos "jardins tropicais comestíveis" repletos de quitutes brasileiros.

"Esse caleidoscópio todo constitui um dos maiores desafios da Capacitá até hoje", exprime Eliana Azeredo. Tanto que rendeu um livro com o detalhamento do projeto, especificado em inglês e com cenário executado por uma empresa francesa. Ou seja, uma construção conjunta adequada ao mundo global desta sétima edição do Fórum Econômico de Davos.


Extraído do sítio Swissinfo

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