17 de novembro de 2011

30ª FEIRA DO LIVRO DE BRASÍLIA


O tema da 30° Feira do Livro de Brasília, aberta no fim de semana, é a sustentabilidade. Montada nos últimos anos na área externa de um dos principais shoppings da capital federal, a segunda mais antiga feira do país (só perde para a Feira do Livro de Porto Alegre, que está na 57ª edição), este ano mudou de lugar e ficou maior. Os expositores contam, agora, com os 6,6 mil metros quadrados (m²) do Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, também no Plano Piloto.

“Sustentabilidade é a palavra de ordem, estamos descobrindo que o planeta não suporta tanta exploração, que há a perspectiva de faltar água, papel... Então, vivemos em um mundo em que se consome mais do que se possa consumir e a Feira do Livro, ao tratar desse tema, chama a tenção para o assunto”, disse à Agência Brasil a jornalista e escritora Dad Squarisi, patrona da feira.

A feira, este ano, conta com uma programação bastante variada, que soma mais de 120 horas de atrações, entre oficinas, palestras, conversas com escritores e sessões de contação de histórias para as crianças. A novidade, este ano, é a oficina da maturidade, para entreter o público com mais de 50 anos de idade.

Além de autores nacionais, como Marina Colasanti, uma das vencedoras do Prêmio Jabuti de literatura deste ano, escritores estrangeiros também farão parte do evento, como Boniface Ofogo, da República de Camarões; Yoram Meltzer (Israel); Kngni Alem e Phillipe Davaine (França); Álamo Oliveira e Cristina Taquelim (Portugal); Joe Hayes (EUA); e Wellington Cucurto e Cristian de Nápoli (Argentina).

A curadora da Feira do Livro, Iris Borges, falou sobre a importância de um evento como esse para o público da capital do país. “Voltei este ano com a intenção de retomar o conceito da feira com uma programação cultural muito rica, com toda acessibilidade, e espero que as pessoas tenham vontade de vir para cá, compartilhar esse mundo que é encantado, essa é a ideia”.

A entrada na feira é gratuita e, além de oficinas e debates, estão previstas apresentações musicais com artistas locais e nacionais. A programação completa pode ser conferida na página da Feira do Livro de Brasília na internet: Clique aqui

Extraído do sítio Direto da Redação - Artigo de Luiz Antonio Mello
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Organizado em espaço generoso, Feira do Livro é criticada por visitantes - Felipe Moraes (Correio Braziliense)

Circular nos largos corredores da 30ª Feira do Livro de Brasília, pelo segundo ano consecutivo instalada no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, representa uma caminhada de algumas centenas de metros — se estiver chovendo, há de se ter algum cuidado com possíveis goteiras. Enquanto caminha, o passante vê nos estandes livros, alguns coloridos o bastante para atrair as crianças, outros que estampam na capa novidades aguardadas (ou desconhecidas) pelos adultos. E também, em meio a exposições e bancas de assinatura de revista, bijuterias, adesivos, brinquedos, bichinhos de pelúcia, doces e itens de artesanato. A visão assustou o servidor público Rodrigo Delgado, que, na tarde fria da última segunda, visitava o evento com a esposa, Camila. “Achei estranha a presença de boxes de comida e artesanato aqui. É feira de livro ou artesanato?”, disse o leitor, de 30 anos.

Estudante de direito e igualmente acostumada ao ambiente da feira, Camila estranhou a edição atual por outros motivos. “Na programação, vi poucas atrações. E poucos escritores de Brasília”, indicou. “A gente não sente o convite para participar das conversas, das palestras. Não há chamamento. O apelo me parece comercial: de comprar e ir embora. A proposta cultural devia ser mais enfática”, diz a visitante, de 24 anos. Já que os preços, reproduções dos valores das livrarias, não convencem, e a participação dos sebos é tímida, Rodrigo defende que a feira assuma um modelo mais ambicioso. “De repente, funcionaria melhor se trouxessem dois, três nomes nacionais da literatura”, sugere.

Basta ser regional?

Mesmo para quem se diz satisfeito com o estado da feira, especialmente no que diz respeito aos largos espaços dedicados às crianças e à generosidade do grande estacionamento, fica a sensação de que ela agrega um potencial ainda não liberado. O gestor ambiental Renato Boareto, paulista que há oito anos vive em Brasília, passava os dedos numa prateleira enquanto a esposa, Renata, e a filha, Helena, ocupavam-se de atividades do outro lado da livraria. Para ele, a festa carece de projeção fora do Centro-Oeste. 

“A feira é muito do DF e não tem tanta divulgação nacional. Considerando os eventos esportivos que teremos nos próximos anos, podia ter vocação nacional”, acredita. Por outro lado, a variedade dos estandes é digna de elogios. “Acho bom associar gastronomia e artesanato à literatura. Acaba virando uma feira cultural, com o livro sendo âncora disso tudo. Desse jeito, ela tem a cara de Brasília”, observa.
Ana Paula Vilela, 42 anos, deixou os dois filhos, os gêmeos Enzo e Diogo, 10, em oficinas infantis — a de raciocínio lógico foi particularmente útil. Sozinha, folheava livros que poderiam interessar aos filhos. Ela não tem dúvidas: durante a realização do evento, o pavilhão é lugar das crianças. “A feira é bacana para estimular jovens leitores e iniciar as crianças na leitura”, diz ela.
Ela sente falta de uma melhor organização das lojas, com uma divisão por gênero, por exemplo, e não faz ressalvas quanto à proximidade dos livros de outros artigos. “Talvez poderiam separar os corredores por temas ou gêneros, com plaquinhas indicando. Para quem já conhece as editoras e livrarias, do jeito que está é mais fácil. Para quem não sabe, não”, recomenda. “Acho que a presença do artesanato ajuda na propagação da cultura local”, continua. É assim, com elogios moderados, que a Feira do Livro segue tímida, mesmo após 30 anos de existência: a longevidade parece sinônimo de conformidade e resignação.

Extraído do sítio do jornal Correio Braziliense, de 16/11/2011

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